Chuva. Como Diana detesta chuva, os dias cinzentos, tristes e sombrios. A jovem olha pela janela. Observa os vizinhos da frente a saírem do carro e a correrem para casa, o abrigo, onde a chuva é incapaz de lhes tocar. As luzes da rua já iluminadas, como se fosse uma noite de inverno. A última semana de férias tem sido fria, e Diana não apreciava isso, não podia aproveitar os últimos dias no mundo dos muggles.
Apesar da sua mãe ser feiticeira, o seu pai era um muggle. Original de Portugal, Luís Montemor, veio para Londres estudar aos seus 20 anos, onde conheceu sua mãe, uma feiticeira, na cidade.
- Diana, filha, anda almoçar - uma voz familiar chama-lhe por detrás da porta.
- Já vou, pai.
A rapariga levanta-se da sua cadeira do lado da janela e sai do quarto.
Hoje era o penúltimo dia. Depois ela ficaria sem ver os seus pais durante 3 meses..
Ela desce as escadas de sua casa e vai em direção à cozinha onde a sua mãe estava sentada e o seu pai a pousar a bandeja cheia de comida no centro da mesa, ao seu lado, Pikky, a nossa Elfe.A pequena Elfe com o seu vestido novo corre até à sua parceira.
- Deixe-me ajuda-la a sentar-se, menina - diz ao mesmo tempo que puxa a cadeira para a jovem puder-se sentar. Diana sorri-lhe.
- Obrigado Pikky, mas eu consigo fazer isso sozinha.
- Mas é um prazer - ela sorriu o que fez com que as rugas do seu rosto salientam-se.
Ela senta-se sem voltar a tocar no assunto, sabendo que batalhar com uma Elfe às vezes é um caso perdido.
- Daqui a dois dias é o teu primeiro dia - diz Luís. - Estás entusiasmada? - pergunta mesmo sabendo a resposta.
Diana não queria complicar, já tinha falado com os seus pais sobre o descontentamento de ir para a escola dos feiticeiros, o que ela tinha na mente, eles já sabiam.
- Pode ser que não seja tão mau - responde simplesmente.
- Estás a falar a sério, filha? - A sua mãe, Caroline, fala pela primeira vez desde que ela entrou na cozinha.
- Não, não precisamente - é sincera - mas visto que eu sou obrigada a ir, não tenho outra escolha, não é como se eu pudesse fugir no comboio.
- Não serias a primeira - comenta Pikky. Sorrio-lhe.
- Sim, o diretor da escola conseguiu fugir nos seus anos de adolescência, por isso mesmo é que duvido que agora algum consiga.
- Mas tu nunca irias tentar fugir da escola, pois não Diana? - A sua mãe pergunta-lhe, olhando-a fixamente nos olhos como se estivesse a ler a sua alma.
- Bem, eu tenho onze anos, vou começar agora a escola onde vou aprender tudo sobre magia, poções, animais mágicos entre outras coisas - respira fundo - então não, não tenho conhecimentos mágicos suficientes para puder fugir.
- Tu tens mais conhecimentos do que a maioria na tua idade - a sua mãe diz, fixando um símbolo, em forma de triângulos de pontas redondas entrelaçados, marcado no peito do seu pai. Diana abaixa o rosto.
- Bom, de qualquer das maneiras não sou aventureira o suficiente para me por em cima de um comboio em andamento e saltar.
- É verdade, é verdade - Pikky diz, sentada ao lado da jovem, abanando a cabeça de cima para baixo. Diana queria aperta-la pela sua fofura.
- Pouco importa. - Caroline diz. - Amanhã temos de ir ao Diagon-Al.
- Angiportum Diagonion - Diana diz, olhando para o seu copo, quando se apercebe dos olhares de todos fixados nela, ela explica. - É como se diz em latim.
- Tens aprendido muito latim ultimamente - o seu pai comenta.
- Os melhores feitiços são melhores em latim.
Pikky senta-se desconfortável na sua cadeira, ela sabia que Diana andava aprendendo latim desde há três anos para cá, mas o que ela não podia dizer era o por quê. Sempre foi fiel à menina Diana como a sua mãe foi a Caroline.
- Queres ir a que horas? - A sua mãe pergunta, ignorando a sua resposta.
- É me igual, de qualquer das maneiras não tenho nada para fazer - afirma metendo o garfo com arroz na boca.
- Então vamos de manhã, aproveito e faço umas compras.
- No entanto gostaria que fossemos por outro meio de transporte - diz olhando para a chaminé com desprezo.
- Estava a pensar em irmos pelo caldeirão escoante.
- Tudo bem por mim.
Diana tinha um comportamento incomum para uma pré-adolescente. Não gostava de conviver com humanos mas detestava o mundo dos feiticeiros, desprezava.
Após o almoço a rapariga volta para o seu quarto. Abra a mala que a sua mãe comprou e começa a arrumar algumas roupas dentro assim como alguns produtos higiénicos, não sabia se havia na escola. A sua mãe entra no seu quarto e diz:
- Não precisas de levar isso - aponta com o dedo para os produtos que tinha acabado de pôr na mala. - Com um feitiço podes...
- Eu levo na mesma - diz sentido os seus nervos montar. A sua mãe suspira e senta-se na sua cama.
- Eu sei que não gostas do mundo dos feiticeiros, mas não podes simplesmente remover a magia que há em ti ou guarda-la pois...
- Eu sei, eu sei que guardando a magia dentro de mim pode acabar matando-me ou matando as pessoas à minha volta num momento de nervos.
- Eu sei que tu desprezas os feiticeiros devido a ele mas nem todos são assim.
- Todos acabam-se aproveitando da sua magia para atingir os mais fracos - Diana diz num sussurro, no qual a sua mãe não percebeu.
- A Pikky quer ir contigo para Hogwarts.
- Prefiro que ela fique aqui, pelo menos será melhor tratada.
- Eles tratam bem os elfes e todas as criaturas mágicas, já não é como há muito tempo atrás onde as criaturas mágicas não tinham direitos.
Diana assente, não querendo argumentar.
- Ela quer ir contigo, ela é livre de fazer as escolhas dela.
- Eu falo com ela - digo.
- Eu acho uma boa ideia que ela vá contigo. Faria-te companhia.
- A minha própria companhia é a melhor.
- Tu cansas-me, não te apercebes que estou preocupada contigo? Não sei como se vai passar em Hogwarts! As crianças às vezes conseguem ser muito ignorantes, eles vão te ignorar só pelo facto de seres uma Hart.
- Melhor para mim.
- Diana! - A sua mãe grita exasperada.
- Mãe, não te preocupes, vai correr tudo bem. - Diana sorri-lhe, um sorriso não sincero mas que serviu para acalmar a sua mãe.
- Bom, vou deixar-te arrumares as tuas coisas - Caroline diz com um rosto que demonstrava o quão cansada estava.
Diana assente e vê a sua mãe sair do quarto. No momento que a porta fecha atrás da sua mãe, o quarto fica escuro, completamente escuro, como se a pouca luz do dia se apagasse.
***
Um dia vais ser minha
Minha, não há força
Vais aceitar o que realmente tens dentro de ti
Vais abraçar e vais te juntar a mim***
Com a cabeça a latejar, Diana sente o seu corpo preso ao chão, a sua respiração pesada, como se tivesse subido uma montanha.Quando isto vai parar? Quando vai ter ela coragem de ceder?
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O que acharam? 😌
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O som da sua voz
Teen FictionAos 11 anos, Diana Montemor começa a sua aventura na escola dos feiticeiros, Hogwarts. Apesar de ser uma jovem feiticeira, com poucos conhecimentos em magia, ela tem uma grande força dentro de si, mas também guarda um segredo desde os seus oito ano...