2

49 8 8
                                    

EU ESTAVA PRESTES A ABRIR O ENVELOPE quando minha mãe bateu na porta.

— Querido, tem visita para você.

— Ah, pode deixar entrar. — eu suspirei colocando o livro e o envelope sobre o criado mudo.

— Nath... oi! — Era Donatella. Ou simplesmente Donnie. Era minha melhor amiga desde o jardim de infância. — Eu e a Mona viemos saber como você está.

Monika parou na porta dando um leve sorriso. Ela se juntou a nós na oitava série quando se mudou de Cleveland.

Monika Buchanan e Donatella Wilson eram tão diferentes entre si, tanto fisicamente quanto na personalidade. Donnie parecia uma bonequinha européia, sempre usando roupas a la Blair Waldorf. Inclusive até se parecia um pouco com a atriz que a interpretava. Cabelos castanhos, ondulados, pele rosada, poucos centímetros mais baixa que eu, não era super magra como as animadoras de tocida da escola, mas também não tinha tantas curvas como a Rachel Coleman. Já a Monika tinha pouco mais de 1,60m. Ela era bem mais magra, apesar de comer feito um elefante. Seu cabelo natural é claro, mas ela sempre o pinta de preto, às vezes como umas mechas de cores diferentes. E se Donnie era Blair Waldorf, Monika com certeza era uma mistura de Courtney Love com Ramona Flowers. Ela era mandona e com personalidade forte, além de extremamente teimosa, mas por outro lado era super engajada naquilo que fazia. Eu tinha alguns amigos, como o Mike Levy, da aula de química, a Reese Peterson e o Jason McGaller, da aula de literatura, o Johan Millers, que se mudou para o Kansas, e o Evan James da rua de trás, mas de todos os poucos amigos que eu tinha, as duas eram minhas parceiras inseparáveis.

— Ah, eu sei lá... devo ficar bem um dia. — eu suspirei, olhando Donnie se aproximar.

— Eu tentei falar com você, mas você nem apareceu online. — Donnie se sentou em minha cama, aos meus pés.

— Eu também. Nós ficamos preocupadas. — Monika continuou de pé, com as mãos nos bolsos de trás da calça. — Rachel pensou em vir também, mas ela não pode, então enviou os sentimentos dela.

— Diga a ela que eu agradeço. De verdade...

— Eu digo sim. Assim que eu puder. — Olhar de Monika se desviou para o envelope por um instante. — O que é isso? - Ela tocou o papel laranjado.

— Eu não sei. Eu encontrei nesse livro. Não faço ideia do que seja.

— Que livro é? — ela ergueu o envelope para ler a capa do livro.

— É um livro que meu avô pediu que eu lesse para ele no jantar de Ação de Graças.

Os lábios finos dela se abriram em uma pequena bola e apenas um "Ah" escapou deles. Me esforcei então para não deixar que um silêncio reinasse ali, já que Donnie não parecia a fim de puxar assunto.

— Então, Mona, você e a Rachel, estão firmes?

Nunca foi segredo para ninguém que Monika era lésbica. Mesmo que quando ela chegou à escola, todos me zoavam perguntando qual das duas era minha namorada, se era a Donnie ou a Mona. A verdade é que eu nunca namorei nenhuma delas. Sempre vi a Donnie como a irmã que nunca tive e Mona deixava totalmente explícito de que o tipo dela era curvas mais arredondadas e com seios fartos. Inclusive, por conta disso, Donnie e eu sempre ouvíamos piadas de extremo mau gosto. Mona nos mandava apenas ignorar, estava acostumada com aquilo, apesar de tudo.

— Parece que sim. — Ela deu de ombros. — Tem todo aquele negócio de se assumir e tal. Ainda é difícil para ela.

— Vocês já falaram com os pais dela? — Donnie entortou a cabeça para o lado.

Com amor, L. (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora