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    Wendy observava a paisagem pela sua janela, enrolada numa manta quente. Nevava lá fora. O céu estava branco, preenchido por nuvens de diversos tamanhos. A rapariga de dezoito anos tinha vista para o grande penhasco que ficava a alguns metros da sua casa. Diversas pessoas já lá tinham vindo para pensar, ou mesmo admirar a paisagem diante delas, e, de alguma forma, Wendy convidava a rapariga ou o rapaz em questão para beber um chá ou café em sua casa e tinha uma breve conversa com eles. Então, digamos que este era o seu trabalho: tentar ajudar pessoas aleatórias com os seus problemas de vida ou desconfortos de mente.

            Abrigou-se mais na manta que envolvia o seu corpo e decidiu sair de casa. Algo captou a sua atenção. Um corpo, que se dirigia para o tal penhasco. Wendy suspirou longamente e aproximou-se, conseguindo ouvir depois uma voz masculina.

            "É apenas isto que tenho que fazer. Salto e fica tudo melhor" – ele disse, para si. A adolescente conseguiu ver os cabelos loiros do rapaz a espreitar por entre o gorro preto que ele tinha na cabeça. Ganhou coragem e caminhou até à ponta do penhasco, sentando-se ao lado do humano.

            "O que te traz aqui?" – perguntou. O rapaz ao lado dela olhou-a de imediato, com um olhar incrédulo.

            "Oh, que cliché. A sério que isto vai ser como nos filmes? Tento suicidar-me e aparece alguém magicamente para me impedir?" – ele revirou os olhos. Wendy pôde ver que eram uns pálidos olhos azuis. E o rapaz tinha feições imensamente bonitas.

            "Estou apenas a tentar ter uma conversa contigo" – riu-se – "Queres entrar  na minha casa?" – convidou. Ele abanou a cabeça negativamente e levantou-se rapidamente, começando a andar para longe do penhasco, o que levou Wendy a fazer o mesmo. Ela soltou um suspiro trémulo, devido ao seu medo de alturas, e seguiu o loiro.

            "Sabes, a morte nem sempre é a solução, seja qual for o problema" – Wendy colocou-se à frente do adolescente e ele apenas enfiou as mãos nos bolsos do seu casaco.

            "Não sei o que fazer com a minha vida. Acabar com ela é a escolha mais acertada a fazer neste momento" – respondeu-lhe.

            "Vamos fazer assim" – a rapariga começou por dizer – "Vens para minha casa e falamos. Depois disso, se ainda te quiseres suicidar, vais ter que me levar contigo" – finalizou. O loiro deu-lhe um olhar de quem pensava que a rapariga era doida.

            "Está bem?" – Wendy questionou. Ele pareceu receoso mas acabou por assentir, sentindo que, desta vez, não tinha escolha.

            "Está bem" 


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Faible ➤ Luke Hemmings [Short Story]Onde histórias criam vida. Descubra agora