Sabe aquele momento em que você perde totalmente a capacidade de falar? Eu estou em um desses momentos agora.
Eu tenho plena noção que não estou estreando como a nova Hannah Montana. Uma peruca não iria me fazer irreconhecível, se ela não conseguiu manter o disfarce, quem dirá eu.
Minhas amigas me encaravam em busca de respostas, eu sabia que se tinha alguém que poderia me reconhecer, eram elas. Elas saberiam quem eu sou mesmo se eu tivesse minha pele 100% queimada e feito mais cirurgias do que posso contar modificando todo o eu rosto. Elas saberiam.
Suspirei. Elas mereciam a verdade.
- Eu posso explicar, mas é uma longa história. - Hayden se adiantou em fazer um chá de camomila para acalmar nossos nervos.
Ela era bem vozinha nesse sentido, acreditava em superstição, no poder de chá e afins.
Eu me sentei no sofá enquanto elas estavam sentadas em cadeiras, de frente pra mim.
Elas já sabiam do meu amor platônico por Noah, então facilitou a explicação. Durante toda a minha fala, elas manteram os olhos atentos em mim, Riley revirava os olhos de vez em quando, mas não falava nada.
- ... Fim. Eu não fiz por mal, no início era só porque ele tava muito doente, juro, mas depois... Eu não sei. É errado, eu sei, eu não me orgulho. Eu só não sei como sair disso. - Tomei um gole do meu chá, ele estava quase cheio. Não sou muito fã de chá, prefiro café. Preto. Sem açúcar. Tão amargo quanto a minha alma, pelo menos era isso que Sara diria. Faz tanto tempo que não tomo isso, nem lembro do gosto.
- Conta a ele a verdade, vamos embora para outra cidade. Finalmente fazer a nossa viagem pela Europa. - Riley sorriu e se esticou até a mesinha de centro e deixou a xícara vazia sobre a mesma.
- Eu não sei se consigo fazer isso. - Olhei para o chá amarelo, parece xixi. Fiz uma careta para a xícara e tomei mais um gole. - Eu sei o quão errado é isso, é tipo... um crime. - Minha saiu mais aguda ao perceber que eu sou uma criminosa.
- Eu realmente não sei como te ajudar com isso, - Hayden começou depois de fazer sua pose de conselheira: pernas cruzadas, uma mão segurava a xícara e a outra gesticulava enquanto ela falava. - você sabe que é impossível levar isso muito adiante, sinceramente, eu não sei como você conseguiu chegar até aqui, porque você é uma péssima atriz. - Sorri. - Eu quero muito ficar com raiva de você, mas essa sua cara de perdida está me dando dor no coração. Odeio admitir, mas Riley está certa, é melhor você contar a verdade antes que ele descubra.
As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, eu não queria chorar, mas tudo isso me fez acordar. Minha irmã se foi, não importa o quanto eu acredite que em algum momento ela vai aparecer no meu apartamento com seu sorriso radiante e deu jeito de me tirar do sério, ela não vai. Meus pais não vão voltar. Meus avós não vão voltar.
- Eu me sinto tão sozinha. - Fechei os olhos para controlar as minhas lágrimas e senti o aperto ao redor dr meu corpo 4 braços me apertando e consolando.
- Você não tá sozinha, cabeça de vento, a gente vai estar aqui sempre. - Riley falou.
- Sempre. - Hayden concordou e depositou um beijo em minha bochecha molhada.
- Pode chorar o quanto quiser, - Ela pegou a xícara de minha mão e a colocou na mesinha de centro. - sei que você odeia esses chás. Põe pra fora essa indignação de quem quer um café preto.
Sorri entre as lágrimas.
- Eu senti tanto a falta de vocês. - Finalmente as abracei de volta.
- A gente também, docinho. - Hayden falou. - Morri mil mortes achando que te perdi - E então ela estava chorando. - Você tá proibida de morrer.
- Vocês podem ir parando com esse chororô, odeio chorar. - Riley se soltou de nós e falou: - Vou fazer pipoca e nós vamos assistir um filme, pelos velhos tempos.
Quando ela saiu pra cozinha, eu e Hayden nos aconchegamos no sofá, de modo que eu estava sentada entre as pernas de Hayden e protegida por seus braços enquanto ela me contava sobre como estava apaixonada pelo vizinho da frente.
....
Quando eu voltei para casa, o sol já começava a se pôr, Noah estava no sofá assistindo a uma partida de futebol.
Sem camisa. No meu sofá.
- Hey! - Ele me cumprimentou. - Tava preocupado, sumiu a tarde toda. - Deixei minhas coisas no aparador e sentei ao seu lado.
- Tinha que resolver umas coisas.
Meus olhos estavam fixados nos jogadores que corriam pelo campo.
- Hmmm, - O corpo dele se aproximou do meu, seus braços envolvendo a minha cintura e seu rosto se encaixando perfeitamente em meu pescoço. - tava com saudade.
Seus lábios estavam contra a pele fina de meu pescoço, esse simples ato enviou uma corrente elétrica por todo o meu corpo. E simples assim, eu estava em chamas.
Sorri para a televisão, tentando disfarçar o efeito que ele tem sobre mim.
- O que você fez hoje? - Enfiei meus dedos nos fios macios de seu cabelo e ele me empurrou fazendo com que eu deitasse no sofá e ele ficasse por cima de mim.
- Fiquei o dia todo com saudade de você. - Ele selou nossos lábios rapidamente e sorriu para mim.
- Tô falando sério - Continuei a acariciar seus cabelos e ele repousou a cabeça sobre meus seios.
- Fui resolver umas coisas na faculdade, vou voltar a estudar no próximo período.
- Sério? Que bom, Noah! - Sorri.
- E você? A faculdade de moda não vai esperar para sempre.
- Eu sei... - Mordi o lábio inferior. - Mas eu tenho mais um mês para pensar a respeito. - Ele assentiu, mas não disse nada. - Estou com preguiça de cozinhar, então, podemos pedir pizza?
- E a sua dieta perfeita?
- Eu posso quebrá-la por um dia, afinal, estou num corpo perfeito. - Sorri.
- Tá mesmo. - Ele selou nossos lábios em um beijo casto antes de ir até o telefone e pedir um pizza bem gordurosa e com borda recheada.
A reputação da Sara que me perdoe, mas eu pizza é a melhor coisa da vida.
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Lie to Me
RomanceAté que ponto você iria para ter a vida que sempre sonhou? Quantas mentiras você seria capaz de contar pra manter essa vida? Você estaria preparado para o desastre inevitável? Sierra teve em suas mãos a oportunidade de viver a vida que sempre sonh...