As vantagens de não se APAIXONAR

Capítulo 11 - Noite barulhenta

Enquanto ele dirigia, sem pressa, calmo, silabando algumas palavras da música que tocava no rádio de seu carro, fiquei olhando para fora da janela como se houvesse algo muito interessante do lado de fora.

Era estranho como a minha vida havia tido tantas mudanças em poucos dias. Como eu havia feito tantas coisas que me faziam sair da minha zona de conforto. Ainda estava com receio de ir a uma festa, do que as pessoas estariam fazendo e do que tentariam me obrigar a fazer.

Mamãe havia me contado bastante coisa sobre as festas que ela participara na sua época. Sobre as drogas que rolavam e o excesso de bebidas apesar de ser considerado algo comum.

Austin passou a reduzir a velocidade do seu carro quando estávamos virando à esquerda em uma rua. Assim que entramos nela, era possível ver uma imensidão de carros e um som alto que parecia tremer tudo iniciou-se.

Quando estacionou e saímos do carro, parei como se tivesse algo barrando meu corpo de caminhar até a porta. Ele parou ao meu lado me olhando e passou o braço em volta do meu corpo.

— Não tenha medo. — Aconselhou. — Estou aqui, vai ser legal.

Sua voz passava uma confiança enorme para mim. Mesmo que tivéssemos nos "conhecido" há pouco tempo. Era como se fossemos amigos há anos.

Tentei entrar o mais confiante possível dentro daquela casa que estava cheia. Havia pessoas por todos os lados. Era muito difícil se mexer e quase impossível atravessar aquela sala. Fui guiada por Austin até chegarmos no balcão da cozinha onde haviam inúmeras bebidas.

— Do que você gosta? — Perguntou olhando para todas as bebidas.

— Eu não costumo beber. — Respondi, mas na verdade deveria ter falado que não bebo.

— Um pouco de vodka com coca? — Ofereceu, enquanto montava um copo para ele.

Dei de ombros sem saber o que fazer. Já estava deixando tantas coisas entrarem em minha vida que não me importava de experimentar algo novo. Beberiquei um pouco do conteúdo e fiz careta, imediatamente Austin caiu na gargalhada.

— Não gostou? — Perguntou rindo.

— Existem coisas melhores. — Afirmei sorrindo.

Os iogurtes que tinham na geladeira da minha casa com certeza eram melhores do que aquilo ali, mas preferi guardar para mim.

Não demorou muito para que Mark e John se aproximassem animados. Provavelmente já estavam na festa há muito tempo. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, mas não parecia ser por drogas ou algo do tipo, como se estivessem o dia todo acordado. Sabia bem que poderia ser pela bebida e cansaço porque às vezes nas festas das nossas famílias nossos pais ficavam assim.

O som estava muito alto, com certeza meu coração naquele momento não encontrava conforto ou seja, a minha felicidade estava longe daquela casa.

— Vou ao banheiro rapidamente. — Avisou e concordei.

Seus amigos foram para o quintal da casa onde também tinha um bom número de pessoas. Já eu, escolhi ficar ali parada esperando pela volta do meu amigo.

Susan se aproximou de mim e eu apenas achei que ela estava andando até a minha direção porque estava próxima do balcão de bebidas, mas estava errada. Ela estava disposta a falar comigo.

— Que estranho, eu nunca te vi em uma festa. — Comentou e seu semblante realmente demostrava que estava surpresa.

— Austin me trouxe. — Respondi tentando não demonstrar emoções em minhas palavras.

Seus olhos se arregalaram e toda a bebida que estava dentro da sua boca foi cuspida para fora.

— Como assim ele te trouxe? — Perguntou e dessa vez estava séria e incomodada.

Respirei fundo e tentei não demonstrar que estava sentindo medo do que aquela conversa pudesse vir a resultar.

A verdade era que eu não estava pronta para uma briga, principalmente porque alguém.

— Ele me ofereceu uma carona, só isso. — Menti.

Ela deu um sorriso forçado e quando imaginei que as perguntas haviam terminado, voltou a me encarar.

— Sei que deve gostar de Austin, todas gostam afinal. Mas sabe, ele não é o seu tipo de cara. — Avisou. — Ele não presta, não vale a comida que come. Já você, olha, é inteligente, uma moça educada e cheia de qualidades.

Balancei a cabeça em concordância. Algo se remexeu dentro do meu estômago como se eu fosse por tudo para fora. Querendo ou não, haviam algumas verdades nas palavras de Susan. Eu realmente era a moça educada que todos conheciam. E Austin era cheio de defeitos, gostava de farra e isso era evidente.

Tentei procurá-lo com os olhos pela multidão mas não encontrei nada. Já haviam se passado pelo menos vinte minutos desde que saíra para ir ao banheiro.

Enquanto algumas pessoas esbarravam em mim por estarem dançando, resolvi voltar ao balcão para encher meu copo.

Na minha cabeça optaria em enche-lo de refrigerante. Mas fui surpreendida ao receber um copo de um garoto que estava preparando algumas bebidas na cozinha.

Deixei que o líquido molhasse meus lábios e senti um gosto mais amargo do que o outro. Não quis ser mal educada em recusar o copo, então resolvi beber aos poucos.

Passados vários minutos, percebi que havia sido deixada sozinha na festa. Afinal, Austin, o cara mais descolado não gostaria de ficar preso cuidando de alguém em uma festa tão "incrível" como aquela.

Alcancei meu celular no bolso de trás da calça e sai o mais de pressa possível de dentro da casa. Ao encostar-me em seu carro, tentei de uma forma sem esperanças abrir a porta e por incrível que pareça ele havia deixado aberto. Sem noção alguma.

Acomodei-me no banco, alterando o espaço para que conseguisse esticar as pernas. Alcancei o botão iniciar do rádio e troquei a estação. Aos poucos a melodia fora acalmando meu coração, aquilo sim me deixava feliz.

Como sabia que Austin demoraria lá dentro, fechei meus olhos na tentativa de descansar. Por conta do frio que estava fazendo, acabei vasculhando o banco de trás do carro até encontrar uma jaqueta do que me parecia ser de algum time. Coloquei-a por cima do meu corpo e então, as minhas pálpebras se fecharam sem muito esforço.