Capítulo 07 - Expectativas

1.1K 149 8
                                    

DIA 4

"A quarta vantagem de não se apaixonar quando se está tentando entrar em um relacionamento: VOCÊ NÃO IRÁ ESPERAR POR UMA MENSAGEM NO DIA SEGUINTE."

O problema de possíveis encontros, é o dia seguinte. A grande expectativas que as pessoas colocam em cima de futuros relacionamentos. A realidade é que não temos base alguma para saber se irá dar certo e se a outra pessoa também gostou.

Não é porque gostamos de algo que as outras pessoas irão ter a mesma opinião. Pelo menos eu sabia que a noite passada não era um encontro e não chegava nem perto disso. Eu o estava ajudando na matéria de química e era só isso. Ele nem ao menos tinha o meu número para me enviar mensagens.

Mamãe não passara por isso. Mamãe como uma verdadeira romântica adorava trocar cartas com papai. Até mesmo nos dias atuais às vezes eu os pegava trocando cartas como se fossem adolescentes ainda.

Ela me contara sobre a época que estavam flertando um com o outro. O relacionamento deles não aconteceu de uma maneira tão rápida após seu desmaio. Eles conversaram muito, trocaram muitas cartas e olhares antes do primeiro beijo.

Adoro ouvi-la falar sobre eles. Era como se eu estivesse dentro de um livro e vivenciando toda aquela história de perto. O engraçado era que mamãe nunca havia pensado na hipótese de escrever sobre eles, com certeza seria um grande sucesso.

— Quero que vocês se sentem em dupla para resolver cinco questões. — O professor de química pediu, enquanto contava os papéis que provavelmente seriam as folhas de exercício. — Guardem os materiais.

Enquanto eu separava um lápis, uma caneta, a borracha e colocava a calculadora sobre a mesa. Avistei com o canto dos olhos uma mesa se juntar com a minha. Era bem estranho o fato de alguém estar se sentando comigo, já que não tinha o costume de ser escolhida, apenas quando sobravam alunos e os professores faziam isso por nós.

— Posso fazer com você? — Austin perguntou sentando-se.

Olhei para os seus olhos e novamente senti meu coração acelerar.

— Acho que sim. — Respondi e ele sorriu.

O professor nos olhou sorrindo, talvez por saber que agora eu o estava ajudando em sua disciplina. Assim que a folha caiu sobre a mesa, Austin se ofereceu para fazer o primeiro exercício que segundo ele, era bem parecido com um que estava na folha que deixara com ele no dia anterior.

— Isso quer dizer que você já começou a fazer os exercícios? — Perguntei animada.

— Sim. — Respondeu. — Tenho festas no fim de semana, então já fiz tudo ontem. — Explicou-se.

Duas qualidades que eu até então não havia reparado nele, proativo e responsável. Eu já até imaginava que ele arrumaria alguma desculpa sobre não ter dado tempo de resolver os exercícios.

Enquanto desenvolvia a segunda questão, prestava a atenção na maneira como Austin estava executando a sua. Ele seguia o passo a passo de como eu havia explicado a ele. Me fez sorrir o fato de que aquilo parecia natural agora. Não parecia com dificuldades, ou se estivesse com alguma, pelo menos parecia estar lidando de uma maneira melhor.

— De fato você é uma boa professora. — O professor cochichou ao meu lado observando o desempenho do meu amigo.

Pisquei para ele e sussurrei um obrigada pelo elogio.

Nós fomos a primeira dupla a terminar os exercícios e entregar. O professor permitiu que ficássemos do lado de fora para não atrapalhar as outras equipes.

Como havia um barulho alto vindo do campo onde praticávamos esportes, seguimos para lá até que fosse a outra aula.

— Você deveria ir na festa de amanhã, todos estarão lá. — Comentou.

— Eu não gosto muito de festas. — Afirmei.

Austin me olhou como se o que eu acabara de dizer fora a coisa mais louca que já ouvira.

— Você já foi em alguma festa? — Perguntou curioso.

— De aniversário, sim. — Respondi.

Ele esboçou um pequeno sorriso e voltou a me encarar.

— Uma festa de verdade, de adolescentes, música alta, bebida, pessoas dançando. — Sugeriu.

Balancei a cabeça de um lado para o outro negando.

Poderia ser considerado algo de outro mundo o fato de uma adolescente nunca ter ido em uma festa assim. Mas a verdade era que eu me mantinha longe disso. E sabia que não era a única. Muitas pessoas assim como eu, preferiam estar em casa fazendo algo mais saudável e menos barulhento.

Eu não gostava de música alta. Às vezes até inventava uma desculpa de dor de cabeça nas festas de família para poder ficar em um canto mais calmo.

— Para tudo se tem uma primeira vez. — Afirmou.— Irei buscá-la às dez da noite.

Por algum motivo não consegui dizer não. A minha boca estava entreaberta para formular a frase mas nada saía dela. Infelizmente não consegui recusar o seu pedido que mais parecia uma ordem.

Me remexi desconfortável e agradeci mentalmente pelo sinal ter tocado. Andei apressadamente para a sala esquecendo que estava acompanhada. Olhei para trás quando estava quase na porta e não avistei Austin, provavelmente havia feito outro trajeto.

Durante todas as outras aulas que se passaram, tentei encontrar alguma desculpa que o faria mudar de ideia em relação a me levar junto.

Poderia implorar que papai e mamãe fossem ótimos atores e negasse seu pedido quando ele aparecesse lá em casa. Mas tenho a certeza que mamãe ficaria tão empolgada com a ideia de sua filha ir a uma festa que não aceitaria isso.

Já em casa, preparada para a euforia da minha mãe. Passei a encarar o meu guarda-roupa na tentativa de encontrar algo decente para vestir. O fato era que eu não era amante de saias ou vestidos. 90% do meu guarda-roupa era jeans.

Como gostava de planejar tudo, já iria escolher a roupa que vestiria no dia seguinte.

Como gostava de planejar tudo, já iria escolher a roupa que vestiria no dia seguinte

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
As vantagens de não se APAIXONAROnde histórias criam vida. Descubra agora