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Taehyung

- Nós vamos convidar os Park para jantar - Minha mãe falou sentando-se para tomar o café da manhã.

- Oi!? - Meu pai perguntou tão surpreso quanto eu.

- Não sei não mãe - Falei nervoso só de cogitar essa idéia.

- Eu acho a idéia maravilhosa - Vovó sorriu.

- Hyun, qual o objetivo disso? - Papai indagou pasmo.

- Park Yangmi é uma ótima pessoa - Omma respondeu simplória.

- Hobi é muito legal e um dos meus melhores amigos - Complementou Jin.

- Eu odeio os legais - Dong resmungou.

- É uma coisa que já deveríamos ter feito - Mamãe continuou, ignorando a carranca na expressão de meu pai.

- Mas não fizemos, e agora não podemos, não faz mais sentido, passou da hora - Respondeu tentando convencê-la.

- Nós vamos chamar a família Park para jantar - Foi firme em sua resposta, não deixando se abalar.

- Se é por causa do que eu disse ontem, peço desculpas, mas chama-los para jantar não vai curar o pai dele - Tentei ignorar as ofensas nas palavras do mais velho.

- Vai ser um jantar formal à mesa e quero que todos se vistam de acordo - Permaneceu convicta.

- Você não acha melhor só um churrasco? - Insistiu.

- Vai ser um jantar formal à mesa! - Mamãe era inabalável e invencível.

Dong finalmente se deu por vencido suspirando pesadamente.

- Prefiro a morte - Respondeu levantando-se da mesa.

- Cuidado com o que deseja - Vovó respondeu.

Então era isso, um jantar formal sentado à mesa com Park Jimin estava no meu futuro imediato. E isso tornou os encontros com ele no colégio mais desconfortáveis.

Eu me peguei olhando para ele na aula de ciências, o jeito como o cabelo dele repousava sobre seu rosto naturalmente rosado enquanto analisava concentrado os tubos de ensaio. Ele estava como a foto do jornal.

Sua amiga Irene me viu olhando para ele, se eu não fizesse algo iria dar problema.

- Tinha uma abelha no cabelo dele - Sorri de nervoso mexendo em meu lápis - Olha, tá ali - Apontei para o nada fazendo ela me olhar confusa como se eu fosse doido.

- Não tô vendo abelha.

- Voou pela janela - Menti fazendo-a olhar para o lugar indicado.

Me convenci de que havia disfarçado. Mas eu tinha que tirar Park Jimin da cabeça e me concentrar em coisas mais importantes, como o dever de casa.

Minha fraqueza era irritante.

Peguei novamente o jornal na gaveta do armário, voltando a lê-lo.

"Garoto local toma posição"

- Me empresta sua bola de basquete? - Escondi rapidamente o jornal assim que Jin entrou no cômodo.

- Não sabe bater na porta? - Bradei.

- O que foi? Tá lendo putaria é? - Riu me lançando um olhar desconfiado.

- Não é da sua conta - Ri lhe lançando a bola.

- Cuidado pro pau não cair com tanta punheta.

- Cai fora! - Falei alto o que fez ele sair gargalhando.

Outro desastre evitado. Minha vida era um campo minado.

- Iai Tae - Yoongi me cumprimentou sentando ao meu lado na sala de aula.

- O-oi - Respondi escondendo o jornal que ainda estava comigo.

- Que isso? - Puxou o jornal de dentro da minha mochila e olhou boqueaberto ao ver a primeira página.

- Não é o que você pensa - Parei por um instante tentando me convencer daquilo - Tá, é o que você pensa, mas eu posso explicar - Tentei achar palavras - Tá, eu não posso explicar. Podemos falar sobre isso depois? - Puxei o jornal de suas mãos guardando de volta na mochila e fingi prestar atenção na aula.

- Como você quiser - Respondeu ainda confuso.

Eu tinha que falar com alguém, porque não com ele? Quem sabe ele pudesse me ajudar a superar, Yoongi é muito sensível em assuntos do coração.

- Tá ficando maluco? - Interrogou, depois que eu lhe contei tudo na biblioteca - Park Jimin? Odeia ele.

- É estranho, mas acho que não, eu não consigo parar de pensar nele - Não queria admitir, mas era verdade.

- Você tá mal Tae - Me olhou com pena.

- O que eu faço? - Perguntei desesperado.

- Tem que cortar pela raiz, pense bem, não são emoções.

- Não são? - Franzi o cenho. Nesse momento eu estava mais perdido do que cego em tiroteio.

- Está se sentindo culpado pelo lance dos ovos - Explicou.

- É, e eu critiquei o quintal dele - Respondi indignado.

- O lugar é uma bagunça mesmo.

- Mas a culpa não é dele, o avô dele tem esquizofrenia e seu pai gasta toda a grana em remédios e hospedagem na clínica.

- É esquizofrênico? - Assenti - Poxa vida, isso não te diz nada?

- Sobre o que?

- Sobre Jimin.

- Do que tá falando?

- Quem sai aos seus não degenera, meu amigo - Riu da própria piadinha sem graça - Deve ser de família, maldita herança hereditária.

Eu queria gritar com ele, dizer que ele não conhecia Jimin como eu, mas o que saiu foi:

- Ah.. é - Forcei uma risada - A gente se fala depois.

Eu tinha dito aos meus pais que iria na casa de Yoongi depois da aula, mas eu não queria ficar perto dele, ele passou dos limites, e nesse mesmo limite estava o meu pai. Não ligava para o que eles pensavam.

Eu gostava de Park Jimin.

Flipped | vminOnde histórias criam vida. Descubra agora