Capítulo 10

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Um "Eu te amo" de surpresa às vezes é tudo que precisamos para acordarmos.

-Deves estar a brincar, não? (Perguntei)

-Porquê o faria? Os adultos temem tanto assim quando se trata de sentimentos? (Respondeu Dayane)

-Desculpe! Só estou admirada pelo facto de teres mudado de opinião da noite para o dia. (Respondi)

-É essa a tua resposta para a minha afirmação?(Perguntou)

-Calma meu amor, preciso de palavras suficientes que cheguem ao alcance do que acabaste de me dizer. (Respondi)

-Yzel, quando é que me vais levar para conhecer a tua vida? (Perguntou)

-Brevemente! Tenho andado ocupada em reuniões. (Respondi)

-Acho melhor falarmos em outra altura. (Respondeu)

-Também acho. Queres tomar um café comigo às 3 da tarde? (Perguntei)

-Tudo bem! Eu aceito. Nos vemos logo. (Respondeu)

-Até logo. (Respondi)

Isso sim foi uma chuva de arrancar o telhado!
Sinto que tenho mais um motivo para começar a minha vida outra vez, abandonar tudo até mesmo a minha carreira.
As coisas estão a ficar cada vez mais sérias, preciso de planos para que tudo corra bem, não posso perder a postura e nem sair a má da fita no meu casamento, nenhum homem supera o facto de ser trocado por uma mulher. Preciso alugar um apartamento com urgência, não posso levar a Dayane para a minha casa seria o choque final.
Queria muito que ela frequentasse os mesmos lugares que eu, mas é preciso ser muito inteligente para limpar os rastos. Sou inexperiente nesse relacionamento mas isso não me impede de ser uma óptima namorada!
Vou ligar para a Steyce, querendo ou não ela terá de alinhar nessa minha aventura.

-Oi, Steyce! Preciso de ti. (Disse eu)

-Desembrulha ó minha entalada, não se trabalha hoje?(Respondeu)

-Estou a chegar, mas antes preciso que ligues numa dessas empresas para encomendar um buquê de rosas. (Respondi)

-Nem vou perguntar para quem será. (Respondeu)

-Melhor! Aproveita e coloca um batom nessa boca atrevida. (Respondi)

-Prefiro não responder comentários de gente infeliz. (Respondeu)

-Aponte o endereço, estarei no List café (27 place Pey Berland 33000) estarei lá as 3 da tarde, e por favor diz a essa empresa em que vais ligar para caprichar nas flores. (Respondi)

-Sim Madame. (Respondeu)

-És a melhor amiga do mundo. (Respondi)

-Não te estiques porque nem toda a árvore de natal tem uma estrela no topo. (Respondeu)

-Olha vai catar bolas. (Respondi)

-Tchauzinho. (Respondeu)

-Uff, tchau. (Respondi)

Cedo ou tarde terei de contar a verdade para a Steyce, sempre precisamos de um amigo(a) para servir de cobertura, isso dá um ar de que estamos a ser sérios em nossos relacionamentos, só que tem quem ainda não percebeu que os amigos são apenas a pimenta para um tempero ideal, a cumplicidade atrai a confiança e é o que torna tudo mais real.
Namorar alguém do mesmo sexo não é tão ruim quanto eu julgava que fosse, me sinto como se estivesse a flutuar, tenho a liberdade de me doar assim como um dia sonhei que alguém se doasse para mim. Nesse momento eu não quero pensar nada sobre o destino, vou embalar nesse lance e acreditar que os sentimentos são reais, embora tenha prometido em um altar e diante da igreja que amaria o meu marido até que a morte nos separasse, acho que nunca alguém questionou sobre esse voto! Amor é um sentimento firme mas nunca eterno, eu vou amar para sempre mas não disse que amaria sempre a mesma pessoa. As pessoas fingem, e isso para mim está errado, eu não posso comprometer a minha felicidade por algo que já não quero possuir, para que falar de liberdade se ninguém a vive? Nós somos obrigados a cumprir regras absurdas imposta por uma sociedade que nunca parou para ouvir os sentimentos alheios, à isso é que chamam de liberdade? O que a sociedade entende sobre o amor? Ridículo.
O amor é contagioso, eu não posso desperdiçar o resto de vida que tenho por confundir o amor com o costume, essa licença é devastadora e nesse instante eu quero poder ser livre e respirar aquilo que estou a aprender a conhecer.
Eu combinei de tomar um café com a mulher da minha vida e não me sinto linda o suficiente, não ter auto-estima é apavorante me preocupo com o facto de ela não me achar mais tão atraente. Faltam apenas dois dias para eu assumir o cargo de directora no clube de apoio, mais uma responsabilidade e menos tempo para estar a Dayane!
Estou cada vez menos interessada pelo Erick, já não me importa o que ele faça, com quem sai, apetece-me até armar uma cilada para ele sair de casa, sinto que o odeio e não devia ser assim, é isso que uma nova paixão provoca? Como outras pessoas fazem para serem tão falsas? A frieza é o principal ingrediente?
Vou fazer o meu papel, sou uma excelente esposa.
Quando cheguei ao trabalho eu ouvia murmúrios pelos corredores sobre mim, que eu já não era tão eficaz como antes e que agora só chego tarde e trabalho até à hora do almoço, tanto faz, eu estou cagando até para o trabalho é como se começasse a viver uma lua de mel, sou boa no que faço e ser humilde não é esconder as nossas capacidades.

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