Cansa

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Cansa

Eu canto, escrevo, grito
eu até esperneio
No final o meu agito
é jogado pra escanteio
Com o tempo tu se cansa
Até da forma com que falo
De uma maneira mansa
eu escorro pelo ralo

Sou alguém que muito já fez
Porém isso só piora
o mundo não se cansa nenhuma vez
Somente mais me ignora
Seja através do verso, prosa
ou até na oralidade
Ninguém se entrosa
Ou se importa de verdade

Se de mim dependesse
o planeta estaria perdido
Pois mesmo se tentasse
ninguém me daria ouvido
Sendo um ouvinte fixo
de alguém tão sistemático
Você sempre cansa de um prolixo
Que consegue ser tão dramático

Sou um palhaço que não dão idéia
não importa o que faça
Sempre cansa a plateia
porque ele já perdeu toda a graça
Se foi natural não saberia
ou se passei do limite
Que me dessem eu só queria
ao menos um palpite

Devo encurtar minha fala, referência
ou quem sabe mudar minha  escrita?
Para eu não cansar minha audiência
Que consegue ser já tão restrita
Quem sabe Variar o tema
não falar somente de meus sentimentos
Quem lê um poema
feito por alguém cheio de lamentos?

Se eu consquistasse
mais originalidade
E a estrutura variasse
com criatividade
Talvez não se cansasse
com facilidade
E se atentasse
para minha necessidade

Só precisaria que me ouvisse
mas não tem dado certo
Não queria que se enjoasse
quem está afastado ou perto
só me resta fingir de louco
continuar falando sozinho
Talvez alguém me escute um pouco
e  pare no caminho

ProlixoOnde histórias criam vida. Descubra agora