Capítulo 2

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                            Colorado, EUA.

  
     Madeleine fitava o pôr do sol sentada em cima de uma rocha. Seu lugar preferido para pensar. O vento forte balançava seus cabelos cacheados fazendo-os cair em seu rosto. Seu coração se apertou ao pensar que seus dias no Colorado estavam contados, infelizmente teria que ir embora dali e aceitar a proposta do Senhor Clinford e ir trabalhar em Nova York em sua casa como babá. Ela nunca tinha saído daquele inóspito lugar e agora teria que ir para a cidade grande trabalhar. Era o único jeito! O que mais podia fazer se a sua família precisava de dinheiro para pelo menos comer? Vivia ela, a sua mãe e mais dois irmãos em uma pequena casa, nem podia chamar aquele lugar de casa pois estava caindo aos pedaços a cada dia. Sua mãe Rachel tinha sido demitida do trabalho, era cozinheira em uma fazenda. Era Madeleine que cuidava dos irmãos, fazia a comida, quando tinha é claro. Mas agora não teria mais jeito, iria para Nova York trabalhar. O senhor Clinford havia deixado as passagens de avião no dia anterior e dinheiro para que podesse comprar roupas para viajar. Sua mãe tentou ficar feliz, mas sabia que não estava, ela havia chorado naquela noite sozinha no quarto. Ela não tinha ido com a cara do senhor Clinford, sempre dava olhadas intensas para ela deixando-a desconfortável, mas não iria falar nada para sua mãe, ela já tinha tantas preocupações e não seria justo perder essa oportunidade e ajudar a sua família.
         Mas ela tinha medo, muito medo. Não sabia como era a vida em uma cidade e Nova York era o centro de tantas coisas, ruas sempre lotadas de gente, bom era muito diferente do interior, do seu interior. E se desse errado? Ela não saberia como voltar para casa e morreria de fome abandonada na rua. Com um suspiro profundo observou o sol sumir por trás das grandes montanhas, logo seria noite então teria que voltar para casa. Logo deixaria o Colorado e seguiria para Nova York. Só pedia a Deus que tudo desse certo. Tinha que dar!
       Quando retornou para casa, sua mãe fazia o jantar. - Por onde estava? Perguntou assim que a viu. - Fui dar uma volta. Diz pegando um copo e colocando um pouco de água bebendo em seguida. - Filha você não precisa ir se não quiser. Diz com carinho. Não, ela precisava, sua mãe já tinha feito tanto por ela, por eles todos. - É o melhor a se fazer. Diz com determinação. - Se não gostar você pode voltar tá certo. Diz e volta para o preparo da comida. Seus irmãos, Derek de oito anos e Matthew de seis anos estavam na sala fazendo os exercícios do colégio. - Madeleine nos ajude por favor. Mat pediu. - Está bem. Diz e se senta no chão de cimento batido ao lado dos dois. Ela sentiria saudades de tudo isso, de ficar com seus irmãos e com sua mãe, eles não tinham quase nada mas eram felizes porque tinham um ao outro. Estava fazendo isso por eles, só por eles.
        A semana passou rápido e Madeleine já estava com tudo arrumado para viajar. Se despediu de sua mãe e dos seus irmãos que choraram muito. Falou para eles que ia e logo voltava, sua mãe ainda disse que ela não precisava disso e que arrumaria um jeito. O único jeito que tinha era ir para Nova York e encara o seu novo trabalho.
        No avião olhou para baixo e fechou os olhos cheios de lágrimas. Quando se despediu de sua família tinha sido forte o bastante para não chorar na frente deles, mas agora as lágrimas vinham como enxurrada banhando-lhe o rosto. O Colorado agora era só um pontinho lá embaixo, a sua vida iria mudar, mas pressentia que não era algo bom. A viagem seria bem longa e cansativa e ela acabou adormecendo durante o vôo.
        Ao descer do avião esperou pela sua mala que depois de um tempo chegou. O senhor Clinford tinha dado o seu endereço e disse que ela teria que pegar o táxi e lhe dizer o destino. E foi isso que fez, pegou o táxi e falou para onde iria. Olhava assustada para os prédios e as ruas cheias de gente apressada. Já era noite em Nova York e tudo era tão colorido e cheio de luz, havia outdoors com propagandas espalhadas por todos os lados. Tudo tão diferente do Colorado!
        O táxi parou em frente a uma grande mansão lindíssima. Madeleine saiu e pagou a corrida e parou  frente a porta e tocou a campanhia após tomar coragem.
       A porta foi aberta e o senhor Clinford apareceu. - Que bom que chegou. Diz sorrindo de um modo estranho e a fez entrar dentro da casa.
     Madeleine engoliu em seco ao vê tanto luxo ao seu redor. O senhor Clinford era muito rico, ela nunca tinha estado em uma casa assim. - Seja bem vinda pequena Madeleine. Diz com a voz baixa. Ela voltou a olhar para o homem em sua frente, ele tinha os cabelos meios brancos, mas não aparentava ser muito velho. Ele sorriu e tocou em seu braço. - Fique à vontade. - Onde está o seu filho? Pergunta meio tensa. - Já querendo trabalhar? Pergunta rindo alto. Madeleine engoliu em seco ao ouvir a sua risada. - Então vamos ao seu trabalho. Diz se aproximando com o olhar predador em seu corpo. Ela havia vestido uma camisa de mangas longas na cor verde lodo e uma calça jeans com a lavagem clara, e am all stars nos pés a sua mala estava no chão ao seu lado. - Sempre te achei tão linda. Diz mordendo os lábios com a expressão lasciva. - Agora te tenho aqui comigo, como sempre quis. Fala e toca seu rosto com os dedos. Madeleine afastou a mão dele com um pequeno tapa em sua mão, seu coração parecia que ia sair pela boca. - É bravinha? Pergunta e segura seu rosto com ambas as mãos com um pouco de força. - Me solta. Diz nervosa. Só podia ser um pesadelo. Sentiu as lágrimas querendo vim outra vez. Clinford passou o polegar em seus lábios e sorriu. - Que boca linda, quero mordê-la. Diz e aproxima o rosto forçando ela a ficar quieta. - Por favor sai. Ela diz em um sussurro tentando virar seu rosto. - Agora você é minha. Fala sussurrando em seu ouvido. - Não! Grita e ele aperta o seu corpo ao dele. - Eu sei que você quer sua vadia! Grita e beija o seu pescoço dando mordidas. Madeleine enfiou as unhas em seu braço. - Me solta sua vadia. Ele dá um tapa em seu rosto fazendo-a cair ao chão.
        Madeleine passou a língua pelo lábios e sentiu o gosto de sangue, ela estava machucada, mas não podia fazer nada, ele havia se abaixado ficando em cima dela. - Você e gostosa pra caralho! Fala com raiva e rasga a sua blusa com as mãos. Ele começou a beijar seu pescoço novamente subindo até o seu queixo.
       Madeleine viu um vaso com flores na mesinha ao seu lado e nem pensou duas vezes em acertá-lo na cabeça. Assim que o vaso se chocou na cabeça dele quebrou-se e Clinford caiu desmaiado ao cão. Tremendo ela se levantou rapidamente e correu para porta abrindo-a em seguida. Lá fora correu desesperadamente pelas ruas, tinha esquecido a sua mala com as suas coisas, mas isso não importava, o que importava era correr dali. As lágrimas desciam sem parar enquanto corria rápido, a sua blusa estava rasgada mostrando o seu sutiã preto rendado. Depois de correr quilômetros ela avistou uma praça bem bonita, cheia de árvores frondosas. Se aproximou de um banco e se deitou sobre ele, ainda chorando muito. O que seria dela de agora por diante? Não tinha mas emprego nem nada. E nem dinheiro. Não poderia voltar para o Colorado, então viveria abandonada pelas ruas de Nova York. Que destino cruel o dela, e pensando que vivia em condições horríveis no Colorado, mal sabia que o pior estava por vim. Que droga de vida era a sua! A sua mãe ainda queria impedi ela de vim para esse lugar, se estivesse escutado não estaria jogada em um banco de praça feito uma sem teto. Estava sendo uma noite fria e a blusa de tecido fino não ajudava a esquentar e pior que aquele desgraçado havia rasgado. Quase que aquele monstro havia colocado as mãos nela, logo ela que nunca tinha tido nada com nenhum homem em sua vida. Graças à Deus que conseguiu fugir, estava machucada por fora e por dentro mas estava viva, na rua, porém viva. As pessoas passavam por ela e nem ao menos a olhava, ignorando o seu choro. Devia ser normal para elas, vê gente na mesma situação que ela. Ela estava em um beco sem saída, sem luz no fim do túnel, enfim ela só tinha ela mesma.
                  

                   

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