— Você a empurrou.
Foi tudo que consegui dizer quando terminei de ouvir a história, em um tom de voz falho e trêmulo, afinal, era tudo que conseguia pensar. Professora Jeongyeon empurrou Son Chaeyoung das escadas, e ela morreu, cinco anos atrás, meses antes da formatura.
E ela não negou, nem valeria a pena, apenas ficou me olhando em silêncio enquanto eu raciocinava cada sílaba dita nos últimos sete minutos, eram tantas informações. Eu pensei que estar em coma era uma droga, mas agora percebo que é melhor do que encarar essa realidade em que eu vivo.
— Ela sabia sobre vocês duas, não sabia? Ela sabia que você estava transando com uma aluna do segundo ano, e pior, a pagando por isso. Ela era apaixonada por você, e descobriu que o amor dela cometia um crime! Imagina... Você é uma garota apaixonada, então descobre que seu amor transa com uma garota da turma ao lado e que ainda a ajuda a comprar as porcarias das drogas que ela ainda usou pra me colocar em encrenca! — aumentei meu tom de voz na última frase, meu sangue fervia de uma raiva acima do normal que eu estava sentindo — Deve ser horrível, né? Horrível ao ponto de querer contar pra todo mundo. Mas ela não teve a chance... porque ela morreu.
Eu sentia nojo naquele momento, mas não sabia se era nojo de Jeongyeon, de Tzuyu, ou de mim. Eu poderia ter feito algo, poderia ter denunciado, poderia ter ajudado Chaeyoung, ela era uma garota talentosa, iria para uma boa faculdade, mas morreu. Talvez fosse melhor para ela ter ficado em coma, e não para mim.
Minha antiga professora me olhava calada, sua expressão era indecifrável e assustadora ao ponto de eu não questionar nem por um segundo o porquê de ela não dizer nada. Só queria sumir dali o mais rápido possível e nunca olhar para trás.
— Por que eu menti por você? — era minha maior dúvida e com certeza o único motivo de eu ainda estar ali olhando pro rosto imparcial de Yoo.
— Você não era perfeita, Hirai Momo, pode me julgar a vontade, mas, você não era perfeita. — seu tom de voz naquela frase a fazia soar como se soubesse todos os meus pecados. E talvez soubesse.
Ela se afastou, voltando a se sentar e me olhar do mesmo jeito que passou a me olhar depois daquela noite, como quem sabia que eu guardava um segredo. E eu novamente queria chorar, sair correndo, gritar, chamar a polícia e me esconder atrás de mentiras. Mas se tem uma coisa que ela tinha razão naquele momento, uma coisa que me fez ficar sem palavras de verdade, é que eu não era perfeita.
— Tzuyu... — um sentimento ruim bateu ao pronunciar aquele nome.
— Não a vejo faz alguns anos. Ela foi fazer faculdade longe e hoje mora nos Estados Unidos. — ela parecia decepcionada ao contar — Era isso que você queria saber, não era? Agora já sabe e-
— Você ao menos se lembra dela? Dos seus alunos? De Chaeyoung? — a interrompi, sentindo meus olhos lacrimejarem.
Toda aquela situação era um gatilho para eu desabar em lágrimas, eu nunca fui alguém tão sentimental e chorona, mas minha vida estava acontecendo de uma forma que eu nem sequer conseguia acompanhar, e isso me deixava mais que triste, me deixava com raiva. Eu chorava por raiva.
— É claro que eu lembro, eu lembrava todas as vezes que eu passava por aquela portaria, que eu subia aquelas escadas, que eu via o mural dos alunos, que eu fechava os olhos para dormir e os abria para viver. Eu lembrava dela toda vez que passava na frente do café onde a gente conversava; e com certeza eu lembrava dela toda vez que eu via você, Momo; lembrava do maior erro da minha vida. — ela fez uma pausa, mordendo seu inferior, estava nervosa como eu — e quando você se acidentou e Tzuyu foi embora, eu percebi que eu não podia mais estar lá, que aquilo tudo era culpa minha, eu fazia mal para os meus alunos de alguma forma. Foi por isso que eu saí.
Agora eu tinha mais uma coisa em comum com a ex professora Jeongyeon; ambas queríamos fugir dos nossos passados.
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10881 [♡] namo; twice.
Fanfichirai momo acorda de um coma e encontra as cartas de um antigo amor, então decide encontrá-la depois de anos. © original by loztus