Prólogo

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Revivo aquele momento todas as noites. Ainda sinto o gosto metálico na minha boca, as luzes daqueles faróis me mantém cega, ainda tenho vertigens com aquele zumbido, os gritos daquele momento fatídico ainda ecoam em minha mente e a sua ausência ainda enegrece os meus dias.

(...)

Odeio cheiro de hospital, toda essa agitação me causa náuseas, tudo sempre parece claro demais e esse clima fúnebre atiça as terríveis lembranças das minhas perdas.

Faz duas semanas daquela terrível noite, meu corpo ainda dói pelos hematomas e as minhas feridas ainda não cicatrizaram e algumas delas nem sei se irão. Ainda assim precisei sair daquela cama para ir ao encontro dele. Ele é a única coisa que me restou. Saio do meu quarto em passos lentos, em uma tentativa falha de amenizar a dor no meu corpo.

Quando chego na porta de seu quarto parece que todo o ar dos meus pulmões se esvaem, tento me acalmar e me preparar para o que estar por vir. Respiro profundamente e adentro em seu quarto e o que vejo parte meu coração e lágrimas começam a escorrer dos meus olhos.

Sua pele reluzente de verão agora assume um tom pálido, seu sorriso contagiante deu lugar pra uma expressão tão serena que poderia acreditar que ele está apenas dormindo se não houvesse tantos tubos o envolvendo para o manter vivo, ele continua lindo como sempre mesmo com esse corte no canto de sua boca que será uma eterna lembrança daquele fatídico momento que vivemos.

Lie to MeOnde histórias criam vida. Descubra agora