Distração Mútua

Capítulo Vinte e Dois

OWEN TOM SILLER

Poucas horas. Faltam poucas horas para domingo acabar e Kristen estar em meus braços novamente. Tudo bem, o dia acabou de começar. Mas eu passei uma semana longe da minha garota! Meio dia não é nada perto do que suportei. Não consegui sentir vontade de nada sem ela por perto. Cumprir o cronograma de hóquei foi uma droga e tudo parecia sem propósito.

Para minha surpresa, não fui expulso da casa. Mesmo com meu mau humor, meus colegas não questionaram meu mau-humor e Ethan não insistiu numa conversa profunda. Todos perceberam a ausência de Kristen. Isso devia ser uma resposta mais que clara, porque nunca tocaram no assunto. Não perguntaram o porquê de não voltarmos para jantar na segunda-feira e nem por que apareci quase desmaiando na terça-feira, depois de passar quase 24h no Lago Aqueloo.

Kristen precisava de uma semana. Eu dei.

No primeiro dia, eu não consegui dormir. Minha cama parecia vazia sem Kristen por perto. O cheiro dela estava por toda parte, mas sua presença não. O que deixava tudo pior. Ethan me chamou para uma corrida noturna, eu dispensei. Ele dirigiu todos os dias ao comitê, onde ficávamos com calouros e propostas do time durante o dia. Não estava com cabeça para isso. Só pensava em como Kristen estava. O que fazia. Como minhas palavras a atingiram.

No segundo dia, eu não queria mais ficar em casa. Tudo parecia me lembrar de Kristen e não é saudável me remoer. Saí para correr com Ethan de manhã e ele ficou extremamente irritado quando percebeu que corremos três vezes mais. Sim, ele tem uma dieta séria e rígida com alimentação e exercícios. Um atleta de linha. Nunca ultrapassa. Eu não me importei, porque na sala de musculação continuei dobrando as séries de treino. Dobrei quantidade, peso e repetições. Precisava manter a cabeça em outra coisa. Só parei quando o Técnico Hayes veio me expulsar. Cheguei a casa e despenquei na cama, cansado.

No terceiro dia, minha cama não tinha o cheiro dela. Fedia a suor e mofo. Meu quarto estava trancado por tanto tempo, que parecia nunca ter sido dono do cheiro de ervas de Kristen. Decidi fazer uma limpa. Fazer-me útil. O tempo que Kristen pediu para resolver sua cabeça, eu poderia fazer útil a mim. Resolver a minha. Peguei meu computador e fiz planilhas de financiamento para aluguéis de casas, alianças e economias para investimento. Tudo que eu poderia precisar um dia.

Eu só precisaria de um emprego. Então, liguei para Tom. Ele me atendeu assustado, composto e com muita paciência. Não esperava por isso. Dispensei o cara e sumi por dias! O que porra eu estava fazendo, certo? Segundo seu tom de voz, ele não tinha ressentimentos quanto a isso. Tom me pediu um jantar para falar do assunto. Na sua casa. Aceitei, avisando que eu e Kristen estaríamos lá na segunda-feira.

Sim, fui o covarde que Kristen me acusou ser. Não conseguiria fazer isso sem ela ao meu lado.

Nada contra jantares em família! Apenas não é a minha família. Seria desconfortável sentar ao lado de Molly e chamar Tom de pai como se eu sempre estivesse ali. Então, preciso da minha garota ao meu lado.

No quarto dia, eu senti a ausência do seu corpo assumir meu ser. Não o lado sexual. A última coisa que penso em Kristen é o seu sexo. Tudo bem, sem exageros. Talvez a quinta coisa. Estou dizendo que senti falta da sua risada, sorrisos e do cabelo loiro cheiroso, que nunca parecia desmanchar. A maneira como suas pernas nuas ficavam lindas com minha camisa e a barriga perfeita. Seu jeito travesso de pensar e as mãos macias.

Bem, foi a punheta mais coreografada que bati em anos. A imaginação de um verdadeiro piegas.

No quinto dia, eu não tinha mais condições. Senti saudade de Kristen. Nona. Tudo parecia errado. Um sábado de merda. Ethan e Levi saíram para o Jugger e eu fiquei com James e seus jogos de beisebol na televisão. Virei o dia olhando para o teto e pensando em quantas vezes Kristen olhou comigo para o mesmo ponto e não valorizei isso. Daria tudo por um segundo simples como aquele.