Episódio 7 - FINAL

29 2 1
                                    


De maneira discreta, as três começaram a rir, imaginando como seria a cena que a asiática havia desenhado na vida real. Eu engoli em seco, tentando conter aquele tipo de pensamento. Pela primeira vez em anos, eu estava a suar frio. Mas não era de puro nervosismo. Era como se eu fosse um puro e inocente cordeiro ferido cercado por uma alcatéia de lobos famintos, esperando o mínimo movimento para partir para o ataque e dar o golpe derradeiro. Em outras palavras, meu instinto me dizia para esperar pelo pior. Meu coração estava a bater tão rápido quanto os velocíssimos solos do Michael Angelo Batio.


– Você acha que ele deveria apreciar a sua arte, Senpai? – perguntou Catherine, apontando para mim, que estava com o rosto branco de pavor. – Acho que ele merece. Afinal, ele fez questão de devolver o chaveiro da Megan.


– Olhando por esse lado, eu acho que sim – concordou a asiática. – Não é todo o dia que temos um irlandês bonitão que se cedeu gentilmente para ser meu modelo.


"Como é que é!? Eu me ofereci como modelo para você!? Vocês ficaram me perseguindo e me olhando como se eu fosse um pedaço de carne qualquer."


Ela colocou o caderno sobre a mesa para que eu e Megan pudéssemos dar uma olhada no seu trabalho. Quando olhei para a página onde estava a tal obra promíscua e obscena, eu senti meu coração parar de bater por alguns segundos e meu sangue esfriar até chegar no zero absoluto quase que instantaneamente. Nem os meus piores pesadelos chegariam perto do que aquela nerd pervertida havia desenhado.


A mente doentia daquela louca havia-me imaginado em uma cena violenta de sexo explícito com o meu melhor amigo, abraçando-me fortemente, mordendo violentamente o meu pescoço, e violando-me. Ao ver aquela cena, meu cérebro entrou em curto. Minha pressão sanguínea caiu quase que por completo e desmaiei, caindo de cara no chão. O barulho da minha cabeça colidindo contra o piso laminado do Boulevard ecoou por todo o estabelecimento, chamando a atenção da Julie e de meus amigos, que vieram me socorrer. Enquanto eu estava desacordado e em choque, Megan ainda gritava esganiçadamente a plenos pulmões, dominada pela fascinação com a arte que Megumi desenvolvera.


Enquanto Nick e Javi tentavam me reanimar e me levar para longe daquelas piradas, Julie aproximou-se discretamente da mesa para ver o que havia me causado tal choque. 


– Então foi isso aqui que nocauteou o Colty – disse Julie, pegando o caderno. Ao observar o resultado da fusão de todos os desejos pervertidos do quarteto, ela soube que aquilo não era obra de gente normal. Seu rosto ficou levemente avermelhado, ela podia sentir suas narinas queimando de tanta tensão.


– Você gosta de um yaoi lemon, menina? – perguntou Catherine, notando o rosto levemente corado da Julie. – Você parece curtir um pouco de safadezas. Eu posso ver pelo seu rostinho.


– Q- Q- Q... Quem eu? – Julie ficou surpresa com o comentário de Catherine. Ela riu para tentar esconder o desconforto. – Imagina! Eu só estou vendo a ilustração por pura e simples curiosidade.


– Por que você não se senta e conversa com a gente? – Convidou Alexis, dando leves tapinhas no assento da cadeira ao lado dela. – Tem sempre espaço para mais uma fujoshi* no grupo. – Alexis apoia os cotovelos na mesa. – Você tem cara de ser uma mocinha cheia das ideias mais pervertidas possíveis.

Nós fomos Shippados!?Onde histórias criam vida. Descubra agora