Já devia ser tarde, eu não sabia o quanto, mas ouvia barulhos no corredor, ainda eram fracos então poucas pessoas estavam voltando, esperava que Hunk não estivesse entre elas, já que estou nesse estado , onde é difícil, quase impossível, de se mover, eu realmente não quero ter de dar explicações.
Meu peito ainda doía, mas agora eu já tinha um pouco mais de consciência das minhas ações e do que estava acontecendo, sentia o suor escorrendo pelo meu corpo, minha cabeça estava latejando e minhas pernas pareciam não ter força, eu não desmaiei, agora que estou pensando direito, agradeço por isso, assim não preocuparia ninguém.Quando finalmente retomei a força e consegui me por de pé, fui andando até uma porta do quarto, que julguei ser o banheiro, e acertei, voltei ao quarto e peguei minha toalha, decidi tirar todo aquele suor incômodo do meu corpo e tentar dormir um pouco.
Me senti um pouco melhor ao sair do banho, a toalha azul marinho com meu nome bordado em branco pela minha mãe estava pendurada em minha cintura, meu cabelo fazia leves ondas por ter sido lavado, mas era questão de tempo até ele voltar a ficar liso, as gotas de água gelada escorrendo pela minha pele certamente eram muito melhores do que o suor quente que havia estado ali momentos antes, eu já não me sentia tão sufocado, apesar de não poder sentir a brisa refrescante das noites de inverno em Cuba.
Coloquei uma blusa larga que eu usava como pijama e um short preto, que mais parecia uma cueca, mas quem liga? É confortável.
Assim que termino de me vestir, vou até a minha mochila, pegando os cremes para rosto e corpo caseiros da minha mãe, passando eles, me sentindo um pouco mais perto de casa.Me deito na cama, olhando para o teto, as luzes estavam apagadas, isso me relaxava, não haviam janelas no quarto, o que o fazia parecer um pouco mais sufocante, eu sabia que não dormiria tão cedo, mas não havia mal algum em tentar.
Depois do que pareceram horas, eu pude ouvir a porta do quarto abrir, devia ser Hunk, fingi que estava dormindo e senti ele ajeitar meus cobertores, ele parece um cara legal. Ouvi a porta do banheiro se fechar e abri os olhos, vendo ele me encarar com um sorriso vitorioso nos lábios, droga, me entreguei.
- "Sabia que não estava dormindo"
- "Você me pegou"Forço um sorriso, ele pareceu não notar e se sentou ao meu lado, por favor não peça explicações.
- "Por que saiu da festa?"
Droga.
- "Bom, na Garrison só tem homens e eu já peguei a maioria das meninas do meu curso, não estava interessado."
E claro, eu tinha que manter a imagem de "hétero top", como eu odeio isso.
- "Hm, não sabia que era tão galanteador assim, mas acho que entendi, vou tomar um banho"
- "Tá."Disse simplesmente, me deitando de novo e me enrolando nas cobertas, cantarolando baixinho uma das minhas músicas preferidas.
- "I'm going back to the start"
- "Você tem uma boa voz"Vejo Hunk falar, não havia percebido que ele havia terminado seu banho.
- "Obrigado, meu pai me ensinou a cantar"
- "Seu pai parece um sujeito legal"
- "Ele é"
- "Lance, podemos não nos conhecer a muito tempo, mas você não parece tão bem quanto tenta mostrar"
- "Acho que só estou tendo um dia difícil"Menti, ele não precisava se encher dos meus problemas.
- "Acontece cara, o que aconteceu de tão ruim?"
- "Nada demais, tirando o Kogane... ele gritou comigo... algumas coisas bem ruins na verdade... e... eu devo parecer uma criança agora"
- "Tá tudo bem cara, eu também não gosto quando gritam comigo, mas olha, você devia se resolver com o Keith, ele é meio temperamental, mas o instrutor Shirogane diz que ele é legal"
- "Acha que eu deveria tentar me entender com ele"
- "Eu acho, agora vamos dormir, eu tô um caco e você também"Foi o última frase da noite, assim que deitou a cabeça no travesseiro Hunk pegou no sono, coitado, devia mesmo estar cansado, também pudera, deve ter ficado até o último momento da cerimônia.
Quase que por um milagre, senti o sono chegar, acho que falar com Hunk me acalmou, engraçado, normalmente só minha mãe consegue essa proeza com tamanha facilidade.Eu estava no meio do oceano, sentado na minha prancha, o mar parecia calmo, não haviam ondas naquele dia, me virei com o intuito de voltar à praia, mas não a vi, olhei para todos os lados, não havia para onde voltar, não havia ninguém para pedir ajuda, eu estava sozinho, sozinho em meio a imensidão oceânica.
Que ironia cruel, o mar, que sempre fora meu companheiro, meu melhor amigo, e o único que sabe de todas as minhas angústias e que sempre me ajudou a superar ou pelo menos esquecer os problemas que me aflingiam, agora esse mesmo mar era meu desespero, meu medo, minha agonia.
Acordo, tossindo um pouco, eu estava sem ar, os cremes agora estavam pegajosos na minha pele, eu novamente suava, o ambiente parecia ainda mais abafado do que era, então decidi, eu precisava sair, respirar um pouco.
Vou andando descalço pelos corredores, tudo estava escuro, eu tentava fazer silêncio, não queria ser pego.
Andei por incontáveis minutos por aqueles corredores até finalmente conseguir sair, era um grande deserto, mas estava tudo bem, a última coisa que eu queria era ver água.Andando pela areia morna pude me lembrar da praia, o meu pesadelo ainda estava impregnado em minhas memórias mesmo que eu não quisesse saber de água no momento, estar na areia me acalmava.
Me sentei em uma pedra, percebendo que já tinha andando bastante, ainda era possível ver a grande Galaxy Garrison, mas agora ela parecia bem menor.
Fiquei pensando no meu sonho... ou melhor, pesadelo, será mesmo que era assim, eu não tinha salvação? Não tinha ninguém?Não tinha pra onde ir?
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Blue Boy
FanfictionO garoto azul. O garoto azul cheirava a lágrimas. O garoto azul fracassava. O garoto azul poderia tentar mais. O garoto azul deveria ser como o garoto vermelho. Pois o garoto vermelho, O garoto vermelho cheirava a rosas vermelhas. O garoto vermelho...