III

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O clima naquele final de tarde não estava sendo um dos melhores, não para Castiel. Ele não encontrara os caçadores sequer uma vez desde a noite passada. Isso estava preocupando-o. Pior, sua preocupação estava fazendo com que Samandriel enlouquecesse ao seu lado, não pensando em outra coisa além de seu pai.

Samandriel sempre foi assim, desde pequenino. Ele sempre teve algo que, segundo Castiel, se chamava "transtorno de ansiedade" ou, segundo Gabriel, "ataque repentino de preocupação excessiva". A ansiedade e a preocupação não tinham um horário marcado para chegar. Era sempre assim, do nada. Algumas vezes, ele chegava a chorar por causa dessas coisas.

— Você pode parar com isso, por favor? Já faz um bom tempo que você está fazendo isso. – reclamou Gabriel, se referindo ao ato de Samandriel de bater os pés contra o chão incessantemente ao seu lado.

Os quatro amigos permaneciam sentados no pequeno degrau de pedra que cercava o poço de água, no centro do vilarejo. Todos impacientes.

— Você está reclamando comigo porque seu pai não saiu para caçar junto ao meu, Gabriel. – retrucou Samandriel, calando o amigo.

— Eu apenas espero que nenhum de vocês esteja disposto a brigar logo agora. – Castiel interveio, passando a palavra para o silêncio em seguida.

Esta falta de notícias estava triturando seus cérebros. Hora ou outra, mordiam os lábios até arrancar sangue dos mesmos, batiam seus pés contra o chão ou apenas pousavam a cabeça sobre as mãos. Faltava pouco para que Castiel rasgasse a ponta de sua nova capa vermelha de tanto enrolar o tecido entre os dedos.

Aquilo parecia uma tortura.

Dois homens já adultos se aproximavam enquanto conversavam com entusiasmo, suas expressões pareciam orgulhosas e satisfeitas. Não era possível ouvir sobre o que conversavam, estando tão longe dos garotos, mas ao se aproximarem, foi como se os meninos finalmente tivessem encontrado a luz no fim do túnel. Ouviram bastante coisa enquanto os dois homens passavam, mas as únicas palavras que haviam se fixado em suas memórias foram "lobo" e "conseguiram".

Os quatro se entreolharam e logo se puseram de pé, começando a seguir os homens, que dirigiam-se para a taberna, tomando um pouco de cuidado para não fazerem aquilo parecer estranho, é claro.

Assim que os homens abriram a grande porta de madeira escura e velha, os garotos adentraram o local logo depois deles. O lugar estava cheio, havia muita comemoração ali, e isso deixava os meninos um pouco aliviados.

Muitos caçadores gritavam felizes e brincavam suas cervejas.

Era possível perceber que havia um centro para todas as atenções ali, ao que a maioria da pequena multidão fitava uma direção específica. Castiel ergueu a cabeça na tentativa de ver melhor o que estava acontecendo – já que vários marmanjos altos tampavam seu campo de vista –, logo vendo um grande círculo de homens no centro da taberna. Dentro do círculo estava uma lança, aparentemente de prata, fincada no chão de modo que ficasse em pé. No topo dela havia algo grande e cinza, a cabeça de um animal.

A cabeça de um lobo.

Aquela imagem desencadeara um pequeno sorriso de alívio em Novak. Eles conseguiram.

— Cas, o que há ali? – indagou Gabriel, logo atrás do moreno.

— Eles o fizeram. Mataram o lobo. – o mesmo virou-se para o amigo e o respondeu, sorrindo.

— O quê? – Gabriel indagou novamente, sendo contaminado pela felicidade e pela sensação do alívio.

— Balt, Sam... Acabou. – Castiel ratificou para os outros atrás de si, que sorriram brevemente.

Red Riding Hood (Destiel AU) Onde histórias criam vida. Descubra agora