Fallin' All in You

Elefante branco na sala de estar.

"Bem-vindo ao 'efeito colateral'

Bem-vindo à resistência

A tensão está aqui

Entre quem você é e quem poderia ser

Entre como isso é e como deveria ser."

Estávamos largados no sofá, enquanto algum documentário do Discovery era nossa trilha de fundo, minhas costas estavam apoiadas na lateral da coluna de Shawn e minhas pernas esticadas no sofá, enquanto as pernas dele se apoiavam na mesinha de centro e o braço nas costas do sofá.

̶ Olha só que cena mais tocante. - apontei para a TV aonde uma mãe elefante ajudava seu bebê a caminhar. - Me lembra do filme do Dumbo.

̶ Me lembra a minha mãe. - virei minha cabeça na sua direção franzindo as sobrancelhas, mas ele apenas me deu um sorriso fofo e esticou sua mão esquerda na minha direção, aonde eu pude ver o desenho. Eu não tinha notado aquela tatuagem até o momento, era um pequeno e fofo elefante na lateral do dedo médio.

̶ Que tatuagem fofa, Shawn, foi a Karen que escolheu?

̶ Sim, na verdade foi a única coisa que ela aceitou fazer junto comigo. - eu estava sorrindo que nem uma idiota. - Ela tem essa obsessão por elefantes e seu infalível poder de reconhecimento, ela vive falando de como é importante a gente não se esquecer da família, pois no fim sempre serão eles que estarão lá por nós, e os elefantes tem uma memória invejável, então...

̶ Que significado mais lindo, Shawn. - eu podia sentir meu coração aquecer com essa história, a Karen é uma mulher incrível, ela me lembra da minha mãe com em muitos aspectos. Passei meu dedo de leve por cima do desenho, contornando a figura, achando ele ainda mais bonito.

̶ Mamãe tem uma igual no mesmo lugar, Aaliy finge que não, mas eu sei que ela sente ciúmes. - soltei uma risada com o tom convencido do garoto.

̶ Posso te fazer uma pergunta?

̶ Ih lá vem, sempre que você faz essa pergunta, eu fico tenso. - bati na perna do idiota que soltou uma risada.

̶ É sério, seu pateta. - ele assentiu ainda sorrindo. - Você em algum momento se arrepende de não ter ido à faculdade?

̶ Sinceramente, eu não penso muito sobre isso. - ele se remexeu fazendo meu corpo ficar mais escorado no dele, enquanto mexia no meu cabelo. - Eu não gosto muito de pensar nas possibilidades de algo que não está nos meus planos, pelo menos não por agora. Eu prefiro viver o presente e aproveitar ao máximo tudo o que vem acontecendo comigo, quero extrair o máximo de experiência que eu puder de toda essa loucura, eu não me vejo fazendo outra coisa.

̶ Tudo bem, mas hipoteticamente falando, se você tivesse de escolher um curso na faculdade, qual seria?

̶ Hipoteticamente falando, eu acho que teatro ou música provavelmente, eu não sei se sou capaz de fazer outra coisa. - fechei os olhos me sentindo relaxada com seu cafuné. - Por quê?

̶ Pois eu acho que você seria um ótimo escritor.

̶ É mesmo? E por que você a acha isso, dona Emily?

̶ Olha só as letras das suas músicas, tem tanto sentimento nelas, é tão você e ao mesmo tempo podia ser qualquer outro. - mantive meus olhos fechados com o carinho que o meu couro cabelo estava recebendo.