Capítulo III

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Acordo com um braço pesado esmagando a minha cintura, tentei me mexer mas seu corpo pesado tornou a tarefa mais difícil. Posso sentir sua respiração em meu cabelo, seu corpo exalava serenidade de uma forma que em seus braços eu pude finalmente dormir tranquila.

Fico imaginando como seria bom acordar todos os dias, até o resto da minha vida, em seus braços. Apesar de saber que essa vida é a de Sara, me permito neste momento imaginar como seria se desde o início seu amor tivesse sido dedicado a mim e não a minha irmã, como seria viver sem medo desta mentira.

Sinto ele se mexendo, me viro para olha seu rosto angelical, seu cabelo estão todo desgrenhado e seus olhos estão menores que o normal, ainda assim meu coração dispara. Como alguém pode ser tão belo?

- Bom dia meu bebê. - Sua voz está sonolenta, quase uma melodia em meus ouvidos.

Murmurei alguma coisa sem nexo e me aconcheguei mais em seu abraço.

- Bem que a gente podia ficar na cama o dia todo. - Sua voz estava carregada de malícia e podia sentir a sua ereção matinal pressionando a minha coxa, senti meu rosto queimar. - Desde quando você fica corada em vez de entrar em ação?

- Desde quando você entrou no CIO?

- Desde quando conversamos ao invés de agirmos? - Ele estava com uma cara tão maliciosa, que seu não saísse de seus braços, do meio de suas coxas eu faria algo que provavelmente me arrependeria.

- Tô com fome, que tal panquecas com calda de chocolate? - Vejo seus olhos brilharem, como o de uma criança gulosa olhando para doces.

- Sim, por favor, sim!

Nos levantamos e formos até a cozinha, mais uma vez Noah fez uma bagunça tentando me ajudar, mas no fim tudo deu certo.

Sentamos na ilha situada no centro da cozinha, um de frente para o outro. Remexi no prato e o olhei devorando a comida.

- Eu juro que tá delicioso. - ele sorriu.

- Alguém tem que saber cozinhar, se não morreríamos de fome. - Vejo seu semblante mudar para pura indignação, mas vejo em seus olhos a confirmação das minhas palavras.

- Estava pensando, que tal passarmos o dia hoje no parque? Adrenalina, batata frita e sorvete?

- Adrenalina? - Repito com horror, o brinquedo mais emocionante que já tive coragem de andar foi o carrossel.

- Sim, você sempre gostou de andar várias vezes em tudo que faça seu coração acelerar. - Isso não está tomando um bom rumo, meu coração realmente está acelerado, mas não me sinto nem um pouco feliz. Preciso me livrar desta.

- Acho que poderíamos ficar só nas guloseimas mesmo, tô passando a adrenalina depois dos últimos acontecimentos. - Me sinto culpada por ter que utilizar o acidente como desculpa, mas não encontro outra saída. Vejo seu semblante culpado e me sinto pior ainda.

- Você tem razão, se não quiser sair ou ir para outro canto tudo bem.

- E perder a chance de tomar muitos sorvetes? Não mesmo! Só volto para casa com o cérebro congelado.

Ele sorri e me dou conta que poderia passar o resto da minha vida apenas o observando.

(...)

Vesti um vestido soltinho, só agora percebi o quanto Sara era adepta a vestidos. Tem um mar deles em seu guarda-roupa, sinto falta das minhas calcas e blusas monocromáticas.

Me olho no espelho. Meus cabelos castanhos já não tem o brilho de antigamente, meus olhos verde-azicentados agora possuem as marcas de noites mal dormidas. Nem toda a maquiagem do mundo seria capaz de me fazer ser quem eu era.

Lie to MeOnde histórias criam vida. Descubra agora