Capítulo 2.

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O som das minhas unhas batucando incessantemente a madeira da cadeira ecoava por toda a sala silenciosa.

Depois dos acontecimentos com o professor Styles, eu havia ficado de castigo, e para a minha "sorte", parecia que todos os alunos do colégio haviam se tornado certinhos, pois na sala só havia a minha presença e a de Harry.

Harry, sentado em uma mesa a minha frente, corrigia inúmeras provas, ainda com a cara fechada. Algumas vezes ele dirigia seu olhar na minha direção, e eu retribuía com toda a raiva presente em mim.

Parecendo ler os meus pensamentos, me deparei com o homem dos olhos verdes me encarando novamente. Repeti o seu gesto, arqueando a sobrancelha dessa vez.

– Algum problema, senhor Styles? — Perguntei ironicamente.

– Poderia, por favor, parar de fazer esse barulho irritante?

Fiz a cara mais desentendida e confusa que eu consegui, fingido não saber do que ele estava falando.

– Que barulho? — Perguntei cinicamente, batendo as unhas com um pouco mais de força que antes.

Harry bufou e eu sorri disfarçadamente.

– Esse que está fazendo com as suas mãos. — Disse.

– Ah, claro. — Falei, sorrindo. – Assim que você mudar a minha nota. — Acrescentei.

– Não está em posição de exigir nada, senhorita Winters.

– Bem, eu também não estou vendo nenhuma placa dizendo que não posso bater minhas unhas.

– O problema é que esse seu barulho está me incomodando.

– Sabe o que me incomoda também, Harry? — Perguntei retoricamente e ele esperou. — Tirar uma nota baixa por motivo nenhum.

Um suspiro escapou dos seus lábios.

– Seu texto não estava bom, Winters, aceite isso. Não vou mudar a sua nota só porque você quer.

– Eu também não irei parar de bater as unhas só porque você quer. O mundo não gira ao seu redor. — Retruquei irritada, dando de ombros.

Styles parecia mais irritado do que antes. Eu estava brincando com fogo, mas no fundo, sabia bem com quem eu estava lidando. Harry poderia me colocar de castigo pelas próximas semanas, ou até mesmo me dar uma pena maior, porém, tudo o que ele fez foi bufar contrariado com a minha resposta.

O tédio daquela sala fazia com que eu não tivesse nada para fazer, a não ser encarar a paisagem do lado de fora da janela e desejar estar em casa, confortável na minha cama.

O professor Styles continuou corrigindo o grande número de provas que estavam na sua mesa, e então, eu decidi observá-lo.

Em suas aulas, eu ficava tão focada e concentrada no assunto, que mal reparava em seus detalhes físicos.

Seu cabelo castanho estava um pouco mais bagunçado do que hoje mais cedo, talvez devido a sua mania de passar as mãos várias vezes em seus fios. Em seus longos dedos, reparei a presença de alguns anéis, e me perguntei mentalmente se por trás daqueles objetos prateados havia algum significado. Ele também usava uma camisa branca, que por algum motivo ele não abotoava até o último botão, deixando uma parte generosa do seu peito a mostra. Ele era o único professor que possuía tatuagens, o que me deixava excitada e ao mesmo tempo curiosa. As mangas da sua camisa branca estavam levantadas até o seu cotovelo, deixando exposta um pouco dos desenhos pretos presentes em seu corpo.

No mesmo instante, inúmeras perguntas sobre o homem a minha frente começaram a se formar na minha cabeça. Será que aquelas tatuagens tinham algum significado? Ou ele apenas acabava em uma tatuador qualquer e fazia aqueles desenhos por todo o corpo? Talvez fosse casado, por isso usava tantos anéis.

De repente, antes que eu percebesse, fui retirada do meu transe quando a figura alta de Harry apareceu na minha frente.

– Alex?

– Hum? — Pisquei, ainda abismada que eu não tinha percebido que ele havia levantado e estava na minha frente.

– Em que mundo você estava? Estou chamando seu nome faz cinco minutos. — Ele franziu o cenho e cruzou os braços, com uma expressão ainda fechada em seu rosto.

Automaticamente, senti as minhas bochechas queimarem, aposto que elas ganharam um tom mais rosado. A maneira como eu estava o encarando, quase o comendo com olhos, deve ter denunciado o que se passava na minha cabeça.

– Qual o problema dessa vez? — Revirei os olhos, tentando afastar todos os pensamentos que rondavam a minha mente segundos atrás.

– Preciso sair por um minuto. Não saia daqui.

– E eu tenho escolha?!

Ele sorriu cínico, parecendo satisfeito com a minha situação. Se a sala não tivesse totalmente vazia, eu tentaria fugir, afinal, minha falta praticamente não seria sentida.

Harry virou-se e caminhou até a porta da sala, deixando-me completamente sozinha.

Bufei descontente.

O meu querido professor também tinha confiscado o meu celular, então, nada de enviar mensagens para Amy durante o meu castigo.

Eu faria qualquer coisa para estar na cafeteria da esquina, tomando um chocolate quente com exatamente três marshmallows dentro do copo e algum livro em mãos. Era o meu refúgio, principalmente em dias de neve.

Porém, eu também não me arrependia de estar lutando por algo que eu acreditava. Mesmo que isso custasse a minha liberdade para o mundo lá fora. Eu não irei aceitar a minha nota em literatura tão cedo, e Harry irá mudá-la. Custe o que custar.

*

O relógio em cima do quadro parece se mover cada vez mais lentamente, e eu reviro os olhos, impaciente. Fazia exatamente dez minutos que o professor Styles havia saído e me deixado completamente sozinha na sala.

Encarei a mesa a minha frente, a mesma a qual Harry estava sentado tempo atrás. O notebook dele estava ligado e aberto, e, provavelmente, conectado ao sistema do colégio.

Então, como um passe de mágica, uma ideia maravilhosa surgiu na minha mente. Eu não precisava que Harry alterasse a minha nota, porque eu mesma faria isso.

Rapidamente, levantei-me da cadeira e andei em passos rápidos até a mesa do professor. Olhei de relance para a porta, que não mostrava nenhum sinal ou vestígio de Harry.

Sentei-me na cadeira em frente ao notebook, e tentei achar o sistema de notas da escola. Como Styles estava corrigindo as provas, faria sentido que ele estivesse passando as notas para o sistema.

Um sorriso escapou dos meus lábios quando achei exatamente o que eu procurava. Olhei atentamente para o monitor, buscando o meu nome no meio de tantos outros.

– O que você pensa que está fazendo?







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