Capítulo XIII - pt. II

18 1 0
                                    

Margarett se recusou a falar onde Victor estava. Ela ficou calada.

O juiz, então, mandou que ela fosse levada para uma sala isolada. O tribunal entraria em recesso de 30 minutos para que o júri chegasse a um acordo sobre a situação da acusada.

Depois que ela já estava longe do plenário, Alfie disse a todos:

- Eu sei onde Victor está! - novamente os "oh's" ecoaram pela sala - Não percebem? A facilidade com que se livraram do corpo de Cooper, o lugar em que jogaram o cadáver, a dificuldade em encontrar meu amigo: tudo só diz respeito a um lugar. Cooper foi encontrado no Rio Clegg, e onde nasce o rio?

A resposta de todos foi dada mentalmente, mas Alfie notou que eles entenderam o que ele queria dizer.

- E ainda mais! Algum tempo atrás Cooper disse que conhecia desde criança um lugar como ninguém: o bosque Trollope! Victor está em algum lugar na parte densa do bosque!!!

O Delegado Dylan, não duvidando das palavras do garoto, mandou que alguns de seus homens que estavam no tribunal fossem buscar mais pessoas na delegacia, a fim de encontrar o rapaz sequestrado. Marlow foi um dos chamados, mas disse que precisava ficar.

Passados os 30 minutos de recesso, o júri declarou sua opinião sobre a senhora, posta novamente no "banco dos réus".

- Culpada - pronunciou secamente um dos membros do júri, a mando de todos.

O juiz, então, declarou sua sentença:

- Declaro a senhora Margarett Suzanne Cooper, ré neste tribunal, culpada dos crimes acusados, e sentencio-a à pena de reclusão em regime fechado, durante os próximos 70 anos, por homicídio doloso, sequestro e formação de quadrilha. Peço ainda parecer médico sobre a saúde psicológica da culpada, que tem fortes traços de psicopatia. Este tribunal está encerrado! - bateu o martelo e se levantou para ir embora.

A ré seria levada agora para o camburão da polícia, onde seria levada até a penitenciária.

Alfie estava sentado muito próximo de Margarett. Logo que o juiz deu a sentença, Marlow se prontificou a algemar a culpada. Mas, quando a senhora cruzou as mãos para que fossem colocadas as algemas, o garoto viu algo que nunca tinha visto antes: por conta do trabalho de limpeza, a mulher estava sempre de luvas e era impossível ver que em sua mão esquerda existia uma pequena mancha em forma de triângulo. Mancha idêntica a de... Marlow!

O policial e a mulher estavam com tanta pressa que quase derrubaram as pessoas que ficaram no caminho até a porta. Ele levou Margarett até o camburão sozinho.

Mais uma vez então, o rapaz entendeu o jogo da senhora da limpeza: ela só contou tudo porque tinha um álibi; estava sendo levada às pressas ao camburão; tinha uma mancha no mesmo lugar que o policial. Só poderia ser uma coisa...

- Eles estão fugindo!!! - Alfie gritou, mas já era tarde: os dois subiram no camburão e o homem afundou o pé no acelerador do carro. Cantando os pneus, a viatura fugitiva saiu, deixando os outros para trás.

- Porcaria! Vamos, peguem os carros, não podemos perdê-los de vista!!! - ordenou o delegado aos seus homens que estavam no tribunal.

No calor da emoção, Alfie entrou no mesmo carro que o delegado. O chefe da delegacia não tinha tempo para se opor a isso: precisava pegar os fugitivos.

Quatro viaturas, contando a que o menino estava, perseguiam o camburão que levava a assassina e o policial. Para uma cidade pacata como aquela, uma perseguição de cinema, com direito a derrapagens e cantadas de pneus, era um caso incrível. Muitos curiosos saíam de suas casas para ver o espetáculo passar pelas ruas.

Onde você está, Victor?Onde histórias criam vida. Descubra agora