Capítulo II

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Eu não queria mentir para ele, mas naquele momento eu só conseguia pensar que Noah estava frágil demais para aguentar a verdade , mal sabia eu que essa atitude mudaria minha vida completamente.

- O que aconteceu? - Vejo a confusão em seus belos olhos enquanto ele olhava em todas as direções. Como eu sentia falta desse universo castanho. - Estamos em um hospital? Por que estamos em um hospital.

- Houve um acidente na noite da festa do Jake. - Suspirei, impedindo que as lágrimas caíssem novamente e forcei um sorriso, ele franziu o cenho.

- Há quanto tempo estou aqui ?- Sua voz continua a mesma, suavemente rouca, ainda que existisse um quê de histerismo.

- Três semanas. - Mordi o lábio, incerta de sua reação.

- E a Sierra? Como está? - Hesitei.

- Acho melhor chamar o médico. - Beijo sua testa, tentando transparecer toda a calma que eu não sinto a semanas. - Eu nem acredito que você acordou. - Apressei meus passos para fora do quarto. Antes que eu desabasse em sua frente.

É oficial eu estou surtando!

(...)

Uma semana se passou após Noah acordar do coma e a cada dia que se passa a culpa me consome mais um pouco. E apesar disso, eu não sinto vontade alguma de revelar toda a verdade, em parte porque me quebraria partir o coração de Noah, mas também porque a vida da minha irmã era tudo o que sempre sonhei.

Noah nunca me olhou como no hospital enquanto achava que eu era a Sara. Aquela tão sonhada sensação de se sentir notada, talvez até amada por ele era única. E eu quis prolongar o máximo possível aquele momento.

Está quente lá fora. O sol brilha com toda força. Saio do meu terceiro banho.

Tenho certeza que vou morrer derretida.

Coloquei um vestido de verão em tons de laranja e vermelho. Tenho dormido no quarto de Sara desde que a mesma partiu, usando suas roupas, conversado com suas amigas e beijado seu namorado, na verdade, eu ainda não o beijei, mas isso irá acontecer se eu não desse um basta nisso hoje.

E era isso que eu iria fazer! Noah vem hoje pra cá, ele decidiu que era uma boa idéia não me deixar sozinha após a minha perda.

Ouço a campainha e as vibrações do som aceleram os batimentos do meu coração.

Repasso pela milésima vez cada palavra da frase que ensaiei e vou em direção à porta, mas a cada passo sinto meu coração se estraçalhar.

Abro a porta e me deparo com seu belo sorriso, um buquê de rosas e duas malas no canto da porta.

- Oi princesa. - Tudo que ensaiei parece que não tem mais sentido respiro fundo me sentindo uma covarde.

- Oi, você trouxe muitas coisas. - Pego o buquê meio sem jeito enquanto escuto sua risada.

- Por que você não para de reclamar e me dá logo o meu beijinho?

- Por que você não entra? - Rebato relutantemente, ele ri e me dá um selinho. Aquele ato tão ingênuo, foi o suficiente para que as minhas pernas ficassem bambas.

- Que cara é essa? Parece até que eu nunca te beijei. - Ele franze o cenho.

- Você vai entrar ou pretende dormir na minha porta? - Arqueio uma sobrancelha.

- Surpreendentemente, eu até que senti falta desse seu humor ácido. - E então ele abre mais uma vez o seu belo sorriso e passa por mim entrando no apartamento.

Suspiro com pesar, a culpa me consome ainda mais nesse momento, principalmente pela pequena semente de expectativa que brota em meu coração.

Vou até a cozinha com as rosas em minhas mãos e tento ocupar os meus pensamentos na tarefa banal de encher o jarro com água. Então ele adentra a cozinha com algumas sacolas plásticas.

Lie to MeOnde histórias criam vida. Descubra agora