Capítulo 9

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   Hoje acordei destinada e focada a conquistar o professor e tenho muito trabalho pela frente, trabalho no escritório, não me levem a mal.
Estou na cozinha e ouço minha mãe entrar com os braços lotados de roupas, ela é lavadeira e passadeira.

-Acabou de chegar da faculdade e já vai sair?- Me pergunta deixando as roupas no sofá, ela notou que eu estou arrumada pra sair.

-Sim, mamãe, tenho trabalho, se esqueceu?- Já imagino que ela vai reclamar.

-Olha Helena, eu não me agrado nada desse seu trabalho, já te disse minha filha, esse professor só quer se aproveitar de você!- Começa, já sabia que esse discurso sairia de sua boca, uma hora ou outra ela ia acabar dizendo.

-O que você queria mamãe? Que eu ficasse trabalhando como a senhora? De lavadeira?- Eu sei, talvez eu pegue muito pesado com ela, mas ela também pega pesado comigo e não entende que se ela me tirar o trabalho, não vou ter a chance de ajuda-la, de tirar todos da minha família dessa vila horrenda.

-Saiba Helena, que meu trabalho é muito digno, e é com ele que pagamos as contas!-

-É claro mamãe, entendo perfeitamente, e com esse trabalho, olha o que você conseguiu- Aponto com as mãos para a casa -Realmente, vivemos em um castelo!-

-Não faça despeito pelo que eu e seu pai conquistamos Helena! Veja minhas mãos- Ela as estica -Olhe como elas estão, vivo sentindo dores, elas descascam, mas eu faço, para que você e sua irmã sejam pessoas dignas e saibam o verdadeiro caminho!-

-Então mamãe, é exatamente por isso que trabalho com o professor e faço minha faculdade de direito, para dar uma vida melhor para você, papai e Luíza!- É claro que o meu trabalho não vai ser o propulsor dessa mudança e sim o Heitor, ele sim, mudará minha vida.

-Mas eu não me agrado do professor, e quero falar com ele, para que ele entenda que não se brinca com uma moça de família e nem sai por aí oferecendo trabalho, ele não me engana!- O que? Falar com o Heitor?

-Está ficando maluca mamãe? Acha mesmo que ele terá tempo pra atender você? Por favor- Olho as horas em meu relógio de pulso e já deu minha hora -Estou indo!-

Pego minha bolsa.

-Não vá minha filha!- Pede minha mãe.

Não respondo e saio em busca de um táxi.

                                 ~~

Já em frente a casa do professor, eu toco a campainha e a empregada me atende novamente.

Adentro já me fingindo triste, quero me aproximar mais do Heitor, e vou usar a desculpa de que briguei com minha mãe e me jogar em seus braços, eu sei que ele é ético e vai tentar me ajudar e vai até se oferecer para conversar com os meus pais, mas tenho certeza de que ele vai se lembrar desse momento comigo e vai querer pra sempre me ter em seus braços.

Bato na porta do escritório e ele gentilmente me manda entrar e assim eu faço.

-Boa tarde professor- Cumprimento sem nenhuma vontade, tenho que expressar tristeza.

-Boa tarde Helena, o que houve?- Ele se levanta e vem de encontro a mim.

-Ai professor!- Finjo chorar e o abraço o mais rápido possível, ele sem entender muito retribui o abraço. Como os homens são idiotas, principalmente esse, me faz revirar os olhos.

-O que aconteceu?- Me pergunta passando a mão em meu cabelo

Do jeito que eu queria, meu cheiro vai ficar grudado em seu corpo e na mente.

-Ai professor, é minha mãe!- Me solto do abraço e limpo com os dedos algumas lágrimas falsas que eu derramo. -Ela disse que não quer que eu trabalhe com o senhor, que o senhor quer se aproveitar de mim!-

Ele mantém seus olhos atentos em mim e não espera um segundo se quer e já me puxa para um abraço, como é bobo, do jeito que eu esperava.

O abraço de volta sentindo seu cheiro, não posso negar, ele é bem cheiroso.

-Acalme-se Helena, ela só está preocupada, não é todo dia que se recebe uma proposta de trabalho assim tão fácil, ela como mãe deve ter desconfiado.-

-Não sei professor- Choro mais um pouco -Ela está destinada a fazer de tudo para que eu não trabalhe mais com o senhor.- Instigo mais um pouco.

-Não se preocupe, conversarei com os seus pais o quanto antes para esclarecer qualquer dúvida que eles tenham.- Diz e eu me solto do abraço

-Obrigada professor, minha mãe está criando ideias muito malucas em sua cabeça, eu sei que nunca teria chance com o senhor, nossa relação é apenas de trabalho, o senhor deixou isso claro.- Solto essa, quero só ver como ele irá reagir.

-É- Ele engole seco -Ela não tem com o que se preocupar-

-Eu só temo que a Antônia fique brava com isso- Jogo verde, espero que ele me conte o que aconteceu depois daquela ligação que eu atendi.

-Pois é- Ele diz voltando para sua mesa e sentando -Ela fez um escândalo, e eu odeio isso, disse que você é uma importunista e- Ele para quando vê que está falando demais.

-Que pena ela pensar tão mal de mim, não fiz nada contra ela, apenas quis ajudar o senhor quando atendi, já estava me dando carona, não custava atender-

Então é assim que ela me vê, uma importunista, não me surpreendo com ela, isso tudo é inveja e ciúme, ela sabe muito bem que se eu quiser, eu posso roubar o Heitor dela.

-Eu sei da sua intenção, só quis me ajudar e eu agradeço, mas por causa disso acabei fazendo com que Antônia pensasse mal de você, me perdoa-

Ah queridinho, não tem problema.

-Não tenho o que perdoar professor, ela não gosta de mim e eu não vou dar motivos para sua namorado se chatear com o senhor- Olho em seus olhos e ele retribui o olhar.

-Eu sei, mas a Antônia vê coisas onde não existem, não pense em mudar sua atitude comigo por que não tem nada demais, somos professor e aluna e também colegas de trabalho.-

Claro querido professor.

-Claro professor, como quiser e obrigada pelo apoio com os meus pais-

-Sem problema, faria qualquer coisa pra ter você aqui comigo!-

Apenas sorrio.

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⏰ Last updated: Oct 31, 2019 ⏰

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HELENAWhere stories live. Discover now