PRÓLOGO

249 34 9
                                    

Oláaa. História nova saindo do forninho rs. 

Espero que curtam a leitura tanto quanto curti em escrevê-la! Na verdade, fiquei apaixonada.

Revisão não oficial, ok? ;) Postagem toda sexta feira :)

Bem-vindos a Atraídos! 



Prólogo 

Alexia

Acordei sobressaltada. Um barulho vindo do andar debaixo me despertou dos pequenos cochilos os quais eu me permitia ter em algumas noites quando Marie estava de volta. Deveria ser mais alguns dos amiguinhos de minha mãe buscando uma de suas merdas por aqui.

Mantive meus olhos fixos na porta, mas para meu alívio, o barulho cessou. Ótimo, acharam e foram embora. Um mês de alívio foi o máximo que obtive com ela fora.

Rolei na cama, sobre meus lençóis surrados, mas não consegui voltar a dormir. E eu precisava, no mínimo, de algumas horas de sono, já que começaria em um novo emprego pela manhã. E, pela primeira vez, eu vi alguma esperança para mim. Para minha vida. Não estragaria tudo de novo, eu precisava estar descansada para não perder o foco. Esse daria certo, estava confiante.

Olhei para as manchas emboloradas no teto, elas tinham aumentado, a cada dia a sua representação se formava como desenhos. Era uma distração, assim como olhar as nuvens, mas dessa vez não o bastante para me fazer pegar no sono novamente.

— Droga! — resmunguei ao me levantar. Talvez um copo de leite me ajudasse, no entanto, se a única garrafa que comprei pela manhã ainda estivesse na geladeira.

Destranquei a porta e olhei para os lados, vigiando os corredores, não queria dar de cara com o escolhido da noite. Sentia-me uma intrusa em minha própria casa. Isso, claro, devo agradecer a minha mãe.

Desci os degraus de madeira. Essa casa era tão bonita quando nos mudamos, meus avós haviam deixado para mamãe. Eu era pequena, em torno dos 4 anos, mas ainda me lembrava das paredes limpas, pois eram bem melhores do buraco onde vivíamos, embora agora, esteja tão parecida ou pior do que aquele buraco.

Estanquei no meio da escada quando avistei pernas para o ar sobre o sofá. Um cara entre elas e seus movimentos eram bem precisos, deixando claro o que estavam fazendo.

Meu estômago embrulhou.

Não era novidade pegar minha mãe transando aos cantos da casa, mas justo hoje, eu não queria ter essa imagem na minha mente.

Baixei os olhos e segui meu caminho. Deveriam estar muito chapados para nem fazerem barulho. Nojento.

A pia estava um nojo, lotada de seringas e sacolas de papel. Isso não estava aqui quando cheguei, pois me lembrava muito bem de ter lavado a louça de quatro dias. Claro, quando a companhia de água resolveu religá-la após eu ter consegui pagar a conta atrasada.

Respirei fundo e abri a geladeira e, como eu imaginava, a garrafa estava vazia.

Contei mentalmente até dez para não criar uma cena. Fechei a porta da geladeira com cuidado para ela não despencar. Ela teria de durar mais um pouco até eu poder juntar grana o suficiente para substituí-la. Estava na minha lista. Mas assim que me virei, me deparei com o amiguinho da minha mãe me encarando. O bastardo não teve o trabalho sequer de entrar em suas calças.

— Saia — ordenei entre os dentes. Ele me olhava com seus olhos vermelhos e brilhantes numa malícia suja. Quis vomitar.

— Marie, olha quem veio participar da festa — disse com voz arrastada.

Rolei meus olhos e segui meu caminho, mas ele bloqueou a passagem.

— Escuta, volte para onde estava e me deixe passar, ou eu juro que irei usar essa sua minhoca de isca em uma pesca pela manhã.

Erguendo os braços ele me deixou seguir, olhei para minha mãe, somente vi a fumaça de seu cachimbo e seu cabelo emaranhado aparecendo sobre o encosto do sofá. Se é que poderia ser chamado de sofá, eu deveria ter queimado aquilo há tempos.

— Eu preciso realmente dormir, vou ter algum problema com seu amigo por hoje? — indaguei. Ela virou seu rosto. Seus olhos estavam arroxeados, eu não tinha reparado mais cedo quando ela apareceu em casa após um mês sumida. Em um tempo passado, eu correria para buscar gelo e alguns curativos, mas hoje, por mais que me incomode um pouco, não é o suficiente. É a vida que ela gosta, a vida que a faz bem. Desisti de ajudá-la.

— Lex, querida...

— Vou ter algum problema? — perguntei novamente. Ela não ligava para mim, sua voz embriagada não escondia seu tom falso. Com os anos eu fui reparando até o dia que compreendi o seu desprezo.

— Ora, não. Fred é um bom homem. Estamos apenas nos divertindo. Volte a sua caretice.

— Ou talvez ela queira se juntar a nossa brincadeira, meu bem... — O ouvi dizer, bem próximo. Marie sorriu e me olhou interrogativa. Sério mesmo que ela cogitava aquilo?

Girei em meus calcanhares e os deixei para subir as escadas.

— Ela é assim, careta. Deixe-a e ela não será um problema, eu garanto.

Mas parecia que Fred estava disposto a me infernizar. Ele me seguiu, não estava tão chapado quanto eu pensei que estava. Pois sua agilidade em me segurar enquanto eu corria os degraus para cima, me espantou.

— Com pressa, meu bem? Junte-se a nós. Veja bem, eu sei que você faz alguns favores... Qual seria a diferença entre nós, hã?

Eu engoli. Não tinha medo, sempre soube me cuidar.

— Me solta, seu imundo! — rugi o estapeando no rosto. — Marie, o leve, agora. Ou chamarei a maldita polícia.

Marie gargalhou, ela sabia que minhas ameaças não valiam ou sofreria as consequências na mão dos traficantes de nosso bairro por levar a polícia ali.

— Vadia de merda!

Não calculei o tempo em que cai sobre minha bunda e nem quando fiquei zonza com o soco em meu rosto. Somente senti o gelado escorrendo em meu nariz.

Chutei-o bem entre as pernas e consegui correr.

— Isso é por falar demais, Alexia, você sempre teve uma boca grande. Fred, você está bem? — Ouvi Marie dizer enquanto eu fechava a porta do meu quarto. Ela estava preocupada com ele. Era sempre eles, nunca eu!

Rastejei até meu banheiro, as lágrimas pinicando atrás dos meus olhos. Lavei o rosto, não foi grande coisa. Um lábio partido e um arroxeado na bochecha. Merda! Eu sequer tinha a droga de uma maquiagem para esconder aquilo pela manhã. O que eu diria a minha chefe sobre isso? Em meu primeiro dia na sua recepção aparecer com essa cara?

Observando meu reflexo no espelho, eu me vi inútil. Vivendo em uma batalha sem fim. Minha vida não iria mudar, meus desejos não iriam se concretizar enquanto eu tivesse a sombra de Marie ao meu redor. Já havia passado da hora de abrir mão do sangue que nos unia, pois em vinte e três anos da minha existência, ela nunca abriu mão de nada por mim. Eu tentei. Lutei por ela, mas fora o fim. Não agüentava mais. Não tinha mais forças de continuar nesse ciclo contínuo de merdas.

Era hora de seguir.

Fui até minha cômoda, abri a gaveta onde eu guardava o amontoado de papéis e pesquei a última carta de Enzo. Ali estava a minha última esperança. 

AtraídosOnde histórias criam vida. Descubra agora