Capítulo 04

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No quarto capítulo eu inicio a segunda fase da estória, dando um salto de 18 anos no tempo. Aparesento ao leitor a fazenda e o casarão do vilão Carlos Lucena, bem como suas minas de granito erguidas nas terras que antes eram de João Silva. Na verdade esse capítulo é mais uma reintrodução da estória, apresentando novamente a família Lucena e toda a sua riqueza, destacando uma mensagem importantíssima trazida para Carlos e sua esposa.

Segue o capítulo na íntegra.


4

O TEMPO PASSA


É mais uma bela manhã naquela árida região do sertão nordestino. Como está num período invernoso, existem vários pontos com alguma vegetação em meio ao denso e seco agreste, algumas poças dágua e até mesmo pequenas lagoas, fruto de alguma chuva forte que tenha dado recentemente.

Passaram-se dezoito anos desde o massacre da família de João Silva. O que terá acontecido nesse período? Será que Carlos Lucena conseguiu explorar o granito das terras de João? Ou será que ele, como mandante do crime, foi preso? Será que pelo menos a polícia descobriu quem foi o responsável por aquele crime hediondo? E quanto a Joãozinho, o que terá acontecido com ele?

Pra começar, vale destacar uma bela e enorme casa construída próximo às antigas terras de João Silva. A casa é definitivamente muito bonita, centro de uma grande fazenda, enormes estábulos, currais, muitos cavalos e bois, além de uma linda área de lazer coberta por arbustos e árvores, que apesar de secos, ainda produzem uma boa sombra.

O dia está movimentado na casa, pois os empregados estão trabalhando a toda força, uns limpando os cavalos e os coches, colhendo algum leite de vacas mirradas, outros cortando troncos de carnaúbas, enfim, uma manhã de intensa atividade naquela fazenda.

Um coche passa pela porteira da fazenda, a qual tem escrito em sua placa de entrada o título "Fazenda São Carlos", e avança em direção à casa grande. Ao chegar em frente à mesma, desce do veículo um jovem rapaz de uniforme militar característico da época, trazendo consigo um envelope lacrado. O jovem observa a casa e o movimento ao redor dela, então avança rumo à porta de entrada. Chegando, ele bate delicadamente, e não demora muito a porta se abre, onde o jovem é atendido por Dinorá, a velha empregada de Carlos Lucena.

– O Sr. Carlos está em casa? – pergunta o jovem meio que apressado.

– Não senhor, ele está trabalhando. O que deseja? – indaga Dinorá.

– Trago uma correspondência – afirma o jovem rapaz mostrando o envelope.

– Se desejar, posso levar a encomenda à Dona Maria, esposa dele.

– Pois não. Leve e peça pra ela assinar a guia de recebimento, por favor – explica o rapaz dando uma solução para a ausência de Carlos.

Calmamente Dinorá se dirige para o interior da casa em direção à Dona Maria, que está na varanda interna sentada num belo banco de cimento olhando um álbum de fotografias.

– Com licença, Dona Maria.

– Pois não, Dinorá. O que quer?

– Correspondência pro Sr. Carlos – responde a velha senhora entregando o envelope à Maria.

– É da Companhia Férrea de Ibipiranga – afirma Maria ao ler a etiqueta do remetente no envelope.

– A Senhora precisa assinar a guia pra devolver pro mensageiro – avisa Dinorá entregando a guia.

– Está bem.

A mulher assina a guia e a devolve para Dinorá, que imediatamente parte de volta pra porta de entrada da casa onde o jovem mensageiro espera inquieto.

"TERRA SEM LEI" - Romance sertanejoOnde histórias criam vida. Descubra agora