Capítulo 28 - Estranho

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Em determinado momento achei a brecha perfeita para arrastar mamãe porta a fora da sorveteria. Uma que ela estava jogando conversa fora com um menino que eu mal havia conversado em três anos de convivência e segundo que parecia estranho eles conversarem sobre tantos assuntos.

Ao chegarmos mamãe fez questão de contar todos os detalhes do meu par no baile para papai. O que me surpreendeu fora a felicidade de papai ao conhecer as características de Kevin.

Em vez de ficar com eles e ouvi-los falar da forma mais infantil tanto sobre mim, quanto sobre o bebê, corri para o meu quarto em busca de sossego.

"Não sei exatamente o que fazer agora. O seu não simplesmente acabou comigo."

Austin
Meus olhos automaticamente encheram-se de lágrimas. Ler suas palavras machucadas, assim como se encontrava meu coração, fazia com que uma parte de mim sentisse vontade de voltar no tempo, mas eu não poderia.

Não poderia me colocar em segunda opção. Ele não pensou duas vezes antes de deixar tudo isso para trás e agora eu faria o mesmo.

Meus dedos digitaram e apagaram palavras diversas vezes, mas não as enviei em momento algum. Em vez disso, ativei o modo silencioso e o coloquei em baixo do travesseiro na tentativa de que não chamasse mais a minha atenção.

O banho quente na banheira do meu quarto, fazia com que a água que envolvia meu corpo fizesse com que toda a parte tensa se relaxasse.

Lavanda e baunilha eram as minhas fragrâncias favoritas e eu as alternava antes de dormir ao passar os cremes em meu corpo.

DIA 12

"A décima segunda vantagem de não se apaixonar: VOCÊ NÃO INVENTARÁ DESCULPAS PARA SE AFASTAR."

A cada passo que eu dava pelo corredor, meus olhos buscavam não encontrar Austin e se assim acontecia, meus próprios pés buscavam por caminhos diferentes para não cruzar com os dele.

E apesar da vontade do meu coração ser de abraçá-lo e guarda-lo dentro de um potinho só para mim, meu cérebro enviava outra mensagem. Mantenha-o longe.

Passei praticamente a aula inteira contando todos os detalhes do meu vestido para Cate. Ela havia ficado admirada quando comentei sobre a longa fenda que deixaria minhas pernas amostras.

— Kevin vai ser um dos caras mais sortudos do baile. — Cate comentou sorridente.

Sorri com o seu elogio indireto sobre mim e passei os braços em volta do seu corpo e a abracei. Ela franziu o cenho e me olhou de um jeito estranho como se rejeitasse a demonstração de carinho que estava recebendo.

A sensação de estar sendo vigiada não é lá muito boa, principalmente dentro de uma sala de aula onde existem centenas de opções. Fingi arrumar o cabelo e virei-me como se estivesse distraída, encontrando os olhos de Austin em mim.

Mantive o olhar nele por alguns segundos, até voltar a prestar atenção em Cate novamente.

— Estive pensando... nós quatro poderíamos ir juntos. — Sugeriu Cate.

Imaginei como seria bom a presença de seu "lance" na noite do baile. Primeiro que ele era mais maduro e provavelmente muito mais interessante que a metade das pessoas naquele colégio.

Segundo que poderei imaginar brevemente como seria um relacionamento com um cara mais velho e sonhar acordada com todas as borboletas que minha amiga poderia sentir.

— Seria ótimo. — Concordei.

— Vou avisa-lo para nos buscar de carro e você avisa seu parceiro. — Piscou.

Era claro que antes de "avisar" precisava perguntar sua opinião, apesar de que pela impressão que se da, Kevin provavelmente iria concordar com a ideia. Ele não parecia ser do tipo que contesta muito, está mais na lista dos caras bacanas que topam tudo.

O professor de literatura inglesa nos passou mais algumas leituras de texto para interpretação. A ideia era que nos motivasse a escrever algo. Embora a maioria dos textos se tratassem sobre amor, a minha vontade era de pesquisar por outro, apenas para conseguir tirar Austin da minha cabeça.

"They say that true love is defined by the ability of two people to wait as long as it is needed. We have to be patient and we will get what we are eager to. I have waited long enough and now I finally have you."

"Dizem que o amor verdadeiro é definido pela capacidade de duas pessoas esperarem o tempo que for necessário. Temos que ser pacientes e teremos o que estamos ansiosos. Eu esperei o tempo suficiente e agora finalmente tenho você."

Esperar o tempo que for necessário. Será que em algum momento durante a minha espera aconteceria de reencontrar Austin? Ou então eu encontraria outra pessoa? Encontraria alguém que me fizesse suspirar igual? Ou então que faria as borboletas no meu estômago aparecerem?

Essa era uma das minhas maiores dúvidas. Aquela seria somente uma paixão de colégio? Algo de adolescentes?

A última frase do texto era a única parte que até o momento não se conectava com a minha vida. Em breve eu estaria indo para a universidade e provavelmente o esqueceria.

Estaria ocupada demais com os estudos e projetos. Talvez ocupada demais com os novos amigos que eu estava disposta a fazer.

— Você está mais bonita hoje. Mais sorridente. — Mark falou ao meu lado, enquanto eu caminhava para fora do colégio.

— O que você quer hoje? — Perguntei incomodada.

— Estive me perguntando... você e o Kevin? — Perguntou com as sobrancelhas levantas.

Revirei os olhos com sua pergunta sabendo exatamente do que se tratava.

— O que quer saber? — Perguntei atravessando a rua.

Mark correu para me alcançar recebendo uma buzina de um carro.

— Vocês estão juntos? — Perguntou curioso.

— Não que você tenha algum motivo para me perguntar e saber disso, mas não. — Respondi. — Nem todas as pessoas que estão indo ao baile são um casal de verdade.

Ele riu com a minha resposta e continuou caminhando ao meu lado.

— O que está fazendo aqui ainda? — Perguntei irritada.

— Indo para casa. — Apontou reto como se indicasse o caminho.

E então, pelos vinte minutos que se seguiram precisei caminhar ao lado de Mark e escutar suas milhares de dúvidas sobre mim e o quase relacionamento que cheguei a ter com seu melhor amigo.

As vantagens de não se APAIXONAROnde histórias criam vida. Descubra agora