Ele está morrendo

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(Pither🔫)

Será que dói morrer? Essa é uma pergunta que ninguém te responde, e nem como você vai morrer... Tudo isso é um enigma! Mas de uma coisa eu sei, armaram pra mim! Disso eu tenho certeza... Pude perceber o Corolla preto que me seguia desde a rua da Déborah, eu tentei desviar, segui um outro trajeto e eles subiram outra rua, mesmo assim eu não respirei aliviado, também nem deu tempo eles cruzaram o meu caminho antes mesmo de eu consegui ligar para alguém.
Não era assalto! Os marginais já desceram atirando, e não levaram nada... Juro por Deus, que naquele momento a única coisa que pensei foi em Esther! Depois que você vê uma calibre 38, apontada para você, raciocinar é algo bem difícil de se fazer... Mas eu pensei nela! Foi quando algo atravessar meu corpo me joguei no chão e eles continuaram atirando. Cara! Dói! Dói muito levar um tiro, eu nunca senti tanta dor na minha vida... Mas o que eu mais desejava era que eles fossem embora.
Naquela rua deserta eu não vi como pedir ajuda... A camiseta branca já estava empapada com o sangue que fluía por todo o meu abdômen! Eu vou morrer, aqui sozinho num banco de um carro, numa rua deserta no centro de São Paulo.
"Mãe! Me dá forças para aguentar, não tem ninguém que possa cuidar da Esther por mim..." A respiração está encurtando, sinto meu rosto suar frio,
acho que é a minha pressão que está caindo... " Deus! Me manda ajuda de onde quer que seja, eu... eu...! " Perdi a consciência.

(Esther🚨)

-Me Perdoa meu amor! Vai ficar tudo bem, eu juro... Foi a única coisa que pude dizer antes de colocarem Pither numa maca e o samu o levarem para o hospital.
Otempo todo ele pedia água, acho que estava delirando os paramédicos estacaram o sangue, enquanto Matheus ligava para o Senhor Álvaro que até então não sabia de nada. Naná chorava muito, ela e Luísa foram foram ao encontro do pai de Pither enquanto eu fui para o hospital junto com o Matheus.
-

Esther você tem que ser muito forte! Foi as palavras que ele me disse antes de chegarmos no hospital.
Enquanto Pither pedia água eu chorava em meio ao desespero. Você não sabe como é a sensação de que está perdendo alguém... É como se arrancassem um pedaço de você!
Aquelas sirenes me davam tonturas, e eu estava muito enjoada! Acho que devido ao forte cheiro de sangue e o tumulto que fizeram na rua. Chegamos no hospital e eu desci correndo passando as mãos no rosto de Pither.
- Vai ficar tudo bem! Você é forte! Eu falava entre lágrimas e soluços.
- A senhorita não pode entrar na emergência... Por favor espere, na recepção! Um dos enfermeiros me advertiu.
Parei no corredor enquanto o meu anjo seguia com os médicos para dentro da UTI.
- Ele não não pode morrer! Falei me virando para Matheus e ele me abraçou com os olhos marejados.
- Esther! O Pither é forte, eu já vi ele passar por algo parecido uma vez!
Assenti sentindo meu rosto latejar, eu o amava tanto não podia perde lo dessa forma.
Senhor Álvaro e os demais chegaram e eu me afastei de Matheus.
- O que aconteceu com o meu filho? Vi um Álvaro desesperado e aflito.
Só os que as recepcionistas nos pediam eram calma. Naná andava de um lado para o outro impaciente, Matheus e Luísa sentaram se em um dos sofás e calados ficavam somente aguardando. O que nos restava era somente esperar, e essa angústia que me sufocava, que me matava... Me levantei e fui até o banheiro, fechei a porta e praticamente me joguei no chão...
"Deus! Hoje me encontro aqui num banheiro de um hospital, sei que ando meio afastada de ti e te peço perdão pelas inúmeras vezes que deixei de orar por fraqueza ou até desobediência minha mas eis me Aqui! Te suplicando pela vida do Pither! Não leve o, por favor deixe aqui eu preciso muito dele! Sei que no céu há muitos anjos, ele é o meu, deixe o comigo... Não o leve, eu imploro! "
Alguém bateu na porta me tirando da total concentração.
- Esther?! Tá tudo bem? Era Naná. Eu estava de joelhos quando me levantei para abrir a porta e senti o mundo girando. Agradeci por estar num banheiro, pois tudo o que eu tinha comigo infelizmente voltou, enquanto eu ouvia Naná bater mais forte na porta.
Me sentei no chão batendo a cabeça sobre a parede fria e destravei a porta para que ela entrasse.
- O que houve filha? Ela disse me vendo naquele estado.
- Fica tranquila é só um mal estar, eu já vou melhorar! A náusea voltou e eu vomitei outra vez.
- Não parece ser só um mal estar... Ela me analisou preocupada.
- Eu estou nervosa! Ja trouxeram notícias do Pither? Perguntei respirando com dificuldades.
- Não! Ele está sobre os cuidados médicos! Ela voltou até a porta. - Filha eu vou esperar você aqui fora!
Balancei a cabeça enquanto abria minha bolsinha pegando meu lenço e limpando a minha boca, eu não estava bem mais precisava ser forte para aguentar aquela pressão.
Dei um jeito naquela bagunça do banheiro e voltei para a sala de espera.
- Esther como você soube que Pither estava em perigo? Foi a pergunta que o pai de Pither me fez quando eu fui beber água.
Eu não ia contar para o Senhor Álvaro que eu vi tudo num sonho misterioso, e que eu fui covarde o bastante para não contar para o filho dele.
- Ele me ligou minutos antes, dizendo que tinha alguém seguindo ele! Mas eu não consegui entender porque a ligação caiu em seguida. Menti da forma mais ruim possível, ainda bem que ali não era lugar em que as pessoas costumavam raciocinar muito , não se estava em jogo a vida do seu filho,pois ele descobriria o meu nervosismo.
" A culpa foi minha!" Era só o que eu conseguia sentir, remorso! Eu devia ter prendido ele em casa e cancelado aquela maldita exposição. Ele estava tão empolgado, que nem por um momento ele acreditou nos meus maus presságios.
O Pai de Pither muito abalado acentiu voltando para o seu lugar, quando um homem chegou de branco só podia ser o médico.
- Vocês são os familiares?! Ele perguntou sem emoção.
- Eu sou o pai dele! Senhor Álvaro tomou a frente.
- O caso do seu filho é crítico a bala perfurou o fígado e ele perdeu muito sangue... Quase infartamos na hora. - Estamos sem estoque de sangue, precisamos de um doador em menos de uma hora... O paciente vai passar por uma cirurgia em seguida!
Ele saiu deixando o seu recado enquanto rostos aflitos marcavam aquele lugar.
- O Senhor! Me virei pra Álvaro. - O Senhor é o pai dele, precisa doar!
Ele abaixou a cabeça desapontado.
- Eu não posso! Eu não tenho o mesmo tipo sanguíneo do Pither! Ele deixou uma lágrima cair.
- Como não você é o pai dele!! Falei exasperada.
- Esther calma! Matheus se aproximou tocando meu ombro. - As coisas não são assim como você pensa! Não é porque eles são pai e filho que necessariamente tenham o mesmo sangue!
Meu coração que já não restava mais nenhum pedacinho a se quebrar terminou de trincar tudo.
- O sangue do Pither é raro! Como o da mãe dele! Senhor Álvaro parecia transtornado em não poder ajudar. - Precisamos de doadores O-, pois pessoas desse tipo sanguíneo não aceitam outro doador!
- Matheus? Me virei procurando soluções.
- Me desculpe Esther meu sangue é A!
- Luísa? Falei dando um nó na garganta.
- Eu sinto muito o meu é AB!
"Isso não estava acontecendo!" Meu Deus eu preciso de sangue ou o meu amor vai morrer!
- Naná? Ela balançou a cabeça muito angustiada e chorando, eu já sabia a resposta.
- Matheus será que eu não posso doar?
- Não Esther você é menor de idade! Eles não aceitam...
Sentei me no sofá completamente fora de si, quem poderia aparecer assim e doar sangue para o meu anjo?! E pior quem teria o mesmo tipo sanguíneo dele com essa disposição de altruísmo uma hora dessas?!
Comecei a bater a perna no chão tentando pensar nas possibilidades, eu não desejo esse desepero pra ninguém... É como se a vida da pessoa que você mais ama no mundo estivesse dependendo de todos nós aqui fora!
- Esther?! Matheus voltou se para mim se agachando. - Eu conheço uma pessoa que pode nos ajudar!
- O sangue é compatível? Perguntei eufórica.
- Sim! O sangue dele é O-!
- E o que você está esperando para trazer lo? Falei ansiosa.
- Esther a pessoa de quem eu falo é o meu irmão Miguel! Engoli em seco no mesmo instante.
- Matheus! O Miguel vive bêbado não vai poder ajudar nos ....
- Calma! Ele disse com segurança. - Eu vou busca lo, a gente não tem outra alternativa...
- Faça o que for necessário! Matheus assentiu e pegando a mão da sua namorada saíram do hospital.
Nessa hora uma crise de desespero me tomou, a nossa briga era contra o relógio, eu tremia tanto que sentia o sofá balançar.
- Vai dar tudo certo! Vamos ter fé! Naná disse se sentando ao meu lado.
- Diana se o pior acontecer...
- Shiiiii! Ela disse pegando a minha mão. - O meu menino é forte! Ele já acordou de um coma, vai sair dessa!
- Eu amo ele demais... Eu morreria se acontecesse alguma coisa com ele Naná! Ela me abraçou e eu desabei ali.
- Chora filha! Ela disse massageando minhas costas. - Vai passar!
Ficamos abraçadas não sei se por minutos ou por horas, pois o tempo não era benevolente com ninguém, eu via um movimento estranho no hospital e eu sabia que o caso mais complicado era o dele.
Enfim Matheus chegou com Miguel logo atrás, eu me afastei de Naná e me levantei indo ao encontro deles.
- Miguel! O chamei quase suplicando.
- Fica calma Esther, hoje eu não bebi! Coincidentemente acordei e...
- Tá Miguel! Matheus o interrompeu. - Agora não estamos pra conversinhas!
- Eu vou até o ambulatório! Miguel me deu um sorriso reconfortante. - Ele vai ficar bem!
Os dois seguiram os corredores e eu voltei a ficar inquieta, mil coisas passam pela nossa cabeça, e a tensão é tão grande que a gente sente as veias quase secarem e os nervos palpitantes em meio ao corpo.
Vi Senhor Álvaro tomar um remédio pros nervos, Naná orava baixinho ainda no sofá angustiada e eu feito uma bomba relógio andava de um lugar para outro com o que me restou de um coração, ainda muito tensa para sentir um pouco de alívio com a chegada de Miguel.
A espera era um martírio quando vi Miguel sair pela porta, eu analisei seu rosto estava sem expressão então meus olhos se voltaram para o seu braço onde tinha um esparadrapo colado, soltei o ar no mesmo instante.
- Deu certo! Ele suspirou quando chegou na sala de espera. - Agora vão opera lo, espero que o corpo dele aceite o sangue...
Todos assentiram e voltaram as suas orações, Miguel veio até a mim.
- Vão extrair a bala! Eu já vi isso nos filmes, ele vai ficar bem!
Sua intenção de me fazer rir não tinha funcionado.
- Obrigada! Eu sei que vocês estavam brigados...
- Esther independente de alguma diferença que eu tenha com o Pither, ele sempre vai ser minha família!
Eu não conhecia Miguel direito mais de um certo modo ele salvou a vida do Pither, então eu o abracei para que ele soubesse como eu estava agradecida.
- Você vai ver a cirurgia vai ser um sucesso, o Pither vai voltar pra você com o seu jeito piadista e ainda mais ciumento que nunca! Olhei pra ele e sorri em meios as lágrimas.
- Eu amo ele, Miguel! Falei passando minha mão pelos olhos.
- Ahh isso não me resta dúvidas! Ele deu tapinhas na minha cabeça. - Chora não menina! Isso só vai fortalecer ainda mais o amor de vocês!

(...)

" 4 Horas depois..."

Naná já foi medir a sua pressão duas vezes, Senhor Álvaro foi tomar um chá na cafeteria, Luísa e Matheus não se afastaram nenhum minuto da gente. Miguel também estava por ali desolado esperando notícias assim como todos nós, esperando um milagre.
Eu estava encolhida em um dos cantos, acho que nem tinha mais lágrimas para chorar, só o que me restava era a confiança em Deus.
O médico apareceu secando a testa com um lenço, eu dei um pulo totalmente esperançosa.
- Terminamos a cirurgia, extraímos a bala e ele está estável... Estamos esperando ele voltar da anestesia e reagir!

O médico saiu e todos de certa forma ficaram conversando sobre uma possível melhora de Pither. Eu saí discretamente em meio a conversa e segui uma enfermeira até corredores, ela não percebeu e eu continuei atrás dela até que chegamos em um determinado quarto, ela entrou e eu fiquei a olhando pelo vidro, ela levava medicamentos em uma bandeja como injeções e soros. Quando avistei a cama vi Pither deitado como se estivesse dormindo, senti uma lágrima cair dos meus olhos.
- A senhorita não pode ficar aqui! Ouvi a voz de uma outra enfermeira que se aproximava.
- Deixa eu entrar um minuto? É só um minutinho!
- Eu não tenho permissão do médico! Ela disse ainda séria.

- Mais a senhora não vai proibir uma moça que está com o coração partido de ver seu noivo entre a vida e a morte num leito de hospital... Eu não tenho pai e nem mãe, minha única família se resume a ele! Por favor, deixe me vê lo eu te imploro!
Ela balançou sua cabeça como se estivesse nervosa.
- Eu posso ser suspensa por isso... Tá! É dois minutinhos, nenhum minuto a mais!
- Obrigada! Falei agradecida.

Galerinha
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O Reflexo de um Anjo IIOnde histórias criam vida. Descubra agora