Recheio do Peru

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Acordei com um raio de sol bem fraco, aparentemente não é de hoje que eu esqueço de fechar as cortinas. Coloquei meus pés no chão sentindo a ripa de madeira fria, imediatamente procurei pelos meus chinelos batendo com os pés no chão, os calcei, cocei meus olhos e sai do quarto indo em direção as escadas sem me preocupar se já cedo minhas tias estariam aqui, o que claramente estavam, já que era possível ouvir um misto de conversas entre a gestação de Anne e o recheio do peru. 

- Bom dia Dylan, pai.- Me aproximei de Aaron que estava sentado no sofá com uma long neck de cerveja na mão, dei um selinho rápido no meu namorado estranhando a cerveja na mão dele as... sei lá quais horas da manhã já são.- Bom dia amor. 

Meu pai e meu irmão se entre olham. 

- E a gente não ganha beijo?- Taylor pergunta incrédulo. 

- Não.- Dou de ombros os encarando. 

- Pai, no estado que ela tá eu preferia que ela não tivesse nem dirigido a palavra para mim.- Dylan diz rindo da minha cara.- Se São Jorge passar por aqui procurando por seu dragão eu vou te entregar!

Reviro os olhos ouvindo as piadinhas inconvenientes do meu irmão.

- Se o rei da Inglaterra passar por aqui procurando por seu bobo da corte eu vou te entregar.- Correspondo.- Pai quais tias estão aqui para eu me preparar? 

- Só Josie e Dalva.- Suspiro.

Quatro de julho, uma das datas anuais que toda a familia se reune para honrar o seu país e ser patriota, pelo menos uma vez no ano, revestir a calha com bandeiras americanas, cantar o hino americano junto dos apresentadores de TV, ver os desfiles, ir aos parques a tarde ver as apresentações ao vivo e no fim do dia ver os fogos de artificio branco vermelho e azul. 

- Bom dia.- Falei adentrando a cozinha.

Minhas tias me olharam estranho mas logo sorriam.

- Violet.- Tia Dalva diz sorrindo caminhando até mim, põe suas mãos em meus ombros me analisando.- Como esta grande, a ultima vez que te vi foi quando você era pequenininha.- Diz me apertando. 

Claramente foi uma mentira, pois nos vimos no natal do ano passado, mas é claro que não ia acabar com o momento nostalgia da minha tia. 

- Pois é tia.- Falei com a voz diferente já que minhas bochechas eram apertadas. 

- Ah Dalva, deixe a menina em paz.- Tia Josie desvencilha Dalva de mim.- Soube que aquele pitel que esta na sala com seu pai e seu irmão é seu namorado, é verdade? 

Me seguro para não rir da expressão "pitel", que não é mais usada desde os anos noventa. 

- Sim tia, é verdade.- Me sentei no balcão me preparando.- O nome dele é Aaron e ele é medico. 

As duas tias a minha frente parecem se derreter, provavelmente imaginando meu namorado de jaleco. 

- Violet, você soube escolher muito bem.- Tia Dalva faz charme ao meu lado.- Sabe qual a melhor forma de segurar um homem pelo resto da sua vida?

Encarei Anne desesperada, e a desgraçada riu da minha cara. Nós duas sabíamos o que ela iam dizer, quatro de julho, almoço do dia da independência, peru faltando recheio, é claro que seria...

- Pelo estomago.- Josie da pulinhos.- Agora que esta namorando e precisa segurar seu homem, vamos te ajudar a fazer o seu primeiro recheio de peru, pode até escolher qual vai ser.

Tia Dalva e tia Josie são gêmeas e irmãs do meu pai, ambas casadas e com filhos, mas com certeza nos encontraria no desfile anual, por sorte meu irmão não teve um gêmeo, mas as duas com certeza já valem por ele. 

Encarei minha mãe pedindo ajuda enquanto eu era empurrada até a bancada, e a minha mãe, a mulher que deveria me tirar dessas furadas ria da minha cara acompanhada por Anne. Já que ninguem ia me salvar daquelas duas, o jeito é fazer o meu primeiro recheio de peru.

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