Após mortes mal-esclarecidas na família, Nicole McDowell é mandada para o esotérico internato Campo dos Corvos. A garota logo percebe que a instituição e seus residentes escondem segredos perigosos.
Como os estudantes de um internato isolado do mund...
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Alguns dias se passaram desde a chegada dos novatos à Campo dos Corvos. Nicole, por mais que estivesse com inúmeras pessoas à sua volta, se sentia sozinha sem a presença de Harold... e de Olímpia. Nada era o mesmo desde o incidente, nunca voltaria a ser.
A garota de cabelos cinzas sentiu a primeira lágrima escorrer pela sua bochecha, o que a fez levantar rapidamente, ela não permitiria que aquele sentimento obscuro de culpa a devorasse como antigamente. Dormir com os travesseiros molhados de angústia era rotina para a antiga menina McDowell há um tempo, não mais.
Ela abriu a porta do quarto com cautela para não despertar Beckham e levous os pés ao piso de madeira do corredor. A garota só precisava limpar a mente daquelas lembranças repetitivas. Todas as luzes automáticas do internato estavam apagadas pelo toque de recolher, restando apenas a mais completa escuridão. O som da corrente de ar soprando pelos corredores vazios era o único que se podia ouvir.
Nicole andou com os pés descalços e vestindo apenas seu pijama branco até o terraço. A noite estava surpreendentemente mais clara que os dias que se passaram, totalmente nublados. Ela se aproximou da beirada e apoiou as mãos no parapeito, onde ela e Noah haviam se sentado aquele dia. Ficou aterrorizada vendo a vastidão do horizonte e nem sequer uma luz de civilização por perto, era como um deserto de árvores por fora dos muros.
A novata sentia o seu corpo tão mais leve, a falsa sensação de liberdade era inevitável, como se pudesse abrir asas a qualquer momento e sair voando para longe daquele lugar. Infelizmente aquilo não era possível, então Nicole só afagou os braços arrepiados de frio e se virou para retornar ao interior do internato e procurar comida no refeitório, mas foi quando uma luz a cegou por um breve instante.
Duas luzes amarelas se aproximavam do grande portão de ferro de Campo dos Corvos: era uma caminhonete, e dela desceu um grupo de pessoas que abriram o portão. Eles ligaram lanternas e falavam coisas que Nicole não conseguia ouvir. Ela se perguntou se deveria alertar alguém que o campus estava sendo invadido, mas não o fez.
Eles usavam panos pretos sobre a boca e carregavam sacolas volumosas de tecido nas mãos e sobre os ombros. O grupo andou até a parte de trás do campo, adentrando uma pequena capela, que mais parecia abandonada — e que Nicole não tinha notado até então.
A garota desceu as escadas e atravessou o gramado em passos apressados. Próxima da humilde igrejinha, ela pôde ouvir sons de móveis sendo arrastados pelo piso de madeira envelhecida. Depois que os sons cessaram e as luzes das lanternas sumiram, Nicole se arriscou a espiar pela fresta da porta e foi surpreendida, não havia mais ninguém lá dentro.
Deve ter alguma porta nos fundos, pensou Nicole, adentrando o edifício. As teias de aranhas nos bancos e a poeira sobre as mesas davam um ar mal assombrado ao ambiente. Surpreendida novamente, Nicole descobriu que não havia uma porta dos fundos.
