Fiquei pensativo durante todo o expediente, montamos um escritório na vila para que eu acompanhasse de perto tudo o que acontecia na obra.
- Senhor separamos tudo o que pediu de móveis daquela casa colorida. - O supervisor entrou em minha sala.
- Podem mandar para minha casa, deixem no depósito, vou mandar resolver, cadê a boneca? - Perguntei.
- Aqui. - Ele me estendeu, era a mesma que eu tinha apanhado naquela noite chuvosa.
- Obrigado. - Indiquei a porta para que ele saísse.
Não sei porque motivo, mas o desejo de ir pra casa era bem maior do que já foi um dia, na verdade nunca quis ir pra casa cedo sempre fiz de tudo para buscar na rua o que me faltava em casa, mas quero conhecer o que essas meninas escondem, sinto a necessidade de protegê-las, por que meninas? Porque por mais que a Cecília demonstre força ela continua sendo uma menina que não teve opção, suspiro, isso esta indo longe demais.
Começaram a demolição da Vila e pela primeira vez acho que fiz algo certo para alguém, havia procurado saber informações das outras famílias, dando assistência a cada um deles quando preciso, mas boa parte já estavam instalados.
Respondi alguns e-mails e fui em duas reuniões que me renderam alguns milhões na minha conta estava satisfeito, meu despertador tocou anunciando que tinha alguém para buscar, sorri lembrando da loirinha de Maria chiquinhas tortas mais linda que eu já vi.- Vamos Cristóvão? - Passei em sua sala o chamando.
- Meu adicional de motorista não foi adicionado ao meu contracheque. - Disse sorrindo ao esticar o dedo do meio em sua direção.
- Já pago gasolina demais pra você.
- Onde vamos senhor? - Perguntou abrindo minha porta.
- Só não é mais idiota por falta de espaço. - Disse irritado. - Buscar a Dulce.
- A garotinha de hoje cedo?
- Não, minha mãe.
- Eita ignorante. - Falou colocando o carro em movimento, ignorando a gracinha. - Você viu algo sobre a prótese?
- Ainda não, mas irei ver isso o mais rápido possível. Essa menina é muito pequena e não merece passar por uma situação assim, é só uma criança.
- Quem diria, estou impressionado em te ouvir falar assim.
- Sei que não sou nenhum cara que demonstra sentimentos, pois você sabe minha opinião sobre esse assunto, mas também não sou nenhum monstro e sinto que devo ajudar as duas. Elas precisam e acredito que não faço mais que minha obrigação, nada mais que isso.
- Vou fingir que acredito, não existe nada além disso. - Ele falou parando o carro num sinal qualquer.
- Acredite se quiser. - Falei abrindo a porta para ir pegar a Dulce. A pequena estava sentada em um dos banquinhos, não tão sorridente do que eu costuma ver. Me aproximei e me sentei ao seu lado. - Posso saber porque essa carinha? Te conheci tem pouco tempo, mas nunca vejo seu sorriso sair do seu rosto.
- Hoje era dia do brinquedo na escolinha titio e não tlouxe a minha bonequinha, na verdade ela ficou lá na outra casinha.
- Ela era assim tão importante pra você? - Perguntei estendendo minha mão pra que juntos fossemos para o carro.
- Eu só tinha ela. - Falou de cabeça baixa chutando uma pedra que tinha no caminho.
- Não fica assim.
- Eu sei que não devia ficar triste titio, porque tem crianças que não têm nadinha pra brincar. Mas eu sinto falta da minha bonequinha. - Fez um biquinho, e eu a ajudei entrar no carro e colocar o cinto.
- Se eu pedir pra você confiar no tio que tudo vai se resolver, você confia?
- Simpiririm, porque você é um titio muito bonzinho e que deixa eu dormir numa cama quentinha junto com minha irmã. A gente tem que agladecer porque passou muito flio, não tem ploblema que você não sabe fazer leitinho, a Ceci ajuda. - Sorriu doce. - Obligada tio. - Disse me dando um beijo na bochecha.
- Assim eu vou chorar. - Cristóvão disse sorrindo. - Eu quero um beijo também acho que mereço.
- Um beijo no capricho no titio Cristóvão. - A pequena sorriu e depositou um beijo no rosto dele.
- Está com fome pequena?
- Estou titio, minha rabiga não para de reclamar, o que eu faço com ela?
- Vamos comer e alimentar essa barriga então.
- A gente podia vê a Ceci plimeilo, eu to com uma saudade glannnde dela. - Disse abrindo os bracinhos. - Sabia que ela é muito linda e é minha irmã titio Cristóvão?
- Ah mas eu não tenho dúvidas disso Dulce, porque você é muito linda e deve ter puxado sua irmã, não é mesmo Gustavo? - O mesmo arregalou os olhos pra mim em sinal de reprovação.
- Você não acha titio Gu minha irmã linda?
- Sim princesa, tão linda quanto você.
- Ela vai ficar feliz em sabe que você também acha ela linda.
- Nada de comentar sobre isso com ela. - Fiquei assustado com a ideia.
- Por que não?
- Por que ele mesmo vai dizer isso Dulce, você não acha melhor? - Cristóvão falou e nem preciso dizer o quão brilhantes ficaram os olhos da pequena.
- Muito melhor titio Cristóvão, tenho certeza que minha irmã vai ablir um sorrisão. - A pequena falou feliz e Gustavo fazia um sinal para Cristovão o reprovando.
- Eu vou te matar. - Sussurou baixo.
- O que foi titio?
- Nada meu amor, já chegamos. Vamos subir?
- O titio Cristóvão também vem? - Dulce perguntou doce alheia aquela situação.
- Eu não perderia isso por nada pequena. - Disse trancando o carro.
- Eu vou te matar e é hoje. - Sussurrei para que ele escutasse enquanto puxava uma Dulce sorridente pela mão.
- Eu não tenho nada a ver com as ideias dessa menina ai. Nunca pensaria em algo tão legal. - Sorriu enquanto eu desferia uma tapa na altura da cabeça, imaginando onde tinha me metido.
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Na Escuridão dos Seus Olhos Azuis
LosoweMe pego pensando como a vida pode ser injusta na maioria das vezes, a alegria não é algo que eu acredite e nem tão pouco viva. No auge dos meus 21 anos só tenho me erguido todos os dias por causa da minha doce irmãzinha, inocente e pequena demais p...