Jody Valenti é movido a desafios, através deles acabou parando na pequena cidade de Elsie Lagoon, pronto para investir em sua mais nova jornada: o Warriors Oliver, bar de motoqueiros da região. Tudo no estabelecimento lhe parece promissor, inclusive...
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JODY
Tudo a minha volta se tornou um borrão a partir do momento em que a vi pelas portas de vidro do café. Senti meu corpo se levantar, se mover lentamente absorvendo sua imagem e depois impulsionar para andar mais rápido com a constatação de que é real. Julie está aqui.
Ela cruzou estados, e está aqui.
Não sei como isso foi possível, não faço ideia de como ela soube sobre Lana, e a verdade é que não me importo. A única coisa importante neste momento é abraçá-la e sentir seu perfume cítrico.
― O nome dela é Lana...
Julie interrompe seu diálogo com a recepcionista por perceber minha movimentação, seus olhos saltam e ela abre a boca prestes a falar qualquer coisa, mas se interrompe quando puxo seu corpo contra o meu.
Ouço o barulho de algo caindo, mas não me atento a isso, tudo que importa é sentir seu corpo se juntar ao meu e perceber que é real. Julie está aqui.
Ela suspira ao me rodear com os braços, afundo meu rosto contra seu pescoço, então a angústia se esvai. Abraçar e cheirar essa mulher dá a percepção de que tudo vai ficar melhor. O amanhã não importa, porque nada pode atrapalhar esse momento.
Acho que estou tremendo, pois suas mãos estão esfregando de forma frenética meus braços, então percebo, não estou só tremendo, estou chorando. Enfim posso jogar minhas emoções para fora, minha âncora está aqui, me segurando e sussurrando que vai ficar tudo bem.
Julie me afasta com um pouco de força, acho que a estou sufocando, e dando um belo show no saguão do hospital, ela passa a ponta da manga da blusa sobre meu rosto de forma gentil, limpando-o.
― Estou aqui, seja lá como ela esteja, não saio do seu lado. ― sussurra com a voz se quebrando um pouco, emocionada. ― Só, por favor, me diga que ela está bem.
― Não sabemos. ― consigo por para fora. ― Fazem mais de vinte e quatro horas que não temos notícias.
― Isso é bom, notícia nenhuma é melhor que uma má notícia.
Só consigo acenar e pego sua mão coberta pela manga da blusa. Julie se abaixa e pega uma mala pequena e a jaqueta, então o barulho de algo caindo era isso.
A puxo para o café, meu pai dá um sorriso mínimo e se levanta para cumprimentá-la. Julie se senta na cadeira vazia ao meu lado, em momento nenhum consigo soltar sua mão.
― Quer comer algo? ― meu pai pergunta solicito.
― Ah, seria bom, fiquei cinco horas no aeroporto de Connecticut para conseguir uma passagem e odeio comida de avião.
Sua resposta me emociona, mas incapaz de dizer algo apenas aperto seus dedos, meu pai chama a garçonete novamente e Julie faz seu pedido por um sanduíche e um refrigerante.
