Primeira semana

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Oi pessoal, tudo bem? Primeiro eu queria pedir desculpas por ter demorado a iniciar este projeto, mas tive alguns contratempos e precisei comprar um notebook.

Estou escrevendo nele agora. O sonho de toda escritora! Bem vamos lá, conhecer um pouco mais da desastrada Fernanda!

Enjoy!!

Fernanda

Era minha primeira semana na ESPP, Escola Superior de Publicidade e Propaganda, e eu estava radiante! A faculdade tinha um campus lindo, cheio de árvores e flores e mesmo nos meses mais quentes pedia-se um casaquinho pois as manhãs costumavam ser geladinhas graças ao bosque.

Então lá estava eu descendo do ônibus, colocando meu casaco, enfiando os fones de ouvido na mochila e checando o smartphone, presente de despedida da minha avó. E assim eu tive meu primeiro sinal que minha sina acabara de me encontrar na cidade grande, eu caí de joelhos no chão.

Não pude evitar, estava aprendendo a andar de sapatos de salto, para tentar me enturmar sabe como é. E na tentativa de ficar amigas das bloggers (apelido que eu havia dado para as meninas lindas e antenadas em moda que faziam faculdade comigo) eu me tornei piada até dos nerds fracassados como eu, que iam para a universidade de ônibus. Não foi nada para mim, acostumada com desastres de proporções gigantescas, mas a ESPP estava começando a conhecer a Fernanda.

Meus joelhos ficaram em carne viva, e minha jaqueta jeans da Riachuelo que eu passei horas customizando e colocando spikes e lixando com lixa de pé para ficar com cara de destroyed, ficou de fato destruída e suja. Meu cabelo? Bem, esse continuou lindo, graças a Deus. Eu acordei às cinco da manhã!

Nesse estado de pouca confiança e baixa auto-estima, porque sério o lance de elogiar meu próprio cabelo foi só um grito de socorro, eu entrei na sala de aula e vi um flashback da minha vida passada: todos me olhavam, desde meu joelho ralado até minha jaqueta suja e fingiam não ter problema quando na verdade seus olhos mandavam mensagens diferentes dependendo da personalidade de quem me via: pena, ironia, desprezo, empatia... Ok, eu podia lidar com julgamento silencioso, até que...

-Que horror, você se meteu em uma briga? - olhei para o canto de onde vinha a voz crítica e anasalada e dei de cara com quem? Anabela, uma blogger! Adeus vida de universitária descolada e popular, acabei de entrar no radar do bullying.

A risadinha baixa de alguns seguidores me confirmou isso. Assim, desisti de tentar ser outra pessoa a fiz o que era meu hábito da vida toda, fingi que não me importava:

-Não, caí de cara no chão quando descia do ônibus, mas ainda dá tempo de brigar é só encontrar oponente! - pois é, a Fernanda aqui é casca grossa quando provocada, tive que aprender a lidar com esse tipo de gente para quem tudo dá certo desde muito cedo.

Ouvi o típico hu hu hu típico dos garotos perniciosos e cheios de tesão loucos para ver duas garotas brigarem, e olhei com minha melhor cara arrogante para a branquela magricela.

-Não querida, quebraria minha unha de gel e você não deve saber, mas custam uma fortuna!

Aaaargh, vadia nojenta!

-Não sei mesmo, as minhas unhas crescem naturalmente, acho que você deve procurar um médico, está muito pálida, deve ser falta de cálcio.

Antes que o nosso bate boca continuasse, ouvimos a porta abrir e entrar o grisalho bonitão que era da coordenação do curso, acompanhado de um professor esquisito de gravata borboleta e terno xadrez. Sério mesmo, quem usava isso? Nossa aula de Filosofia ia começar.

Não sei porque o futuro da publicidade do país precisa aprender sobre essa matéria. Acredito que seja verdade o que aquele cientista importante disse: "a filosofia está morta". Procurei um lugar vago já que ainda estava em pé no meio da classe e qual não foi minha surpresa ao ver que a única carteira era atrás da bruxa loira oxigenada. Ontem eu ficaria exultante com a oportunidade, mas hoje... Bem eu hoje havia voltado a ser a Fernanda de sempre: deslocada, solitária e desastrada.

Esse amor que me faz delirarOnde histórias criam vida. Descubra agora