Cartas a ninguém - Carta I

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          Querido Red,

          Você já parou para pensar em quanto o mundo é doido? Em quanto as mentiras que contamos para nosso próprio coração gostam de voltar apenas para destruir as frágeis barreiras que criamos com lágrimas e desilusão?

          Foi anteontem que descobri que meu peito pode ser um déspota cretino e volúvel. Onde o que me fiz acreditar ruiu como um castelo de cartas mal feito. Por que a frieza e a insensibilidade que me forcei a sentir não podiam matar para sempre essa maldição que é ter meu coração batendo por você!? Por que a cada investida que meu tolo ser tenta é logo barrada pela indelicadeza desse tão vil Universo o qual sou obrigado a suportar!?

          Você já se fez acreditar que não sentia mais nada por alguém? Já deixou o mundo brincar com você como um programa de celular bem mal feito e vagabundo?

          Não creio que um dia vou conseguir esquecê-lo. Eu tentei, juro que tentei, mas não posso conseguir sem deixar tudo isso para trás. Eu já tentei me apaixonar por outros olhos, outros sorrisos, outros jeitos e outros tantos não foram suficientes.

          Não sei o que dizer, o que concluir disso que sinto intermitentemente em minha mente. Não pode ser amor, não pode ser paixão, afeição, ódio, rancor, obsessão, não pode ser nada...

          Mas então por que dói tanto?

          Fazia tanto tempo que eu não falava de você. Fazia tanto tempo que eu olhava para sua tão fantasmagórica cor e não sentia nada. Pelo menos achava que não...

          Já viu o quanto o tempo é efêmero? O quanto o ser humano é mutável? Quantas são as possibilidades do mundo que não somos capazes de aproveitar?

          Pois eu sim.

         Eu vi e senti cada uma dessas emoções. Eu segurei diversas vezes as lágrimas que vinham insistir em serem derramadas por uma música sádica. Eu vivi o inferno que havia prometido nunca mais me submeter.

          Você foi e sempre será uma de minhas paixões mais potentes que me devastou da maneira mais dolorosa que poderia sentir. Você foi o sonho lindo que ontem a noite e hoje de manhã me fizeram acreditar que o mundo não é apenas mau, mas também sou frágil de mais para continuar nesse lugar.

          Hoje pensei por inúmeras vezes que passar na faculdade era um sonho ou um modo de fugir e deixar tudo para trás. Ainda lembro de todos os mínimos detalhes que eu extraí das frívolas conversas que tivemos. Elas todas estão aqui em minha mente e em minha memória. Não consigo as esquecer da mesma forma que não posso viver sem ar.

          E tenho mais que relatar, que essa carta não é propriamente para você. Não vejo necessidade de mexer com algo que a tanto está estagnado.

          Esta carta não é para ninguém mais, ninguém menos que minha própria mente doentia. Eu realmente precisava colocar no "papel" o tanto que me deixa tão amuado e melancólico.

          Eu realmente espero que a vida deixe as mais especiais lembranças de tudo que esses dias tem cobrado de mim. Espero que a efemeridade do agora não leve mais do que lhe cabe tirar.

          E, espero que os relatos, essas tão malucas cartas sejam um acalento aos sentimentos tão conflitantes que sinto por você. Pela tão grandiosa afeição que faz sorrir apesar da dor que engolfa meu coração.

          Porque você me fez sorrir. Eu realmente senti o calor subir de meu estômago para o rubor de minha face quando suas ideias tão doidas e inocentes me encheram os ouvidos. Você realmente é alguém especial. E eu não posso negar que me desespero de medo de olhar em seus olhos e você perceber o que eu realmente sinto.

          Pois esse é meu segredo que você não pode entender. Não pode saber.

          Mesmo que isso me destrua cada minuto mais, eu só queria sorrir ao som de sua voz. Eu apenas queria deixar esses conflitos tão infelizes para trás. Gostaria de simplesmente de poder te esquecer ou pelo menos fugir de você. Fugir disso tudo que me lembra você.

          Enfim, desejo-lhe a mais pura e doce felicidade, e que nunca, nunca mesmo passe pelo mesmo que estou passando. Tão preso e tão sozinho, sem alguém para ouvir meus lamentos...

          Eu realmente desejo que viva o amor como eu ainda acredito que este seja...

Carinhosamente,

Eu.

Meu doce e triste Vazio...Onde histórias criam vida. Descubra agora