Capítulo 13 - Nova Era

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Após voltarem de viagem, Randolfo e Luccino foram recebidos com uma ótima notícia: Ernesto tinha conseguido conquistar Ema e eles iriam juntos para a grande festa que teria na casa da família dela. Os rapazes comemoraram ("Eu disse que na vigésima vez ela aceitaria", riu Luccino) e Ernesto convidou os amigos para irem com ele. Festas não eram muito comuns no Vale do Café, então toda oportunidade era bem-vinda.

Luccino ainda não tinha tido a oportunidade de conversar a sós com Otávio após o beijo deles, mas ele achava que estava tudo bem entre eles, pois o major estava menos briguento com o batalhão e até deixou alguns soldados visitarem suas famílias durante a semana. Ele não queria acreditar que aquilo era tudo graças a ele, mas sim que Otávio sempre fora um pessoa gentil, apenas precisava de algum estímulo para demonstrar.

Lídia apareceu no meio do dia para falar com Randolfo sobre o bolo do casamento, que sinceramente não se importava com isso, mas se arrependeu de falar isso, pois Lídia brigou com ele em frente dos seus colegas de quartel. Após isso, ela foi até o major, que estava verificando a entrega de materiais.

-Olá, major. – disse Lídia, com um sorriso estranho no rosto.

-Olá, senhorita Lídia... – Otávio olhou-a com receio. – Aconteceu algo? Está me olhando de um jeito estranho.

Ela esperou o entregador sair de perto deles para ela se inclinar para Otávio e dizer:

-Randolfo me falou que encontrou você e Luccino a portas fechadas em seu quarto. – e então Otávio notou que Lídia lhe olhava com malícia. – Então finalmente tiveram alguma ação, hein?

Otávio continuou com o olhar confuso para Lídia, mas por dentro já planejava arrumar suas malas e fugir de madrugada do Vale.

-O que está insinuando? – perguntou Otávio, cruzando os braços, mantendo uma expressão de total desentendimento.

-Não se faça de rogado, Major Otávio. – disse bem séria Lídia.

A moça pegou no braço do major e lhe puxou para mais longe do batalhão. Otávio estava tentando com todas suas forças continuar sua atuação, pois ele estava sendo desmascarado. Ele já se via sendo preso ou sendo colocado em uma clínica de alienados, suas patentes sendo retiradas dos seus ombros, morrendo sozinho e infeliz.

-Olha, estou lhe dizendo isso porque eu me importo com Luccino. – disse Lídia, segurando sua bolsinha com força.

Espera...Ela não iria denuncia-lo?

-Luccino é como se fosse da família, fomos criados praticamente como irmãos, e ele é um grande amigo do meu noivo, então tenho um carinho enorme por ele. Quero que ele seja feliz. – Lídia deu um acentuado aceno com a cabeça, mostrando quão sério aquilo era para ela.

-Mas...Como...Quando...

-As pessoas daqui são muito lentas, porque vocês dois não sabem esconder bem seus sentimentos. Ou talvez eu seja uma ótima observadora. – Lídia parecia bem orgulhosa de si, e fez Otávio rir.

-E Randolfo, ele sabe?

-Meu querido Randolfinho com certeza já desconfia algo de você, meu noivo é muito perspicaz, mas ele conhece Luccino a um tempo, e provavelmente a amizade o cegou para não ver os sinais. Depois que eu e Luccino nos beijamos, eu apenas tive a certeza do que eu já suspeitava.

-Eu soube desse beijo. Fiquei curioso para saber a história por trás desse acontecimento. – Otávio sorriu.

-Fomos criados juntos, eu não conhecia muitos meninos, e não posso negar que Luccino é um frescor para os olhos. Um dia estávamos banhando na cachoeira e disse que queria beija-lo. Ele achou que era brincadeira, mas eu o segurei e o beijei.

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