Capítulo 2

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Vejo o carro chique de Marina estacionado em frente ao portão, o motorista já está do lado de fora.

Como tenho inveja, queria que fosse eu ali, dando uma carona para uma amiga pobre, mas não sou eu!

Aperto os passos, e vou de encontro ao carro e o motorista em um gesto automático abre a porta de trás do carro, sorrio e entro, ele então fecha a porta e se dirige ao banco do motorista dando partido no carro.

-Helena!- Diz Marina eufórica.

-Amiga!- Sorrio e a abraço.

-Como está bonita, você por acaso ficou se cuidando ontem para estar tão bela assim hoje?-

-Não, não fiz nada, mas obrigada, senti sua falta!- Comento.

-Ahh eu também, tenho tantas novidades amiga.

-Eu imagino que tenha muitas coisas para me contar.-

-Não sei nem por onde começar...- E assim foi o meu caminho.

Minha amiga rica contando como foram suas férias, como foram suas viagens e todas as coisas que comprou.

Marina tem de tudo, mora em uma mansão linda, é cercada de amigos, tem roupas lindas e caras, perfumes, maquiagens, ganhou um carro do pai em seu aniversário, é bonitinha...

Ah Marina, você que me aguarde.

-Nem te contei a melhor parte!- Exclama com alegria. -Conheci um rapaz!- Ela diz eufórica.

Marina nunca foi namoradeira, me admira muito ela vir com essa conversa.

-E como ele é?- Pergunto fingindo entusiasmo.

-Ai amiga, ele é tudo de bom, estou apaixonada, o nome dele é Ricardo, ele é lindo, inteligente, nem parece que estava interessado em mim.-

-Que isso Marina, você é muito bonita!- Sorrio.

-Você acha?- Pergunta insegura.

-Claro que sim!-

-Chegamos- O motorista anuncia.

Estou tão ansiosa que nem espero que ele venha abrir a porta, eu mesmo faço e saio, assim Marina faz o mesmo.

Ah, como a faculdade é linda, pessoas ricas e bem vestidas encontrando amigos e conversando alegres.

Seguro na mão uma bolsa falsificada, com apenas alguns livros, um caderno e algumas canetas, estou estudando nessa faculdade de ricos, porque ganhei uma bolsa também, só tenho que comprar os materiais, tendo que comprar somente isso, meus pais não tem dinheiro para me comprar todos. Enquanto Marina traz consigo uma bolsa caríssima, e aposto que carrega dentro cadernos e livros novos.

Odeio essa pobreza.

-Ai, nosso primeiro dia amiga- Diz Marina me tirando do transe.

-Sim! Estou tão animada-Digo

-Vamos entrar?- Marina

-Vamos-

E assim fizemos, caminhamos e adentramos na faculdade.

-Vou para minha classe, quero me sentar nos primeiros lugares.- Digo e me despeço de Marina.

Chego na sala e ela está vazia, me entro na primeira carteira de frente para a mesa do professor.

Olho no relógio pendurado na parede, e faltam apenas cinco minutos para as aulas começarem.

O pessoal começa a entrar e é inevitável, alguns colegas de classe olham para mim e eu apenas sorrio.

Pego meu caderno e minha caneta, quando ouço:

-Bom dia turma.- Uma voz masculina, é o professor, levanto meu olhar e consigo vê-lo.

é um homem muito lindo, muito charmoso, seu perfume invade toda a sala, ele usa um terno alinhado e caríssimo, seu olhar se encontra com o meu, ele logo desvia e tenho que admitir que ele é um partidão.

-Hoje começaremos as aulas, e espero que vocês se acostumem com o rumo em que as coisas vão tomar a partir de hoje, a faculdade não é um ensino médio, por isso, anotem tudo- Diz escrevendo seu nome na lousa.

-Bom, meu nome é Heitor Cavalcante, serei seu professor de Direito Penal..-

Durante a aula anotei tudo que o professor Heitor disse, não pude deixar de reparar que ele é bem rico, quando a aula acabou vi pela janela o carro que foi embora, um carro que vale mais que todas as casas do meu bairro juntas.

Tenho que arranjar um jeito de ele me notar, tenho que ficar perto dele.

As outras aulas se passaram bem, conhecemos os outros professores e professoras, e nenhum deles tão sofisticado, bonito e rico quanto o professor Heitor.

No intervalo me encontrei com Marina na cafeteria da faculdade.

Ela me contou como foram suas aulas e seus professores, Marina faz medicina, já eu direito.

-Deixa eu terminar de te contar como foi com Ricardo.- Ela começa e me lembro da chata história do romance bobo de Marina, finjo um sorriso -Bom, eu estava na praia, quando me esbarrei nele, e quando ele me olhou, eu ganhei meu dia, foi como num sonho amiga-

-Que lindo amiga;1- Comento.

-Então ele me disse seu nome e logo em seguida disse o meu, e ele me chamou para uma caminhada, caminhamos por toda a praia e depois fomos tomar um suco no hotel que estávamos hospedados, conversamos até a lua chegar, depois disso nos despedimos e marcamos de nos encontrarmos novamente de manhã- Ela pausa e suspira -Todos os dias foram especiais, estou apaixonada.-

Como Marina é boba, não me aguento com tanta bobagem que sai da boca dela, como uma pessoa rica, ela deveria ter mais cuidado, mas não, é tão boba que nem se dá conta.

-Mas e depois que foi embora? Como vão se encontrar?- Pergunto

-Ele vai me visitar quando puder!- Diz meio triste

Realmente, que brega, e eu tenho que ouvir tudo isso, que saco!

-Vai dar tudo certo.- Tento passar segurança.

O intervalo termina e voltamos para nossas classes.

Depois de cansativas aulas, nosso período de aula termina.

Marina me deixa em casa, mal coloco os pés no chão e meu antigo namorado vem de encontro a mim.

-Está linda como sempre- Me elogia Paulo.

Paulo foi um namorado bom, porém não pensamos igual, eu quero crescer, já ele, quer continuar trabalhando na mecânica e vivendo aqui, nesse bairro pobre.

-Obrigada Paulo- Digo ríspida e entro sem ao menos olhar para trás.

Jogo minha bolsa falsificada no sofá e vejo que só minha mãe e Luíza estão em casa.

-Cheguei- Anuncio

-Como foi o primeiro dia?- Pergunta Luíza curiosa.

-Foi bom, mas não vou ter tempo para mais nada, tenho que estudar muito, faculdade não é ensino médio-

-Está certa, tem que estudar mesmo- Concorda mamãe

-Ora que milagre, não? Você concordando comigo mamãe?-

-Não diga isso Helena, sabe muito bem que se não concordo é porque acho que não está correto algumas das suas atitudes-

-Quais?- Me arrisco a perguntar...

-Ter deixado o Paulo-

-Ai mamãe, por favor, o Paulo é antiquado, não pensa em crescer, ele não serve para mim, e fim de conversa, não quero mais ninguém tocando no nome do Paulo aqui dentro.- Digo por fim entrando em meu quarto.

Eu tenho que fazer alguma coisa para estar perto do professor Cavalcante, tenho que fisgá-lo de qualquer maneira, pensa Helena, pensa...

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HELENAWhere stories live. Discover now