Cartas Na Mesa

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Oi leitores! Estou curiosa, comentem! Estão gostando? Chegou momento de saber mais da família Piazza, espero que gostem!!!

Bjs Day

Augusto

Caramba, eu estava encrencado. Não! Encrencado é uma palavra que eu usava quando tinha problemas na oitava série, nesta altura do campeonato eu devia dizer que eu estava era fodido mesmo.

Quando se é um herdeiro, sua vida parece aos olhos dos mortais comuns perfeita, impecável, invejável, mas é como diz o velho ditado "para saber onde me incomoda, use meu sapato".

Desde moleque meu irmão, Alexandre, que é dez anos mais velho que eu e sempre teve tino para negócios começou a traçar meu futuro, eu tinha quinze anos e em vez de jogar vídeo game e andar de skate como todos os outros meninos, o Alê me arrastava para sua sala na Piazza e mostrava balancetes e números, dava tapinhas nas minhas costas e dizia:

-Marketing é a profissão do futuro Guto, você vai revolucionar a Piazza quando assumir a cadeira de diretor. - Quase não tinha pressão certo?

Só que era pior, muito pior... Enquanto meu irmão mostrava gráficos de crescimento, tendências de mercado e estratégias de comunicação, minha cabeça estava na sala de Engenharia de Produto, eu sonhava em desenhar, criar formas que cairiam como perfeitas ondas suaves no belo corpo feminino. Minhas inspirações profissionais não eram no Marketing, mas na Moda.

Eu puxei isso do meu pai. Mesmo quarenta anos depois de ter começado como um simples alfaiate e construído um império, ele ainda era capaz de desenhar e costurar ternos que fariam um Hugo Boss parecer um conjunto de loja de departamento. Já o Alexandre puxou o tino de negócios da mamãe, que no comando do balcão da alfaiataria e seu jeito para vendas foi conquistando grandes nomes como clientes e crescendo o ramo de atividades.

Hoje nossos pais estão aposentados, curtindo a vida. Alexandre trabalha doze, quatorze horas por dia e eu fujo da Piazza como o diabo foge da cruz pois já falei para meu irmão que só entro lá se for para trabalhar no desenvolvimento de coleção, e porra! Eu sou bom nisso! O cara não me dá uma chance.

Agora que ele viu minha aceitação na bolsa para mestrado em Moda e que a ESPP me aceitou como professor auxiliar de desenho de moda, ele tem entendido que isso não é um ato de irmão mais novo rebelde, que trata-se da minha vocação. Mas ele já disse, que antes de assinar qualquer coleção preciso trabalhar na modelagem. Eu sei que é um dos trabalhos menos interessantes no setor de desenvolvimento, muita ralação e pouca criatividade, já que é desenvolver os moldes dos produtos escolhidos para irem para as lojas, mas também entendo que como ele, precisamos dominar o que nos propomos a fazer.

O problema é que agora que ele finalmente aceitou meu ponto de vista, ele vai querer puxar aquele eterno assunto desagradável de novo, minha sexualidade. Alexandre, macho alfa como só ele pode ser, fica todo travado em puxar esse assunto, mas ele também sabe das fofocas então vira e mexe ele manda algumas indiretas, tenta me colocar no radar de uma das piriguetes que ele tem à disposição para ver como eu reajo.

Ao sair na imprensa a notícia que eu finalmente assumi meu cargo na Piazza e que ele é ligado a criação de peças, os boatos vão correr soltos e com certeza ele vai querer repassar comigo nossas respostas padrão para a especulação da imprensa e de quebra tentará descobrir qual a minha praia.

Bom, eu gosto de mulher. Muito! Só que diferente do Alexandre sou ligado em qualidade e não em quantidade e já me queimei o suficiente, então acredito no lema "decidi esperar". Não que eu seja um virgem, nada assim, mas não como ninguém desde meus dezoito anos.

Esse amor que me faz delirarOnde histórias criam vida. Descubra agora