II

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Assim que despertei, peguei meu celular para conferir que horas eram.

— Ai caramba! Estou atrasado! — exclamei ao perceber que já faziam cinco minutos que eu deveria ter saído — Mãe, por que não me acordou? — gritei, mesmo sabendo que, do meu quarto, ela não me ouviria.

Levantei, vesti meu uniforme e desci apressadamente.

Enquanto corria contra o tempo, acabei me lembrando: Haddad iria à minha casa.
Com toda aquela correria, eu havia me esquecido completamente desse detalhe.
Meu quarto estava uma bagunça; haviam roupas espalhadas para todos os lados, além de papéis e... Ah não!

Meu pôster do 1D. Dei um tapa em minha testa ao me lembrar desse pequeno — grande — detalhe.

Tudo bem é só você pedir para que ele chegue um pouco mais tarde, pensei.

Cheguei no colégio e, infelizmente, tive que entrar no segundo horário. Por que tudo acontece comigo?
Me sentei em um banco enquanto esperava dar o horário. Passei o olho pelo pátio da escola e percebi que não era o único que havia chegado atrasado. Haviam outros dois alunos do 2° ano que também estavam lá, além de um aluno do 1° ano.

— Mais um atrasado? — pensei alto ao perceber que outro aluno estava entrando — Aquele é o...

E foi então que ele me encarou. Haddad, o garoto que eu amava e odiava ao mesmo tempo. Que sorte a minha, pensei, sendo um tanto quanto irônico.

Ele veio em minha direção e começou a falar:

— Ah, parece que o senhor perfeito também chegou atrasado — comentou rindo e eu revirei meus olhos.

— Vai encher o saco de outro — respondi seco.

— Qual é problema, Ciro? Estou te incomodando? — perguntou com um sorriso nos lábios. E que lábios.

Parei de encarar sua bela boca para que ele não notasse. Passei meus olhos para a tela do meu celular, que fora ligado rapidamente, apenas para que eu pudesse ignorá-lo.

— Vai fingir que está mexendo no celular é? Sinto muito, mas essa técnica eu conheço e uso frequentemente.

Respirei fundo. O que ele queria, afinal?

Haddad, querido, não tem como você parar apenas por um segundo para perceber o quanto você é irritante?

Ele pareceu ofendido. Não havia motivos para isso, já que minha opinião não era tão importante.

— Poxa, pensei que quisesse falar comigo...

Ah, eu quero.

— E por que eu iria querer isso? Você sempre age como se eu não existisse e, agora, de repente, quer se fazer de amigo? A bonita não se toca mesmo, né?

Ok, eu sabia que estava acabando com todas as chances que eu tinha, mas o que mais eu poderia fazer? Se tem uma coisa que eu aprendi com a minha mãe é a não levar desaforo para casa.

— Ah, eu... Sinto muito — Oi? Eu ouvi um pedido de desculpas?

Me levantei na mesma hora e coloquei a mão em sua testa.

— Você está bem? — perguntei, conferindo se ele não estava com febre — Esqueceu de tomar seu remédio hoje?

— O que? Claro que não! — respondeu zangado — Estou te pedindo desculpas humildemente e você faz isso? Oh, mas é muito atrevimento de sua parte — acrescentou teatralmente.

— Não sei se aceito seu pedido de desculpas. Hoje você só irá em casa para terminar um trabalho, nada mais. Não precisa fingir que quer a minha amizade.

— Mas eu... Realmente quero sua amizade.

— Nem sempre conseguimos o que queremos.

Falei e o sinal, por coincidência, tocou na mesma hora. Suspirei. Agora é sério, eu realmente acabei com todas — literalmente todas — as chances de ficarmos juntos — se é que havia alguma.

Cheguei na sala e me sentei atrás de Marina. Contei a ela o que havia acontecido e ela praticamente gritou:

— Garoto, você perdeu a noção? — Todos nos encararam, inclusive Haddad, que provavelmente havia percebido que estávamos falando sobre ele.

— Dá para falar mais baixo? — sussurrei.

Marina soltou seu coque e o refez, mesmo estando perfeito. Ela sempre fazia isso quando ficava chocada com alguma coisa, uma mania um tanto quanto estranha.

— Cirinho, você entende que,indiretamente, deu um fora nele, né?

— Eu sei, eu sei, mas é que eu não pude evitar. Você sabe como ele sempre me tratou. Como eu simplesmente aceitaria ser amigo dele?

Marina, de certa forma, entendeu o que eu quis dizer. Não fazia muito tempo que ele havia pregado uma peça em mim, me deixando trancado no banheiro por mais de meia hora. Sinceramente, que tipo de pessoa faz isso?

Paramos um pouco a conversa para ouvir a novidade que a professora de português queria nos contar.

— Bom pessoal, não faz muito tempo, mas eu havia comentado que teriamos uma surpresa para os alunos. Pois então, finalmente resolvemos tudo o que precisavamos e eu posso contar qual é a novidade. Teremos uma grande festa no final de outubro.

Todos se empolgaram e começaram a falar animadamente sobre o assunto.

— Silêncio, por favor. Me deixem terminar! Como outubro é o mês do halloween, vocês poderão vir fantasiados!

Essa definitivamente havia sido a melhor notícia que havíamos recebido em tanto tempo.
Já fazia muito tempo que nosso colégio não dava festas, então todos estavam realmente felizes.

Apesar de ser um evento legal, eu não tinha muita certeza se iria, não estava muito animado para festas.

***

— Me diga que você vai — Marina implorou.

— Ainda não sei.

— Por favor, eu faço qualquer coisa só para você ir. Com quem eu vou ficar se você não for? — perguntou colocando uma das mãos na cintura.

— Ah, bom...

Respondi um pouco desatento ao olhar para Haddad e me lembrar que precisava avisá-lo sobre a pequena mudança de horários.

— Desculpa Marina, mas eu preciso pensar. Eu já volto — avisei, me levantando e seguindo em direção ao amor da minha vid... Digo, em direção ao Haddad.

— Com licença — pedi.

— Ué, pensei que não quisesse falar comigo.

— Não quero, mas preciso. É que... Eu queria saber se você pode chegar na minha casa meia hora mais tarde.

— Sem problemas, mas posso saber o motivo?

— Preciso resolver algumas coisas antes — Se fossem apenas algumas...

Ele concordou e disse que chegaria 14h30. Por mim estava ótimo! Dava tempo de arrumar tudo e fingir que nada havia acontecido numa boa.

Saí de sua vista sem nem ao menos me despedir. Eu não sabia por que estava agindo daquela forma, talvez meu mecanismo de defesa acionasse apenas quando não houvesse mais perigo algum ou, sei lá. Que maravilha.

Após retornar a minha mesa, lancei um olhar a ele e percebi que ele ainda me encarava. O que está acontecendo, afinal?

***

E aí pessoal? O que vocês estão achando da fic?
Se estiverem gostando comentem ou votem, eu vou ficar extremamente agradecida <333
Caso tenham encontrado algum erro, por favor, me avisem para que eu possa alterar o texto! Obrigada 💖

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