Capítulo 1

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 JULIE

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JULIE

Eu tenho a sensação de que o Charlie está irritado.

Talvez pelo fato dele já ter coçado a careca lustrosa umas dez vezes, ter errado uns três pedidos e ter levantado a voz para Hattie.

A última hipótese que me convenceu, afinal ninguém nunca o viu levantar a voz para Hattie, ela era sua filha favorita, Ada era a rebelde, Hattie era a dócil e meiga.

O que me fez questionar o que diabos estava acontecendo?

Charlie é um dos melhores amigos do meu pai, o conheço minha vida inteira e ele me deu o primeiro emprego de garçonete, onde permaneço até hoje, e nunca, em todos os meus vinte e um anos o vi assim.

- Ele já saiu? - o sussurro de Hattie vem da frestinha da porta da cozinha, mordo a bochecha para não rir, é realmente muito inusitado vê-la com medo do pai.

- Sim. - respondo, ela dá um suspiro e sai pela porta. - O que está acontecendo com seu pai?

Ela arruma os óculos no nariz, depois coça a sobrancelha loura.

- O cara que quer comprar o bar vem hoje.

Franzo meu nariz em desgosto, a uns três meses Sara, minha irmã mais velha e contadora de Charlie, entrou pela nossa cozinha, com ombros curvados, muito chateada e dizendo que o Warriors Oliver não iria durar muito tempo e que logo decretariam falência.

Papai ficou desolado, afinal foi no bar do melhor amigo que ele pediu minha mãe em casamento.

A uma semana Greta, mulher de Charlie, anunciou que tinham um comprador para o bar, mas isso não deixou o marido dela feliz, primeiro porque aquele era o sonho da vida dele, segundo porque o cara que queria comprar estava pensando em transformar seu amado bar de motoqueiros em uma boate.

Até a recatada Hattie estava chateada, eu estava, meu pai e meus irmãos, as motocicletas estavam em nosso sangue, e o  Warriors Oliver era nossa segunda casa.

- Faz uma semana que eu acho que papai vai ter um infarto. - ela cochicha. - Isso não deve fazer bem para ele, deixei até o Roy na discagem rápida.

Roy é meu irmão, recém ingresso na Escola de Medicina.

- Pode ser útil. - concordei. - Mas sua mãe acaba de levar seu pai embora, disse algo sobre ele estragar a negociação.

Hattie pisca para mim por trás das lentes grossas de seus óculos, parecendo desacreditada.

- Puta merda, ela fez mesmo.

A encaro confusa, nunca antes eu a vi xingar, Ada sua irmã gêmea sim.

- Ela quer que eu faça a negociação, disse que o cara é lindo e pode ser um bom partido.

Respiro fundo para não gargalhar, a mãe de Hattie tem um medo profundo da filha morrer sozinha, como uma tia-avó que ela tinha que vivia com cinco gatos.

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