Capítulo Doze

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OWEN TOM SILLER

"Ainda não entendo porque não pode explicar tudo o que está rolando." Ethan insiste no assunto mais uma vez. Considero desligar a tela e deixar o sujeito falando sozinho. Ele não para de debochar da minha situação e agir como uma senhora fofoqueira. "Você e Kristen estão namorando. Grande coisa! Por que esconder?"

"Não estamos namorando, idiota." Respondo ajeitando a gola da camisa mais uma vez "Apenas explique como fazer o nó da gravata de novo e eu te livro para seu último dia na Califórnia."

Pego a tira de tecido comprida e me coloco a frente do espelho. Ethan solta uma gargalhada. "Você devia me contar só pela gravata! Essa belezinha custa duas vezes minha parte no aluguel."

"E por que você a tem mesmo?" debocho, persistindo em tentar dar o nó com as instruções anteriores. Sem sucesso. Esse pedaço de tecido idiota é amaldiçoado?!

"Comprei para a audiência do ano passado. Lembra? Por atropelar o guaxinim quando voltávamos do Jugger." E como lembro. James só sabia chorar bêbado e implorar para não ser o cachorro da Sra. Pettkins, nossa vizinha. Levi apostou ser algo entre uma espécie de pombo gigante e coiotes. Ethan ficou desesperado e implorou para escondermos o cadáver no rio. Foi um desastre quando notificaram a guarda-municipal. O drama do Manhattino foi tanto que ele apenas ajoelhou esperando as algemas.

No fim das contas, ele só teve que pagar uma multa. Ethan contribuiu além da multa e fez serviço comunitário ao parque por um mês todo. Um péssimo motorista com a consciência pesada. O cômico é dizer que Ethan era o único sóbrio da noite. Mas isso nunca foi desculpa para o fato de ele dirigir mal nas ruas curvas e estreitas da cidade. Ethan é um péssimo motorista. Desde então, ele está na maioria das vezes de carona na picape. Chega de mortes sangrentas aos guaxinins selvagens.

"Pobre guaxinim." Seguro a risada, percebendo que Ethan fica comovido "Onde Levi está mesmo?"

"Foi levar a irmã no pediatra." Ethan pega o computador e vai para uma espécie de sacada. Seu rosto fica escuro pela paisagem do mar no fundo. "Não a irmã. A cria dela. O bebê, sabe? Não acredito que ele não nos contou."

"Nem todos tem a matraca aberta como você e James." Respondo arriscando mais um nó na frente do espelho. Parece melhor com o tempo. Na verdade, está horrível. Odeio essa droga de gravata de burguês. Não podiam vender essas coisas prontas para encaixar?

"Até você fala mais da sua vida que o Levi, Sr. Caladão." Aceno em concordância. Levi é muito silencioso sobre a família, mesmo que não se importe em receber Ethan durante o verão. O que é estranho. Ninguém entende direito porque ele omite tanto sobre a família. "Aliás, como vai minha querida Fran-Fran?"

Sorrio ao pensar em Nona com as mechas coloridas. Quando falei com ela durante o almoço, ela me contou que estava no salão escolhendo uma nova cor para seu torneio mais tarde. Não era bem uma competição, já que todos ganhavam troféus. Mas, dizem que é um bom estimulo para a turma da terceira idade e lhe desejei boa sorte ao massacrar os adversários.

"Ela tem mais um torneio hoje." Desmancho mais um dos nós "Ela é a melhor da liga dela, ao que parece."

"Sua avó é tão maneira." Ethan bufa decepcionado, como se quisesse parte de Nona para ele. Em partes, ele tem. Nona ama o sujeito como ama Kristen. Segundo ela, eles estão na lista de pessoas do bem. "Lembre-se de gravar tudo!"

Ethan é tão... Ethan. Muitos dizem que somos duas peças de uma grande corporação. Eu sou a mente por trás da marca e Ethan é a marca. Às vezes ele simplesmente não funciona. "Eu tenho um encontro com Kristen essa noite. Gravata, camisa social...? Tá lembrado?"

Distração MútuaOnde histórias criam vida. Descubra agora