Nunca se sabe o dia que vai ser seu último suspiro, ou a última vez que você vai rir de alguma piada, sair com seu cachorro, brincar com seu irmão, dizer que ama seus pais, beijar na boca... Somos movidos por um grande e significante desconhecido tempo. Eu costumava me perguntar quando era mais jovem: será que um dia eu vou ter minha última vez pra alguma coisa, e vou saber que será a última?
Minhas pernas tremiam enquanto eu tentava caminhar decentemente ao lado daquele homem, o tempo todo encarando Dahyun ao meu lado para ter certeza de que eu não iria morrer sozinha ali. O homem nos guiava por uma calçada coberta de folhas e Dahyun encarava seus pés inquieta, e eu? Bom, eu SURTAVA mentalmente querendo explodir tudo que tinha ao meu redor, por dentro, claro, pois por fora eu estava o poço da calmaria.
— Então, onde estamos indo exatamente? — Kim questiona, visto que eu a obriguei a me seguir sem explicação nenhuma.
— Ah, desculpe, estamos indo para minha casa. Momo disse que era uma velha amiga de Nayeon e queria ouvir sobre ela, mas ela não está hoje, então pensei que poderia servir um café e conversarmos, certo? — Eu não negaria que ele parecia um homem gentil, e talvez um ou dois anos mais velho que nós, mas tudo que eu conseguia sentir era medo e vontade de correr.
Não demorou muitos minutos para chegar na casa, era pequena e de dois andares com uma estrutura moderna, realmente uma casa em que eu imaginava Nayeon vivendo. O que só piorava minha situação já que eu estava tentando acreditar que não era ela de quem estávamos falando.
Sentamos no sofá e minutos depois duas xícaras de café quente estavam sobre a mesa. Eu não era tão adepta assim à café mas precisava de algo para me acordar do grande impacto que tinha recebido.
— Então... Como conheceu Nayeon? Busan não é tão perto daqui, vocês costumavam se encontrar em shows? — ele começou, com um sorriso simpático no rosto.
— É, n-nós... nos conhecemos pela internet, através de um chat online. Viramos boas amigas, mas nunca nos encontramos de verdade. — Fui sincera, afinal, não precisava mentir, não é como se eu representasse alguma ameaça à ele.
— Oh, claro, chat online... eu acho que já ouvi algo sobre isso vindo dela. E você, também era sua amiga? — Ele virou-se para Dahyun, que imediatamente despertou de seu transe.
— Ah, não, não, só estou acompanhando Momo.
Eu podia apostar que por alguns segundos ele nos olhou com certa curiosidade e desconfiança, mas não durou por tanto tempo já que logo depois estava sorrindo novamente.
— Bom, Nayeon foi um anjo para mim, salvou minha pele não só uma como varias vezes. Eu devo tudo à ela, principalmente minha gratidão. — Ele começou, e eu preparei meu psicológico pois sabia que teria de aguentar tudo aquilo sem dar pistas do quão triste eu estava — Na verdade, eu não estaria aqui agora se não fosse por ela. Eu não sou coreano, vim da China quando tinha 20 anos, e por pouco não acabei tendo que voltar. Assim que eu me mudei, meus pais queriam que eu voltasse e, foi terrível pôr a ideia de voltar pra lá em prática, ainda mais porque minha vida foi planejada aqui e era difícil todos os dias estar lá. Seria um inferno.
Aquilo estava confundindo minha cabeça, que já não era muito certa.
— Bom, eu iria sofrer, todos os dias iria sofrer. Até que conheci Nayeon alguns meses depois, pois eu trabalhava no hospital e ela vivia lá. Acabamos tomando café algumas vezes e eu contei a situação sobre meus pais. Ela também não tinha pais muito fáceis, eles a culpavam por estar doente, ela não tinha culpa de ter câncer, não é? — Aquilo doeu como uma faca perfurando meu peito, todas as memórias me atacando psicologicamente — Por fim, bolamos um plano juntos, onde nós dois sairíamos ganhando e seríamos felizes. Acontece que nós dois não-
E quando eu comecei a raciocinar, ele parou de falar na medida em que um barulho na porta chamou a atenção de nós três. Ele se levantou e foi até a batente que separava a sala do corredor, acabando por sorrir para o que eu e Dahyun ainda não tínhamos ideia do que poderia ser.
— Eu achei que só voltaria amanhã, vem, temos visita e acho que você vai gostar! — Ele disse.
Meu coração todo se acelerou e minhas mãos travaram quase fincando minhas unhas na camurça do sofá. Dahyun se levantou depressa e me olhou como se eu estivesse prestes a explodir, e eu realmente estava.
Ouvi os passos e som de chaves, mas nenhuma voz, e cada segundo que se aproximava eu sentia minha morte dando oi.
Até que, em questão de três segundos, lá estava ela, a representação perfeita, em todas as cores e silhuetas, não por foto, nem por palavras. Era ela, somente ela; carne e osso; coração e alma.
Im Nayeon me encarava no batente da porta com uma expressão de quem tentava resolver um problema complexo de matemática, e eu a encarava como quem estava prestes a desarmar uma bomba.
— Diga oi! — Ela disse próximo a ela, um tanto confuso e aposto que devia estar mesmo, já que faziam quase quinze segundos que a sala estava em silêncio e nós dois nos encarávamos.
— Momo, diz alguma coisa. — A voz nervosa de Dahyun sussurrou em meu ouvido e eu abri a boca, apenas para tentar dizer qualquer coisa que fosse, mas nada saía.
— Huh... oi, hm... Momo? — Ela disse primeiro.
Fogos de artifício começaram a estourar e milhões de confetes caíram do céu, unicórnios pulavam ao nosso redor enquanto fadas cantavam músicas de amor.
No meu pensamento, claro.
— Oi, Nayeon, quanto tempo, né? — Foi o melhor que eu consegui dizer junto a uma risada nervosa.
Ah, tantas coisas pra se dizer, tanto ensaio em frente ao celular pra no fim: quanto tempo, né? PORRA Momo, PORRA.
— S-sim, nossa, nem acredito que é você aqui. Como... como me encontrou?
Nem eu sei.
— Ah, eu... eu achei suas cartas. aquelas... de anos atrás.
Sua expressão mudou totalmente, para exatamente aquela que fazemos quando lembramos de algo muito, muito antigo. E ela sorriu, sorriu uma linha reta em seus lábios pressionados, mas sorriu.
E aquilo foi o suficiente para eu me apaixonar mais uma vez por Im Nayeon. Mas dessa vez em questão, ela estava bem na minha frente.
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10881 [♡] namo; twice.
Fanfichirai momo acorda de um coma e encontra as cartas de um antigo amor, então decide encontrá-la depois de anos. © original by loztus