Código Azul

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Ja haviam se passado alguns dias desde que sai com Aaron. As coisas se seguiram normalmente, eu procurando emprego e fazendo a segunda peça do trato, que por acaso vendi assim que o publiquei nas redes sociais. Um kimono florido preto e ficava lindo com um cinto.

- Vio!- Hector diz entrando no apartamento o contagiando com toda sua alegria da terceira idade e seus aromatizantes de narguilé.- Estava muito sozinho.

- Estou muito ocupada.- Sorrio o olhando de relance.

Notei quando meu vizinho se sentou perto a janela acendendo o seu narguilé, mas não dei muita atenção, estava focada na ultima peça do trato, eu precisava me inspirar.

- O que a sua sobrinha achou do presente?- Pergunto alheia.

- Ela achou lindo, até me perguntou onde eu comprei.- Dou um sorriso singelo.-Você poderia fazer mais!

Respiro fundo fechando o notebook.- Estou trabalhando nisso.

Hector assente alheio ao assunto voltando sua atenção ao seu tranquilizante.

Ouço meu celular vibrar loucamente, se movendo rapidamente sob o criado mudo até ir em direção ao chão.

- Merda!- Esbravejo indo pegar o aparelho.

Olho a ligação perdida na barra de notificações e então retorno para minha melhor amiga.

- O que foi Hellen?- Olho meu vizinho tentando, entender o que se passava em sua cabeça, enquanto ele fumava ao lado da janela de saída de emergência, de olhos fechados, balançando levemente sua cabeça.

- Pode vir aqui?- Suspiro.

- Compra vinho e pizza, chego ai em meia hora!- Faço careta olhando meu vizinho.

- Tudo bem!- Desligo o celular com os olhos focados em Hector.

Forço minha garganta fazendo um som que por sorte conseguiu chamar a atenção do senhor de idade chapado no meu apartamento.

- Hector, eu vou precisar sair, vai ficar?- Digo puxando primeiro par de all star's que vejo na frente.

- As estrelas são lindas e brilhantes como você Violet...- Hector da uma pausa notando que não sabe meu sobrenome.- Me desculpe, não sei o seu sobrenome, mas você brilha garota!

Faço careta tentando entender, mas desisto assim que me lembro que o cara esta chapado.

-Ahm, obrigada eu acho, então eu vou deixar a porta aberta pra você.- Pego minha bolsa, celular e um casaco.

Saio do apartamento antes de que Hector se prolongue nessa historia de estrelas e brilhos. O primeiro cara de mais de cinquenta anos que eu vejo usar narguilé. Meus vizinhos são incríveis.

Falando em vizinhos... Ja se passaram duas noites que eu não durmo, porque a namorada de Nicholas não sabe transar sem gritar pra todo o prédio ouvir.

Sai do prédio ja com os olhos presos na rua em busca de um taxi, até que vejo um se aproximar. Corro até a calçada mas o filha da puta passa reto.

- Seu desgraçado, filho de uma puta, sua mãe vai queimar na porra do inferno!- Grito na direção em que o táxi foi.

Paro assim que noto alguns olhares de julgamento de algumas pessoas a minha volta. Me recomponho e volto a olhar a rua, na esperança de um táxi que queira me levar para a casa de Hellen.

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- Qual a emergência?- Digo assim que adentro o apartamento deixando minha bolsa em cima do aparador.

- Codigo azul.- Hellen diz sorrindo.

- Espera, código azul?- Paro no meio da sala da estar retirando meus ténis.- Ta brincando?

- Não!- A abraço forte.

Em um ataque histérico de felicidade eu e Hellen começamos a pular e gritar no meio da sala de estar de felicidade.

- Quem é o filho da puta que amarrou o coração da minha melhor amiga?- Minha fala sai ofegante, mas obvio que não deixaria de perguntar.

- O nome dele é Patrick Daves,ele tem vinte e sete anos, é um gato e não é um paciente da clínica.- Hellen sorri toda apaixonada.

Ver minha melhor amiga assim aquecia meu coração, gosto da felicidade de Hellen, de ver alguém colocando um sorriso bobo em seu rosto em momentos aleatórios.

Eu e Hellen somos totalmente o oposto uma da outra. Ela é a parte apaixonada que acredita que o amor cura nessa amizade, e eu sou a parte vida louca que joga tudo para o ar e que se danem as consequências.

- Patrick Daves.- Dou duas cutucadas em sua barriga antes de abraça-la novamente.- Eu estou tão feliz por você.

Antes que Hellen possa responder algo, algum idiota bate na porta com uma certa violência, o que me obriga a me desvencilhar da minha melhor amiga e ir ver a porra da porta.

- Seja quem for atrapalhou um momento maravilhoso de melhores amigas.- Digo abrindo a porta.- Dan!

- Violet!- O vizinho gato de Hellen diz divertido.- Não sabia que era você, me desculpe.

- Tudo bem.- Digo ríspida.

Só quero me livrar dele e voltar para a minha melhor amiga, para ouvir uma grande lista do porque amar Patrick Daves.

- Se quiser dar uma passada no meu apartamento depois.- Dan passa a mão na nuca com seu sorriso de cachorro que caiu da mudança.- Coloquei uma decoração nova, gostaria que você a visse.

Reviro os olhos com tamanha cara de pau.

- Eu não vou Dan e eu lamento te informar, mas fiz faculdade de moda e não de designer de interiores.- Dou meu melhor sorriso sarcástico antes de fechar a porta na cara do vizinho gostoso e tarado de Hellen.

Suspiro e volto super animada para a sala, onde Hellen me olhava se entender, detalhe: enrolada na coberta no meio de uma rodinha de almofadas.

- Você negando homem?- Ela diz incrédula.- Devo te levar a um médico ou fazer uma sessão de terapia com você?

- Deve ir para o inferno.- Dou risada afastando algumas almofadas a ponta pés.- O vinho e a pizza?

- A pizza esta chegando.- Assinto me sentando ao lado dela e puxando uma parte da coberta.- Violet, esta tudo bem mesmo? Você nunca nega uma boa transa.

- Sai com o médico, Aaron Karlay!- Digo rápida olhando Hellen e buscando algum tipo de surpresa em seu rosto.

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