Um é bom dois é... Confusão

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Oi pessoal, tudo bem? Vamos ver a Fernanda causar uma confusão? Ah e conhecer um pouquinho do Alexandre?

Curiosa, torcem para quem? Augusto ou Alexandre?

Que comecem os jogos.

Bjs, Day

Fernanda

OH... MEU... DEUS!!!

Eu precisava me beliscar, logo, porque definitivamente eu devia estar sonhando. Isso vinha acontecendo com uma frequência constrangedora, eu acordar suada, com a boca seca e o coração descompassado porque eu beijava o Augusto descompensadamente nos meus sonhos, era tão real que eu andava com medo de que na primeira vez que eu o encontrasse confundisse realidade com ficção e o atacasse.

Vejam só se a vida não é fã de ironia. Depois de receber aquela mensagem misteriosa achei que era para ajudá-lo a esconder um corpo, mentir para a polícia federal e tudo que ele queria era fingir para o irmão que eu era a namorada dele.

Não que eu fosse reclamar né? Eu tinha passado tempo demais esperando aquele beijo. E aliás que beijo! Nunca em meus devaneios eu imaginei um beijão de novela como o que ele me deu, desde aquele anticlímax quando achei que finalmente ia rolar e tudo o que aconteceu foi aquela esfregadinha de nariz eu vinha refazendo a cena na minha cabeça, só que é claro com finais mais... apimentados, mas jamais me preparei para o borogodó do Guto.

O que me leva a outra questão... Será que ele é? Gay, eu quero dizer... Porque se for é um grande desperdício para nós moças solteiras a procura de príncipes. Mas se ele não for, por que ia precisar inventar uma namorada para o irmão?

Ah, o irmão. Minha Nossa Senhora da Bicicletinha, que homem poderoso! Ele não tem a beleza perfeita do Augusto, nem aqueles olhos azuis que parecem piscinas, mas ele é... Ah nem tem palavra melhor que Poderoso!

Tem o queixo quadrado, os olhos verdes, vestido num terno risca de giz e com o cabelo muito bem cortado penteado para trás parecia saído de um catálogo. E quando ouvi sua voz, fiquei atordoada, pois trata-se de um timbre grosso, rouco e meio baixo. Enlouqueci.

Na minha cabeça ele seria um coroa bitolado em trabalho pois é dezesseis anos mais velho que eu, mas nada me preparou para o magnetismo charmoso que emana dele. Quando o Alexandre beijou meu pulso, ele disparou tanto que achei que as veias poderiam estourar na boca quente dele. Foi apenas Uau!

Mas isso não importa agora, preciso assumir o papel que o Augusto me designou que é de namorada dele e vou fazer isso com a maior de dedicação, por vários motivos:

Adoro o Guto e nunca negaria um favor a ele

Ele beija absurdamente bem e jamais perderia a chance de tirar uma casquinha

Existe uma chance dele não ser gay e me enxergar como alguém que pode ser mais que uma amiga que aceita fingir ser sua namorada.

-E então amor, posso indicar uma mesa para você e seu irmão? - Eu sorri docemente para o meu amigo e tentei passar com meus olhos a mensagem "entendi o que você quis dizer".

-Por favor, pode ser ali perto da máquina de cappuccino? Eu adoro o cheiro - o sorriso dele é encantador, é tão fácil ser feliz perto dele.

-Cacete Guto, que coisa de boiola falar em cheiro de cappuccino, depois reclama quando comentam que...

-Eu acho charmoso, aliás cunhado o motivo do seu irmão gostar do cheiro do café é porque já tivemos alguns momentos quentes quando eu precisei ficar depois do horário para limpar a máquina. Digamos que o cheiro o faz se lembrar de mim, lambuzada de café e chantili... - Mordi os lábios na minha melhor imitação de mulher fatal envergonhada. Na real, eu não tinha a menor ideia se tinha dado certo porque eu era mais virgem que uma freira cega dinamarquesa.

Pelo jeito funcionou porque o Guto ficou da cor de uma beterraba e começou a puxar a blusa para baixo enquanto Alexandre me fitava fixamente, com aqueles olhos verdes de gato que comeu o canário, olhos de predador.

-Interessante... - foi tudo o que meu cunhado disse para o irmão dele que tossia discretamente para encerrar minha atuação de femme fatale.

Eu tentava me manter a margem, mas fiquei curiosa sobre o que tanto aqueles dois conversavam. Volta e meia olhavam na minha direção e pareciam falar a meu respeito. Alexandre não largava o celular, o tempo todo mandando mensagens, ligando para um e para outro, despejando ordens, já Augusto mais tranquilo ficava rabiscando no guardanapo de papel enquanto isso.

Não pude deixar de me sentir um pouco Cinderela, por mais que o namoro fosse de fachada, um dos partidos mais cobiçados de São Paulo, escolheu a mim Fernanda Silva. Eu que nunca andei de avião, nunca saí do estado, na verdade nem carteira de motorista eu tenho.

Minha ideia de namoro, era dar uns amassos encostada em algum carro na praça da igreja, e quando era ocasião especial, tipo dia dos namorados, permitir uma ou outra liberdade no banco de trás do carro, emprestado pelo primo do namorado. Dureza.

Não posso evitar um sorriso maldoso ao imaginar o olhar de inveja das minhas primas de Assis, pois elas sempre esfregaram na minha cara os namoradinhos bem relacionados delas. Grande bosta, como se algum daqueles playboyzinhos de cidade pequena pudessem chegar aos pés do Augusto... Ou do Alexandre.

Por falar nele, no Alexandre, percebo que está me chamando.

Me aproximo com um sorriso.

-Fernanda, posso te chamar de Fer?

-É claro - reconheço que meu sorriso deve conter uns noventa dentes mas não consigo evitar.

-Então Fer, o que você recomenda, além do café com chantili é claro - seu jeito charmoso consegue o objetivo de me deixar desconcertada, mas eu não sofri aos piores desastres possíveis para ficar encabulada com uma insinuação sexual.

-Prefere doce ou salgado? - acho inteligente sair pela tangente e fugir do confronto.

-Doce... Sempre - ele segura uma risada e morde o canto da boca, pequenas rugas de expressão formam-se ao redor dos olhos. Me perco naquele olhar verde, esqueço do mundo.

-Come a porra de uma torta de banana que é o que você gosta Alexandre, e para mim amor (ele frisa a palavra para eu perceber meu deslize) o de sempre. - caramba nunca vi o Guto tão irritado.

O de sempre? Mas ele não tem um de sempre aqui. Bom entendi o que ele quis fazer, mostrar ao irmão que temos intimidade.

Me encaminho para o estufa de bolos, pensando no que eu traria para o Augusto e se eu levasse alguma coisa que ele detesta e o Alexandre percebesse? Nossa, como é difícil sustentar esse tipo de mentira, ainda mais eu...

Ao chegar na estufa escuto o bip do meu celular. Vejo que chegou um SMS do Augusto:

"Chocolate"

Incrível, o cara pensa em tudo.Não é a toa que ganhou uma bolsa de mestrado com apenas vinte e quatro anos.

Preparo os pratos dos irmãos Deus Grego: torta de banana para o Alexandre e em sinal de meu carinho pelo Augusto resolvo incrementar a torta dele, jogo uma cobertura extra de Nutella e uma farinha de amendoim divina, ele merece depois daquele beijo molha calcinha.

Deixo os pratos na frente deles e vou atender a outra mesa. Tudo ia bem até eu ouvir um barulho gigantesco vindo da direção onde está meu namorado de mentirinha, meus instintos todos se aguçam e os pelos do meu braço se arrepiam como sempre que eu percebo que acabei de criar uma situação.

Olho e vejo Augusto no chão, muito vermelho, sufocando. Sei que parece horrível, mas por míseros três segundos egoístas me senti aliviada de não ter sido a causadora do desastre, ele estava engasgando, mas antes que eu pudesse me arrepender do meu ato mesquinho e corresse ajudar, o Alexandre berrou:

-Sua burra! Você deu amendoim para ele? Que tipo de namorada é você que não sabe que ele é alérgico? Vamos pro hospital.

E assim, eu vi que a Fersastre tinha atacado novamente.

Esse amor que me faz delirarOnde histórias criam vida. Descubra agora