- Eu não. - Disse nervosa respirando fundo, o que poderia fazer?
- Como assim? - Perguntei arrumando uma mecha do cabelo que estava fora do lugar, aproximando nossos lábios.
- Eu nunca beijei ninguém. - Falei escondendo os meus olhos, tamanha vergonha. - Não sorria de mim.
- Como assim? Estavam todos cegos?
- Acho que apenas não viram nada de atrativo, porque não tem.
- Não fale assim. - Cheguei mais perto não podendo esconder o sorriso que me dominava. - Apenas relaxe Ceci.
- Gustavo, e-eu não consigo.. - Minha voz falhava, minhas mãos estavam trêmulas, eu queria, mas não podia aceitar.
- Calma, é apenas um beijo. Na verdade, o melhor beijo que você vai ganhar em toda sua vida. - Ele sorriu convencido, claro já era experiente.
- Mas que pessoa convencida.
- Apenas realista. - Se aproximou ainda mais.
- Não sei se estou preparada pra isso. É estranho.
- Nunca pensei que chegaria nessa fase da minha vida onde me negariam um beijo, logo eu Gustavo Larius. - Sorriu ainda bem perto de mim.
- Não estou negando.
- Tudo bem. - Me aproximei beijando demoradamente sua testa. - Não vou forçar ta bom?
- Obrigada. - Agradeci meio sem jeito, pela primeira vez queria alguém pra conversar e tirar dúvidas.
- Posso pedir um abraço?
- Vamos ver.. - Ficou pensativa. - Claro que sim, afinal como diz a Dulce, abraços quentinhos acalmam o coração. - Ela se aproximou de mim e nos abraçamos, meio desajeitados, afinal eu era bem mais alto que ela, mas mesmo assim, depois de muito tempo eu me sentia bem ao abraçar alguém.
- Obrigado Cecília.
- Obrigado pelo que? - Olhou pra cima sem me soltar ainda do seu abraço.
- Por existir. - Sorri, sincero para ela.
- Não é pra tanto. - Ela gargalhou agora me soltando e eu senti falta dela em meus braços, que estranho.
- É impressão minha ou você não gosta de receber elogios, ouvir algo bom referente a você?
- Já disse, não estou acostumada com isso. Mas agradeço de coração. - Sorriu terna. - Acho que agora precisamos dormir.
- Mas deveria se acostumar é bonita demais para se acostumar com coisas que te coloquem para baixo.
- Vamos dormir? - Perguntei de novo tentando fugir do assunto, queria ter a coragem de beija-lo, mas tenho que me acostumar com a ideia esta muito cedo ele não sabe o que quer e eu quero algo especial, que me faça lembrar mesmo quando estiver velhinha.
- Tudo bem Ceci, sem ser íntimos. - Gargalhou. - Fuja do assunto e vamos dormir.
- Besta. - Deu uma risadinha e o acompanhei até a porta do quarto e antes dele sair, se virou e mais uma vez beijou minha testa. - Boa noite.
- Boa noite Gustavo. - Sorri e fechei a porta, me encostando nela em seguida, ficando com meus pensamentos. - O que está acontecendo comigo? - Suspirei, um misto de sensações se passavam por mim.
Sorrindo e ainda com uma sensação que estava nas nuvens fui me deitar, suspirando como uma idiota, gargalhei ainda mais, beijando a testa da minha irmã puxando ela para mim.
O dia amanheceu preguiçoso acho que dormi demais, sorri procurando minha irmã, estranhando a mesma não estar mais na cama, levantei assustada, procurando ela pelo corredor, não tive coragem de bater na porta do Gustavo, ela não estaria lá, desci correndo as escadas respirando aliviada ao ouvir as gargalhadas deles por lá.- E você não podia ser um heloi melhor. - Pude ouvir a voz da Dulce.
- Você queria ela e eu trouxe.
Espiei colocando um pouco a cabeça para vê-los minha irmã estava sentada na ilha com a sua boneca no colo, mas como ela tinha parado ali?- Eu vou poder levar ela pra escolinha. - Sorriu abraçando Gustavo pelo pescoço, ele mesmo desprevenido retribuiu o gesto sorrindo levantando o rosto e me encontrando lá toda besta observando eles, nada disse apenas sorri.
- Olha quem acordou. - Ele apontou para onde eu estava, e meu pequeno furacãozinho veio correndo ao meu encontro. - Olha Ceci, o titio Gu trouxe minha bonequinha.
- Estou vendo meu amor e você já agradeceu ele?
- Dei um abraço bem grandão e agradeci, isso conta titio?
- Claro que conta minha princesa. Com licença. - Saí rapidamente ao sentir meu telefone vibrar e ao ver quem era não consegui manter a calma. - O que você quer?
- Estressado uma hora dessa da manhã primo? Esqueceu que tem família?
- Não me lembro dessa palavra, não me faça ser grosso com você Estefânia, se for falar de certas pessoas é melhor desligar.
- Calma Gustavo, eu só estou ligando pra dizer que estou com saudades de você primo e que independente de tudo, você sabe que é muito importante pra mim. Estava pensando em ir aí, passar uns dias com você. Posso?
- Vai falar no resto da família? Porque se for já sabe a resposta.
- Você já foi mais carinhoso comigo Gus. Posso ou não?
- Antes que você venha, quero dizer uma coisa.
- Chato.
- Não revira os olhos pra mim, mesmo longe sei que esta fazendo isso. - Ela sorriu. - Estou com visitas em casa, aliás, não são mais visitas são hóspedes bem vindas.
- Se não são mais visitas, estão morando aí?
- Isso mesmo, acho que vão te fazer companhia enquanto eu estiver no trabalho.
- Ai Gustavo, me conta quem são.
- Nada disso, quando você chegar, você verá. E a propósito, pode trazer um presente para seu lindo primo aqui, se não você não entra, vou já deixar avisado no porteiro.
- Você é muito abusado. - Deu risada.
- Nada de presentes pra você.
- Já sabe, a senha é a caixa do presente, traga algo pra uma mocinha de 4 anos bem serelepe e uma moça você sabe o que comprar.
- Como assim?
- Só posso dizer isso.
- Gustavo, Gustavo você e seus mistérios.. Tudo bem, te vejo amanhã a noite combinado?
- Sim senhora, até mais prima. - Encerrei a ligação, voltando pra cozinha, onde uma mesa de café da manhã e as duas me esperavam.
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Na Escuridão dos Seus Olhos Azuis
AléatoireMe pego pensando como a vida pode ser injusta na maioria das vezes, a alegria não é algo que eu acredite e nem tão pouco viva. No auge dos meus 21 anos só tenho me erguido todos os dias por causa da minha doce irmãzinha, inocente e pequena demais p...