DETERMINADOS Livro I ||: Golpe Certeiro (COMPLETO)

O Início

Sou desperto do sono por barulhos de objectos quebrando, os sons mesclados a gritos de desespero me fazem levantar da cama. Que hotel é esse? É a primeira vez que acontece algo do género enquanto me hospedo em algum lugar e olha que já viajei meio mundo e hospedei em lugares piores.

De apenas um short e tronco nú aproximo-me da porta, e tento espiar pelo olho mágico mas nada vejo, decido que voltarei a dormir quando um barulho forte atinge a minha porta e em seguida pedidos de ajuda se ouvem misturados a um choro bem baixo, e frágil.

Não posso me calar a isso, abro a porta e me deparo com uma mulher de cabelos negros ate os ombros e uma franja que emoldura seu rosto frágil, sigo seu olhar e percebo que ela repara desolada para o elevador que desce.

Suas roupas rasgadas denunciam a violência que ela acabara de sofrer. Deve ter sido algum homem babaca.

Quando seus olhos encontram os meus não posso disfarçar o desconforto que me causam, PORRA que mulher linda, ela chora e isso me deixa irado, posso ser um desgraçado com as mulheres mas violência não tolero.

-Tu precisas denunciar esse homem. -Falo depois de ajudá-la a ir ao quarto, e saber que seu marido a espancou depois que ela descobriu uma traição, ela me olha como se eu tivesse dito algo anormal, malditas mulheres que levam porrada e acobertam o desgraçado.

-Entendeu o que eu disse? Denunciar, polícia... Sabes o que é isso?

-Si lo sé.-Diz. -Mas ele é perigoso. -Completa em minha língua com o sotaque bem carregado.

-Eu vou contigo.-Digo levantando-me para andar de um lado para o outro. -Amanhã cedo nós procuramos a polícia, mas agora acho que precisas descansar, tens alguma aspirina?

-Não, não tenho nenhum medicamento aqui. -Olha para os lados como se os procurasse.

-Vou pegá-los!!! Eu ia andando para sair mas sua voz me parou.

-¿Tu nombre- Levanto a sobrancelha e ela toma novamente a palavra. ¿Que es tu nombre

-Mark. -Passo as mãos pelos cabelos, dou-me conta da situação em que estou, devia estar a descansar, ou fazer uma mexicana subir pelas paredes, mas aqui estou cuidando de uma estranha. -Mark Setth. -Repito. -Vou lá buscar a aspirina.

-No.- Seu tom é desesperado.- Por favor, no me dejes aquí, puede volver. -Sua voz é embargada e lágrimas descem por seu rosto branquinho. -Tengo miedo, mucho miedo, él puede matarme.

-Acalmate, é aqui na frente, eu vou, pego a aspirina, tranco a porta e fico aqui contigo.

Ela diz que sim com a cabeça e eu saio para o meu quarto, procuro no meu kit de medicamentos e encontro remédios para dor, uso uma camiseta branca, prendo os cabelos, saio e tranco a porta.

Adentro o quarto de Aracelle e não a vejo, mas o som de água que vem do banheiro faz me crer que ela tenha optado por um banho.

Recolho algumas coisas quebradas pelo chão, devolvendo as que se mantêm intactas a seus lugares e depois me sento no sofá disposto no canto do quarto.

Ok, tudo bem, não estava no meu roteiro de viagem tornar-me um bom samaritano, mas o que fazer quando se ouve uma mulher a pedir socorro?

O barulho cessa no banheiro e minutos depois a porta é aberta, droga que mulher! Apenas uma toalha cobre uma pequena parte de seu corpo, suas belas pernas estão de fora e gotas de água descem por elas, uma visão sexy para uma madrugada.

-Mi dios, perdóname.- Seu rosto fica vermelho, ela fica linda envergonhada.

-Não, eu que peço perdão. -Respondo embaraçado, principalmente por meus pensamentos anteriores.

Aracelle vai até sua mala, pega alguma coisa e volta para o banheiro, alguns minutos e está de volta, usa uma camiseta de número maior que vai até as coxas, a visão é perturbadora mas não demora para que deite-se na cama e cubra suas pernas.

-Posso deixá-la descansar, amanhã eu te pego aqui para irmos a polícia. -Falo em pé diante de sua cama, tudo o que eu quero é voltar para minha cama e descansar, mas também temo que o desgraçado volte e termine o que começou.

Porra só de pensar nesse covarde...

-Yo tengo miedo, estoy aterrorizada, él es capaz de volver. -Seu tom é calmo, porém amedrontado. -Se quedate aquí, sólo por esta noche, por favor.- Assinto, sem conseguir abandoná-la a sua própria sorte.

-Durma, está tarde, eu não vou a lado nenhum.

***

Acordo com o corpo doído, movo meu pescoço para aliviar a dor que por ali se instalou, constato estar em um sofá e coberto por uma manta leve.

Rapidamente levanto lembrando da noite anterior. Rolo meus olhos pelo ambiente, mas não vejo Aracele

Olho para o relógio na parede e me assusto ao constatar que são 11 horas da manhã, como fui capaz de dormir tanto... EU ESTOU A FICAR VELHO! ainda dormindo em um sofá que não tem nem mais da metade do meu tamanho.

Passo os olhos pelo ambiente, mas nada de Aracelle.

Saio em busca dela, mas o corredor está vazio... Onde ela deve ter ido? Será que o desgraçado a pegou enquanto eu dormia?

Um desespero me atinge só de pensar na possibilidade, me sinto responsável por ela desde que a encontrei a chorar na noite anterior.

Já no corredor chamo o elevador que abre imediatamente... Desesperado corro em direção a recepção assim que as portas de metal se abrem.

-Buenos días, busco una huésped, su nombre es Arracelle. - Sem notar meu tom é desesperado. - Y tiene cabellos negros, piel blanca, ella es bonita y ...

-No dijiste ayer que era bonita ( não disse ontem que eu era bonita) - Uma voz chama minha atenção bem atrás de mim, fazendo com que eu solte o ar que desconhecia estar preso em meus pulmões. -pero en todo caso estoy aquí. -conclui.

-Onde estavas? -Meu tom é exigente, o que me assusta um pouco, mal conheço ela.

-Estos descalzo, y me parece que cayó de la cama a la recepción.- Ela diz e não deixo de notar que está mais tranquila,apesar das marcas em seu rosto e braços. -vamos a subir y yo explico hacía donde fui.

Assinto e caminhamos para o elevador que não demora a chegar, inalo seu cheiro doce e sexy em silêncio enquanto subimos até que as portas de metal espelhado abrem-se no corredor que dá acesso aos nossos quartos, posso ver seu olhar confuso sem saber para qual dos quartos se dirige e apresso-me a resolver tal confusão

-Em meu quarto, vou pedir o café da manhã, e enquanto tomamos me conta onde se meteu logo pela manhã.-Digo abrindo a porta!

Com ar submisso assente de cabeça baixa, dou passagem para que ela entre, sinto que será uma longa conversa, esta mulher é diferenciada!!! E eu estou curioso sobre tudo