O funeral

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(Pither🏃)

Hoje acordei bem cedo e fui correr. Precisava por minhas idéias em ordem e pensar em algumas coisas da minha vida... E isso me inspirava a corridas pelo condomínio.
Cheguei suado e entrei pela porta da cozinha procurando café, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Matheus. Talvez eu fosse me arrepender da minha decisão, mas eu nunca fui um cara muito estável.
Papai chegou de repente me fazendo pular de susto.
- Da pra parar de chegar de surpresa? Resmunguei enquanto respirava ainda cansado.
- O que a Olívia está fazendo lá no seu quarto? Ele perguntou intrigado.
- As minhas malas! Respondi ainda fadigado.
- Se você não se lembra eu vou te refrescar a memória que tu não pode viajar?! Ele disse como se eu realmente ligasse. - Não se lembra das prescrições médicas?
- Receio que sim! As regras eram " Nada de sexo! Nada de frituras e Sem esforço físico, como ficar muito tempo em uma posição só..."  Mas duas delas infelizmente já foram quebradas. E uma viajem até o interior ver o Tio Pedro não vai me levar a óbito pai!
Ele me olhou desacreditado, suponho que imaginando quais regras quebrei. Passei por ele e depois de muitos anos beijei seu rosto antes de subir para tomar o meu banho.
- Te amo pai! Ele bateu com a palma da mão na curva do pescoço e eu sorri indo às pressas para o meu quarto temendo um enorme atraso.
Saber que eu ia ver Esther novamente mexia tanto comigo que fez o meu coração pulsar! E sem querer ser muito ousado ou pervertido, imaginei suas pernas nuas sobre o meu quadril enquanto eu estava dentro dela.
Como será que ela ia reagir ao me ver? Será que estava muito magoada a ponto de me ignorar? Eu estava tão apaixonado e com tanta saudades que não sei se aguentaria essa idéia de manter a distância... Sou muito intenso, mas também sou cabeça dura, quando coloco uma coisa na cabeça não tem quem a tira. E hoje só uma coisa pode me fazer ficar longe dela... Sua Indiferença!

(Esther 🖤)

Ontem quando saí do quarto do meu pai, ele parecia estar cansado e indisposto, mas mesmo assim me disse coisas muito lindas e emocionantes... Mas mal sabia eu que era uma despedida! Minutos depois da minha saída do quarto ele faleceu. Quando Miguel foi chama-lo para jantar ele não respirava mais. Ouvi seus gritos ensurdecedor e eu imaginei do que se tratava.
-Pai? Pai? Pai me responde?! Tia vem aqui no quarto, o papai não está respirando!
E

le suplicou para toda a família mas não tinha mais jeito ele se foi... E eu acabo de me tornar órfã de verdade! Se isso serve de consolo, com certeza minha mãe estava recebendo mais um anjo para fazer companhia a ela, onde estivesse. E eu precisava ser muito forte pois carregava dois bebês na barriga e tinha que estar bem fisicamente perto de meus quatros irmãos.

Miguel cuidou de todo o processo do funeral. Eu nem perguntei onde ele poderia conseguir dinheiro nessa altura do campeonato... O único que poderia nos ajudar era o Pither! E eu jamais pediria favores a ele!
Coloquei um vestido que fazia parte dos presentes de Pither. Ele era todo preto fosco, parece que ele sabia da ocasião... E ainda sim pude lembrar dele até nos piores momentos da minha vida. Meu coração ainda era completamente dele.

Toda família esperou na sala. Os olhos da Tia Helena estavam vermelhinhos, ela chorava de dar dó! Papai era a sua única família. Diana sempre fazendo chá para quem estava tenso, e café para quem parecia querer dormir, eu recusei os dois. Sei lá meu corpo parecia ansioso. Eu estava triste mas não conseguia por pra fora! Era como se eu estivesse tão mal que não conseguisse transparecer a minha dor! Sem conseguir ao menos chorar.

(...)

O corpo do meu pai chegou no velório as três da manhã. Miguel tentou ligar para os meus irmãos diversas vezes mas era impossível comunicação. Ele não queria que eles soubessem da morte de papai somente quando chegassem aqui!
Matheus enfim atendeu as 5 da manhã e recebeu a notícia pior do que eu esperava! Pelos meus cálculos eles chegariam aqui por voltas das oito da manhã, mas infelizmente acho que algo deu errado... Pois já eram quase nove, e eles ainda não tinham aparecido.
Eu estava com um pouco de dor de cabeça, peguei um analgésico na bolsa mas acabei não tomando. Tudo me fazia sentir receio pelos bebês.
Quando vi o cabelo ruivo e impactante de Luísa descer do carro eu respirei com tranquilidade. Ela e meus três irmãos que faltavam enfim apareceram. Vi um carro prateado chegar também, tentei ver quem era mais o desespero de Matheus ao se aproximar do caixão me tocou fortemente. Era como se ele não se conformasse perder o pai, ou talvez fosse remorso por não ter tido tempo de se despedir.
Luísa me abraçou, e depois me olhou com cautela, como se reparasse mais em mim. Me virei para falar com Miguel que estava ao meu lado mas algo chamou a minha atenção.
Quando Pither entrou porta a dentro, senti cada nervo do meu corpo se contrair. Eu não sei se foi a minha imaginação mas senti minha barriga tremer. Eu devo ter ficado pasma! Pois definitivamente não esperava a presença dele no funeral.

O Reflexo de um Anjo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora