Paquita do inferno

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Já passou alguns dias desde que eu quase morri pela peguete louca de Kage, trocamos algumas mensagens, mas parei de falar com ele.

Peguei mais amizade com Hector. Ele é viúvo, tem um filho, usa narguilé, trabalha na marinha e é um cara muito legal.

- Meu filho vem aqui na semana que vem, posso esconder meu narguilé aqui?- Hector diz sentado na poltrona no canto do quarto.

- Pode.- Respondo sem o olhar.

Meu trabalho esta na corda bamba, Jeff tem exigido muito de mim e por conta disso acabo fazendo alguns desenhos em casa para entrega-lo no dia seguinte. Eu estou na nova coleção da agencia e preciso mandar isso para a confecção o quanto antes.

- Garota e a tua familia?- Hector diz soltando a fumaça.- Moram aqui?

- Não, moram em Denver, tenho um irmão mais velho casado, meu pai é ex jornalista e minha mãe ex secretária.- Reviro os olhos e me levanto indo na direção do meu vizinho com um desenho em mãos.- O que acha desse cardigã?

- Uau Vio.- Ele criou esse apelido para mim.- Você tem talento,esta lindo...

- Obrigada, espero que meu chefe também ache isso.- Suspiro cansada e me deito.

- Esta se cobrando demais.- Ele se levanta e me encara.- Obrigada por cuidar do meu bebê.

- Por nada Hector.- Sorrio.

Hector não demorou a sair do meu apartamento me deixando sozinha, decidi ligar para os meus pais, já que fazia um certo tempo desde que havíamos conversado e fui informada que Dylan iria vir para cá e precisava de um lugar pra ficar enquanto procurava uma casa e claro que eu terei que ceder meu apartamento para o meu irmão mais velho daqui a duas semanas.

Já faz um tempo que não vejo Nich, nossos horários não estão batendo, mas isso nem faz diferença, não quero ir pra cama com ele de novo.

~~~~~

Acordei como sempre com a luz do sol em meu rosto.

-Caralho, de novo Violet você esqueceu essa merda aberta.- Reclamo me sentando.

Passeio meios olhos pelo apartamento e paro no fichário. Pego meu celular pra ver a hora.

-Puta merda oito e cinquenta, dormi muito.- Digo me levantando apressada.

Me vesti como flash com uma calça jeans escura, uma camiseta branca com listras vermelhas nas mangas, um sobretudo e calcei meus coturnos. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo meio bagunçado e sai pelo apartamento buscando minha bolsa e meu fichário.

Demorei vinte minutos para chegar na agência graças ao trânsito de New York.

- Esta atrasada, você tem cinco minutos para estar na minha sala com esse fichário.- Jeff passa rápido na minha frente em direção a sua sala.

Respiro fundo tentando regularizar a respiração. Parecia que eu corri uma maratona da forma que subi as escadas porque o maldito elevador estava demorando.

Deixei minha bolsa na mesa e pesquei meu fichário dentro da mesma e fui em direção ao inferno, ou se preferir, sala do Jeff.

- Jeff, posso entrar?- Pergunto após dar dois toques na porta.

- Entre querida.- Ele diz com desdém.

Adentrei sua sala e já posicionei meu fichário em sua mesa, ele o pegou e passou os olhos pretos brilhantes sob os desenhos novos.

- Violet, isso esta bom, mas você acha que eu quero algo bom?- Nego com a cabeça.- Eu quero algo perfeito Violet, refaça!

Jeff atira meu fichário em mim, eu fecho os olhos e respiro fundo me segurando para não socar a carinha linda e delicada de meu chefe.

-Esta esperando oque garota?

A esse filha da puta vai me ouvir agora.

- Estou esperando você ter mais respeito seu babaca, ou você acha que manda em mim?- Sorrio debochadamente.-Jeff, eu sou sua funcionária, não sua filha, quero mais respeito,  se não gostou dos esboços o problema é seu, não vou refazer.

- Então estará fora da coleção.- Ele se levanta e arqueia a sobrancelha.- Oportunidades assim não batem duas vezes a sua porta Violet.

- Que bom, odeio que batam a minha porta.- Assumo minha posição irredutível.- Vá para o inferno Jeff, não vou perder noites do sono porque meu chefe é um idiota sem escrúpulos.

- Esta demitida Violet Carpenter.- Jeff diz caminhando até mim.- Saia da minha agência pequena ratinha.

Gargalho alto e pego a xícara ainda cheia de café em sua mesa, bebo um gole e viro no meu chefe o resto.

- Se vai me demitir que seja porque virei café em você e não porque não aceitei suas ordens.- Dou de ombros sorrindo.

A expressão de Jeff vai para nervosa em questão de segundos e ele começa a ficar vermelho de raiva.

- Saia da minha agência.- Ele grita.- Pegue a droga dos seus desenhos e seus malditos pertences e saia da minha agência sua paquita do inferno.

Dou risada e dou as costas saindo da sala de Jeff ouvindo o praguejar diversos palavrões.

Juntei minhas coisas em minha mesa e sai daquela agência com um sorriso no rosto e caminhando como diva no tapete vermelho.

Nunca me senti tão bem após ser demitida. Dá um ótimo sentimento de liberdade.

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