A floresta estava calma naquela noite, com o som das folhas das árvores balançando, de alguns grilos que ousavam cantar em meio àquele vento que também assobiava levemente.
Porém, infelizmente, esse belo conjunto de sons era interrompido pelo som dos rosnados de dois lobos que lutavam e rolavam juntos sobre o grosso tapete de neve, que, hora ou outra, era visto estampado com pequenos respingos do sangue arrancado de ambos.
Como fora dito antes, a floresta estava calma. Apenas ela.
O lobo de pelagem acinzentada se esforçava incessantemente tomar controle da situação, tentando envolver o de pelagem preta com suas fortes patas ou cravar suas presas em algum ponto fraco do mesmo, porém sua força não se comparava a do preto, que se esforçava para devolver os golpes e as mordidas.
E, com isso, em algum rápido momento entre aqueles de ódio transmitido por movimentos e golpes, Michael finalmente dominou Castiel, ficando por cima do mesmo e prendendo-o em suas presas. No entanto, ao invés de apenas imobilizá-lo, Michael continuou cravando mais fundo seus dentes pontudos na parte de trás do grande pescoço peludo de Castiel - cujo sangue que jorrava dali manchava sua bela pelagem clara - e tomou forças, para assim lançá-lo longe, como se ele fosse apenas um boneco.
O corpo de Castiel então acabara atingindo o tronco de uma grande árvore e, logo depois, caíra sobre o chão como se fosse apenas um monte de tecidos molengas. Os gemidos e choros do lobo vinham carregados de dor. Ele tentava fortemente respirar, mas não conseguia tão bem, pois a dor que sentia nas costas não permitia que ele se movimentasse.
Castiel tentava se levantar e retornar à guerra, mas não conseguia. Suas patas já não possuíam tantas forças para isso. Então, Michael foi até ele, mas não para atacá-lo. Ele se aproximou lentamente. Para falar.
- Ah, Castiel, meu filho... - o mais novo podia ouvir a voz mais grave do homem soando bem em cima dele. Ele, com esforço, abriu os olhos, vendo aquele rosto negro bem acima do seu, o encarando sem nem um pingo de compaixão ou arrependimento. - Você perdeu uma chance e tanto de viver bem. Você devia ter aceitado... Mas, não vamos mais lamentar o passado, não é? Bom, eu não queria te matar... Na verdade, até me sinto estranho dizendo isso, mas só um de nós vai conseguir sair vivo daqui esta noite. Nós dois sabemos disso. Um já está fora da nossa guerra... - dizia Michael com orgulho e satisfação, o que fez Castiel, após suas últimas palavras, desistir de se esforçar e apenas olhar para o corpo humano nu e ferido de Dean caído sobre a gelada neve. Morto.
Sua expressão ainda mostrava a dor pela qual ele passou, todo o sofrimento, as manchas de sangue e os ferimentos.
Castiel ainda podia sentir seu cheiro em suas narinas da distância em que ele se encontrava. Uma imensa dor, não física, mas sim, mental ou espiritual ou... melhor dizendo, inexplicável o atingia no peito, por saber que aquela seria a última vez que sentiria aquele aroma forte e bom invadir seu sentido, não importava o que acontecesse, ou quem sobrevivesse.
Michael ainda falava suas asneiras, mas Castiel não ligava mais para elas, não as ouvia. Só mantinha seu olhar focado em Dean, esperando que dele viesse alguma resposta.
O que ele devia fazer? Resistir e lutar ou apenas se entregar para a morte, à espera de que Dean estivesse do outro lado, esperando para recebê-lo?
Na verdade, não havia mais pelo que lutar. Ele não tinha mais forças. Não tinha mais motivos. Não tinha mais Dean.
(...)
9 horas antes
Não eram perfeitos, mas eram belos e verdadeiros, pensava o Winchester, que permanecia sentado na beira de sua humilde cama, enquanto segurava seus famosos desenhos nas mãos e os observava.
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Red Riding Hood (Destiel AU)
FanfictionLendas; narrativas fantasiosas transmitidas oralmente de geração em geração. As lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais, que são meramente produto da imaginação humana. Ou não. Licantropia; a capacidade ou a maldição caída sobre...