Capítulo 05

9 0 0
                                    

Nesse capítulo eu descrevo a chegada, ou retorno, da protagonista da estória à cidade de Ibipiranga, a linda e encantadora Vivian Lucena, filha de Carlos Lucena.


VIVIAN



Ibipiranga é uma cidadezinha pequena, localizada entre Fortaleza, a capital do estado, e a cidade de Sobral, capital da zona norte. Situada numa região extremamente árida do sertão, mais precisamente no polígono da seca, esta pequena cidade faz jus ao seu nome, que em tupi-guarani quer dizer "terra vermelha". Bastante povoada devido a um comércio bem variado de artigos como chapéu de palha e produtos alimentícios como queijo caseiro, a carne de sol e bebidas como licores e a cachaça. Não é àa toa que nela existem vários armazéns, bares, postos de saúde, uma igreja e uma escola de aparência bastante atraente, além de um razoável prédio da Prefeitura. O município possui também uma pequena estação ferroviária, onde seus trilhos surgem no nascente, passam por ela e então somem no poente, o que leva a crer que Ibipiranga é um município de meio de linha, explicando assim o desenvolvimento comercial que ali existe, uma vez que devem passar inúmeros trens pela estação, tanto de passageiros como de carga.

A cidade é típica do sertão nordestino, a arquitetura das casas e dos pequenos prédios e barracas, assim como o modo como as pessoas se vestem, retrata bem o período ao qual pertencem: por volta de 1916, onde lá fora o mundo enfrenta as consequências da I Guerra Mundial.

Receosos com o conflito internacional, mas despreocupados com o mesmo, pois a guerra jamais chegaria às terras brasileiras, os habitantes de Ibipiranga levam uma vida normal, trabalhando muito para sobreviverem naquela terra tão seca.

Dentro da pequena estação férrea, bem em frente à plataforma de embarque e desembarque de passageiros, existem pequenas lojinhas de miudezas e também um modesto bar, que tem escrito em sua placa frontal a expressão "Bar O Pingo". No balcão do bar está um homem velho e gordo, com uma robusta barba branca, que observa tranquilamente o movimento em seu estabelecimento. De repente entra no bar um homem de aparência mais jovem que o primeiro, com a roupa suja e maltrapilha, andando meio tropo, se segurando na cadeira que estivesse mais próxima dele. O tosco homem sem dúvida estava bastante embriagado. Ele se senta num dos bancos de frente ao balcão e pede para ro outro:

- Bota uma aí pra mim Sr. Pingo, que eu num tomei nada ainda hoje!

- Deixa de conversa Pedrosa, como é que tu não tomou nada e tá que nem se aguenta em pé? - responde o Sr. Pingo já pegando uma garrafa de cachaça embaixo do balcão e tirando um copo do gancho para servir o bebum.

- É não Sr. Pingo, é que eu ainda num fiquei bom de ontem - responde Pedrosa, rindo e soluçando ao mesmo tempo.

O velho senhor coloca a dose no copo e a entrega ao bebum, e esse toma rapidamente num só gole, em seguida ele bate o com copo no balcão, dá uma forte assoprada como se estivesse cuspindo fogo, e então conclama:

- Eita que essa desceu rasgando!

O Sr. Pingo dá uma discreta risada, balança a cabeça de forma negativa e então oferece outra ao bêbado:

- Vai mais outra, Pedrosa?

- Só se for agora! - responde o ébrio sedento.

Enquanto o Sr. Pingo coloca mais uma dose no copo, Pedrosa não deixou de notar a fumaça de um trem a vapor que acabara de surgir no horizonte e que se aproxima rapidamente da cidade, então ele pergunta:

- Olha lá Pingo, aquele vapor é de gente ou é de carga?

- Não sei não, Pedrosa, à a uma hora dessas deve ser de carga. - responde o velho homem, meio indiferente.

"TERRA SEM LEI" - Romance sertanejoOnde histórias criam vida. Descubra agora