- Boa tarde, Chanyeol!
Ela sempre usava o mesmo entusiasmo piedoso que até fazia Chanyeol sorrir agradecido, porque ele sabia que ela sabia de todos os detalhes. É claro que as enfermeiras, não só do andar de recuperação, mas de todos os outros, comentavam sobre os pacientes. A senhora Kim, com seu sorriso iluminado e suas bochechas rosadas, sabia o motivo de cada curativo, cada tala, cada gesso e até cada ponto em cicatrização no corpo agora sensível de seu namorado. Seu sorriso entusiasmado e seu olhar piedoso lhe entregavam, e Chanyeol, grato, porém sem motivo algum para retribuir o entusiasmo, lhe fazia uma reverência respeitosa.
- Boa tarde, senhora Kim. – Ele ajeitou a mochila da escola nas costas ao parar na frente do balcão administrativo, mais pesada do que o normal. Por algum motivo um tanto inconsciente, ainda carregava a garrafa de álcool para limpeza junto com os materiais escolares.
- Ânimo, filho! O leãozinho ganha alta amanhã. Isso não é ótimo?
Será que era ótimo mesmo?
Ela o chamava de leãozinho porque Jongin havia lhe comprado um balão a gás do Simba que ainda flutuava perto da janela. E também porque ele bocejava largo toda manhã, quando ela entrava para lhe servir o café junto com a medicação para as dores.
- É, pode ser. – Chanyeol deu de ombros e o sorriso dela diminuiu consideravelmente.
- As coisas vão melhorar, filho. Seja forte, tudo bem? – Como estava parada atrás do balcão da recepção, apoiou os braços na superfície a sua frente. Chanyeol concordou com a cabeça, forçando um sorriso de canto.
- Espero que sim, senhora Kim. Ele está sozinho? Os óculos novos ficaram prontos hoje, busquei depois da aula. Aqueles do grau antigo não funcionam muito bem, mas eram os únicos que ele tinha para emergências.
A notícia fez a enfermeira sorrir empolgada.
- Maravilha, o vejo espremer os olhos o tempo inteiro. E sim, está. A senhorita Kang já foi embora e volta à noite, como de costume.
- Então se me der licença... – Chanyeol mantinha o sorriso desanimado e agradecido enquanto se afastava aos poucos pelo corredor do andar de recuperação.
- Claro que sim, ele acabou de almoçar. Talvez tenha pegado no sono. – Ela explicou, dirigindo o olhar para a direção do quarto de Baekhyun.
- Tudo bem, eu espero ele acordar. – O jogador fez uma última reverência antes de lhe dar as costas e andar por poucos segundos até a recepção desaparecer atrás de si e ele parar em frente a porta do quarto de Baekhyun. Era um belo quarto, apesar de ser um quarto de hospital. Como era um hospital particular, já que a tia de Baekhyun podia pagar, o menor estava bem instalado.
Mas ainda era um hospital, afinal de contas. E os motivos por ele estar ali eram devastadores.
Encarou o número 414 e preparou-se para o que iria rever, como havia acontecido em todas as tardes daquela semana. O estado de Baekhyun era chocante. Uma das pernas estava enfaixada do joelho para baixo, assim como um dos braços. Alguns dedos possuíam talas e uma faixa entornava sua cabeça para manter firme o curativo do corte fundo na testa. O rosto estava todo roxo, principalmente perto dos olhos. Onde havia músculos, havia hematomas. Simples assim. Sem falar nas costelas detonadas, mas elas não podiam ser enfaixadas, então ele só ficava em repouso o dia inteiro.
Entretanto, o que deixava Chanyeol mais sufocado era o fato de Baekhyun nunca ter demonstrado tristeza na sua frente, desde o primeiro dia hospitalizado. Ele não chorava, ele não reclamava, ele não xingava. Apenas sorria e pedia para Chanyeol se animar. Ria das piadas sem graça de Jongin, mantinha conversas complexas com Sehun e tratava Chanyeol com todo o amor do mundo.
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Grande Demais
FanficPark Chanyeol é um popular jogador de basquete no colegial e acabou se apaixonando pelo nerd pequeninho que vive sozinho durante o almoço com o rosto enfiado em livros. Dois anos se passaram e ele não teve coragem de se aproximar, apenas manteve-se...