O Trajado

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A sala era grande e escura. O fogo da lareira ardia o ambiente inteiro. Duas cadeiras voltadas, e uma mesa em seu centro. Esse conjunto, a dois metros da lareira. O psicólogo de costas para a lareira, o fogo ardia em suas costas, e sua face estava perdida na escuridão. A mim, o contrário, o fogo queimava em meus olhos, minha face exposta, e minhas costas perdidas na escuridão e silêncio.

As vibrações de minha garganta se perpetuavam pela sala inteira. A essas, o psicólogo só ouvia, com uma garrafa aberta em suas mãos, a qual armazenava tais vibrações.

Acabada a sessão, o da face obscurecida levanta-se. Em pé, eleva seu braço, e com tremenda ira, joga a garrafa ao chão. Da garrafa agora estilhaçada, sai um traje dos mais negros, o qual o psicólogo logo veste. Da garrafa, também sai uma chama e um vento. A chama, entra nos olhos do homem, revelando e intensificando sua aterrorizante face. O vento, apaga as ardentes chamas da lareira, e simultaneamente, apagou o brilho de minha face, a qual se perdeu na vasta escuridão e silêncio. Na sala, só enxergava-se o agora trajado, já que seus olhos queimavam como o fogo do inferno. Com um sorriso de orelha a orelha, desembainhou a espada, e decepou minha cabeça.

Agora o maldito anda pelas ruas, expondo a todos seu belíssimo traje, passando-se por alfaiate do mesmo. De mim, só restou o espírito, que vaga livre e sem medo, já que tinha a certeza de que isso, nenhum homem seria capaz de matar ou trajar.

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