Capítulo Quinze

102 14 5
                                    

- Come alguma coisa. - Estefânia tentou me oferecendo um pedaço de bolo já partido.

- Não. - Fiz careta enquanto Dulce sorria.

- Sua rabiga ta de mal?

- Um pouquinho. - Tentei sorrir.

- Dulce sabia que vai passar um desenho super legal de princesa hoje? Eu vi um comercial era de princesa que voava, você gosta?

- Sério titia? Eu quero ver a plincesa, eu sou uma neh? - Sorriu doce.

- Claro que é uma princesa linda, vem cá. - Pegou na mão da menina, a levando até a sala e logo em seguida ligou a tv e assim Dulce se distraía.

- Bom Cecília acho que você está precisando conversar, não é mesmo? O Gustavo me contou o que houve ontem. - Estefânia dizia enquanto retornava  a cozinha.

- Ele ficou chateado e eu mais ainda de ter estragado tudo.

- Eu não sei nem o que dizer, ele falou comigo, não vou mentir, ficou sim chateado com a situação em si, mas meu primo tem certas atitudes de criança birrenta, tenta não se afetar com elas.

- Como assim? - Perguntei espantada.

- Cecí o Gustavo sofreu muito nas mãos do pai dele, depois que minha querida tia faleceu ela era tudo pra ele. - Suspirou.- Desde então, o Gustavo cresceu assim perdido, sem carinho, pra ele sentimento, família não tinha sigfinicado nenhum, meu tio fez questão de nunca ir vistita-lo e quando era obrigado a estar lá, era frio. Mas depois que você apareceu ele começou a mudar e ele mesmo disse isso.

- Ele começou a me contar ontem algo sobre o pai, só que não entrou em detalhes.

- Ele é muito reservado quanto a isso e vai te contar assim que se sentir a vontade. Não é uma disputa de quem sofreu mais, mas os homens eles tem essa necessidade de se sentirem capazes, de fazer acontecer, de ter o controle, como ele quer você, mas não tem paciência pra isso. Não se assuste ele sempre demonstra demais.

- Mas é difícil sabe.

- Eu sei que é, eu só te peço pra ter paciência com ele, por favor. O Gustavo vai se fazer de durão perto de você, mas na verdade ele estará escondendo que gosta muito de você e isso já se dá pra perceber nas atitudes dele.

- Ele vai me ignorar é isso? - Perguntei, lembrando do jeito que ele havia me tratado antes de sair já sabendo a resposta. - Na verdade ele já não anda me tratando da melhor forma.

- Vai e você tem que tentar ser superior a idiotice dele.

- Tudo bem. - Disse enxugando as lágrimas.

- O que você vai fazer?

- Fazer o que você disse. Não vou tratar ele mal, nem ignorá-lo também. Mas confesso que será muito difícil ver ele me tratar com tanta frieza.

- Não fiquei assim Ceci, isso não vai durar por muito tempo e eu vou conversar com ele de novo, pra ver se coloco algum juízo nessa cabeça dele.

- Dá pra ver o quanto você ama ele, mas não fale nada a respeito, não temos que forçar nada.

- Amo, não um amor só de prima não, de mãe também, crescemos juntos até onde deu, foi difícil ver o Gustavo se transformar nesse gelo que é hoje porque ele era totalmente apegado a Dona Júlia, uma criança adorável como a Dulce, e ela era um amor de tia, um exemplo de mulher, mas ai veio o câncer e ficou insustentável e ela se foi, o marido a amava tanto que não aguentou conviver com os filhos, primeiro foi o Gustavo, depois o Gabriel em um colégio de freiras.

- Não deve ter sido fácil pra ele e nem deve ser ainda. Eu contei minha história pra ele ontem também. Parcialmente são parecidas. Também sofri com meu pai a respeito... - E assim contei tudo para Estefânia que me abraçou logo em seguida.- E sabe Estefânia, sou totalmente grata ao Gustavo ter me acolhido em sua casa.
Não sei como um dia posso agradecer e se vou conseguir fazer isso, mas nunca cansarei de repetir e agradecer por tudo.

- Não precisa não, a alegria de vocês é suficiente. Agora vamos jogar a tristeza pra lá e fazer o que sabemos de melhor, sorrir. - Gargalhou me puxando pela mão.

A tarde passou ligeira, conversamos e brincamos bastante, Estefânia havia saído e por mais que tentasse não pensar onde Gustavo estava, meus pensamentos sempre remetiam a ele, a Dulce estava tirando um cochilo apesar de ser quase noite ela estava cansada. Fui olhar da varanda a lua um vento frio entrou pelo janela. Abracei a mim mesma para me aquecer e de onde estava da sacada, pude ver o momento em que o Gustavo entrou com o carro dentro do prédio. Então resolvi sair dali e ir ficar na sala, esperando ele entrar pela porta. Suspirei fundo seria difícil, mas era necessário, tínhamos um trato eu faria as coisas da casa a janta estava pronta e saber se ele está bem aliviaria algo em meu peito.

- Oi. - Eu disse tímida assim que ele abriu a porta.

- Oi Cecília. - Disse sem me encarar, parecendo surpreso ao me ver de pé ali plantada o esperando, seu perfume inebriando o lugar.

- Você está com fome? Estefânia e eu fizemos a janta, tem lasanha não sei se você gosta e tem sobremesa também.- Sorri.- Fizemos um bolo de chocolate, pois a Dulce pediu muito e ainda tem bastante.

- Não obrigado, estou sem fome.

- Tudo bem então, desculpa.

- Não precisa pedir desculpas, você não fez nada demais. - Sorriu de lado subindo as escadas e me deixando ali, não sabia que ser tratada friamente doía tanto assim.

Na Escuridão dos Seus Olhos Azuis Onde histórias criam vida. Descubra agora